quinta-feira, 24 de janeiro de 2013
João e Maria: Caçadores de Bruxas
Seguindo a linha de Alice no País das Maravilhas, A Garota da Capa Vermelha e Branca de Neve e o Caçador, João e Maria: Caçadores de Bruxas é mais uma versão sombria de um famoso conto infantil. E chega a ser uma surpresa que filmes assim continuem sendo feitos, considerando que nenhuma produção mostrou ser algo memorável. Esta releitura de "João e Maria" tem uma ideia interessante que poderia render algo bastante divertido. Mas, infelizmente, isso se perde em meio a um roteiro problemático e a direção caótica que conduz a narrativa.
Escrito pelo diretor Tommy Wirkola em parceria com D.W. Harper, João e Maria: Caçadores de Bruxas acompanha os personagens-título (interpretados por Jeremy Renner e Gemma Arterton) muitos anos depois de eles terem matado a bruxa da casinha de doces. Viajando pelo mundo, os irmãos se tornam famosos caçadores de recompensa que acabam com as bruxas que assombram as pessoas. Ao chegarem à cidade de Augsburg, na Alemanha, eles se deparam com Muriel (Famke Janssen), que além saber detalhes sobre o passado da dupla, ainda pretende sacrificar doze crianças em uma reunião de bruxas no dia da Lua Sangrenta.
É interessante ver uma abordagem mais próxima de um filme de ação, mas Tommy Wirkola parece não ter ideia do que está fazendo. Sempre que a dupla de irmãos enfrenta uma bruxa, o diretor resolve conduzir as cenas investindo em cortes e movimentos de câmera rápidos demais, o que torna boa parte da ação incompreensível e nenhum pouco empolgante. Para piorar tudo há o absolutamente desnecessário 3D (que nada acrescenta ao filme, mesmo sendo parte real e parte convertido), já que a fotografia é naturalmente escura e os óculos tornam tudo muito difícil de acompanhar, servindo apenas para engordar um pouco a bilheteria do filme. Além disso, Wirkola parece viciado em alguns movimentos de câmera, usando cerca de quatro vezes uma panorâmica para seguir bruxas escapando dos tiros dos personagens, e que parece mostrar apenas que eles são bons de mira só de vez em quando.
O roteiro tenta entreter o espectador incluindo algumas gags ao longo da projeção, e ocasionalmente acerta (como quando João se defende de uma explosão sangrenta colocando uma pessoa a sua frente), mas muito pouco perto dos resultados que realmente busca alcançar. Para completar, são tantas coincidências inacreditáveis e reviravoltas previsíveis que é difícil assistir ao filme sem balançar a cabeça negativamente várias vezes. Em determinado momento, por exemplo, João e Maria procuram uma criança que nasceu no mês de abril, e ficam sabendo que há apenas UMA na cidade inteira. Outro exemplo é o fato de João ser diabético e isso se tornar um problema em um momento que não poderia ser mais crucial. Já a verdadeira natureza de Mina (Pihla Viitala), uma jovem salva pelos irmãos assim que eles chegam à cidade, se mostra óbvia praticamente desde sua primeira cena, o que mostra que o roteiro até subestima a inteligência do público.
João e Maria são desenvolvidos de um jeito muito comum, sendo ela mais séria e ele um pouco mais simpático, e Gemma Arterton e Jeremy Renner conseguem resultados diferentes interpretando os personagens. Enquanto Arterton surge inexpressiva durante a maior parte do tempo, Renner aparece carismático e até mais descontraído, como na cena em que João acorda preso no topo de uma árvore. Já Famke Janssen não consegue fazer de Muriel uma figura realmente ameaçadora, ao passo que Peter Stormare aparece irritante no papel do xerife Beringer, mais um “segundo vilão” interpretado pelo ator (assim como foi na estreia de sexta-feira passada, O Último Desafio), que poderia ter sido descartado sem maiores problemas, já que o personagem não tem muita utilidade dentro da história.
Finalizado claramente com a ideia de fazer uma continuação (o que vai depender de seu sucesso nas bilheterias, que já começa duvidoso devido à alta censura que recebeu), João e Maria: Caçadores de Bruxas é apenas mais uma amostra de que os contos infantis não estão dando certo em suas novas versões. Mas Jack: O Matador de Gigantes e Malévola (releituras de "João e o Pé de Feijão" e "A Bela Adormecida", respectivamente) estão vindo aí, e se estes não forem grandes coisas, então talvez terá chegado a hora de deixar os contos em paz.
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Um comentário:
"Espelho,Espelho Meu" e "A Fera" também são releituras pavorosas de contos infantis.E esse "Jack The Giant Slayer" também não está animando pelos trailers,com gigantes mal feitos e trama genérica.
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