sábado, 31 de dezembro de 2011

Os Melhores e os Piores Filmes de 2011

2011 foi um ano bastante produtivo. Aprendi muito sobre cinema, fiz meu primeiro curta-metragem com o pessoal da faculdade e tive tempo para quebrar meu recorde pessoal de assistir filmes. O recorde era os 306 de 2010, mas em 2011 assisti 357, o que me deixou muito feliz (quem tiver curiosidade e quiser ver a lista, é só me mandar um e-mail: thomasboeira@yahoo.com.br).
Mas agora chegou a hora de colocar as minhas listas de melhores e piores filmes do ano. Assim como no ano passado, foram considerados os filmes lançados nos cinemas brasileiros em 2011, o que incluí alguns filmes originais de 2010. A briga pelo primeiro lugar de melhor filme do ano foi acirrada. Foi difícil decidir qual dos dois filmes que mais gostei deveria ocupar o lugar. Mas então me ocorreu o pensamento: “Os dois merecem”.
Eis as listas:
Melhores filmes de 2011:
1) A Árvore da Vida (The Tree of Life), de Terrence Malick, e Melancolia (Melancholia), de Lars von Trier: os dois filmes que realmente demorei para sair psicologicamente depois que terminaram. Absolutamente brilhantes.
2) Cisne Negro (Black Swan), de Darren Aronofsky: um dos melhores filmes de Aronofsky, ainda trás Natalie Portman em uma atuação sensacional.
3) Rango, de Gore Verbinski: animação genial, que consegue divertir muito com sua homenagem aos westerns.
4) Tudo Pelo Poder (The Ides of March), de George Clooney: o melhor filme de Clooney como diretor até agora. Um thriller político muito eficiente.
5) Bravura Indômita (True Grit), de Joel Coen e Ethan Coen: ainda não consegui conferir o original, estrelado por John Wayne, mas não deve ser melhor do que esse belo trabalho dos irmãos Coen.
6) O Palhaço, de Selton Mello: Mello nos entrega um filme absolutamente maravilhoso e mostra ser um cineasta que merece atenção.
7) X-Men: Primeira Classe (X-Men: First Class), de Matthew Vaughn: não deixa nada a desejar com relação aos primeiros filmes da franquia. Ainda traz um elenco inspiradíssimo, principalmente seus protagonistas James McAvoy e Michael Fassbender.
8) Meia-Noite em Paris (Midnight in Paris), de Woody Allen: com um roteiro inteligente, um elenco carismático e uma cidade belíssima como plano de fundo, Woody Allen consegue fazer seu melhor filme desde Match Point: Ponto Final.
9) Inverno da Alma (Winter’s Bone), de Debra Granik: uma história forte com grandes atuações de Jennifer Lawrence (uma das grandes revelações do ano) e John Hawkes.
10) 127 Horas (127 Hours), de Danny Boyle: as 127 horas que Aron Ralston passou preso são colocadas na telona de maneira angustiante.
Menções honrosas (em ordem alfabética):
- Contra o Tempo (Source Code), de Duncan Jones: o filho de David Bowie demonstra grande segurança em seu segundo filme. Se continuar assim, ele será uma promessa muito bem cumprida.
- Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2 (Harry Potter and the Deathly Hallows: Part 2), de David Yates: um ótimo desfecho para uma franquia que entrou para a história do cinema.
- O Mágico (L'illusionniste), de Sylvain Chomet: um filme que mal precisa de diálogos para envolver o espectador em sua história.
- Missão Impossível: Protocolo Fantasma (Mission Impossible: Ghost Protocol), de Brad Bird: o melhor da franquia até agora. Mostra que Ethan Hunt e companhia ainda têm fôlego para mais.
- Os Muppets (The Muppets), de James Bobin: filme divertidíssimo, que trouxe os adoráveis personagens de Jim Henson com força total de volta às telonas.
- Planeta dos Macacos: A Origem (Rise of the Planet of the Apes), de Rupert Wyatt: uma das grandes surpresas do ano, consegue ser coerente com a franquia da qual faz parte e ainda traz Andy Serkis em uma grande atuação, mostrando que a tecnologia não atrapalha em nada seu trabalho como ator.
Obs.: Scott Pilgrim Contra o Mundo estreou em Porto Alegre este ano e certamente teria um lugar entre os dez melhores. Mas originalmente, o filme estreou no circuito nacional no ano passado e por isso não considerei.
Piores filmes de 2011:
1) Conan: O Bárbaro (Conan: The Barbarian), de Marcus Nispel: um filme insuportável, com uma história chata, um protagonista com nenhum pingo de carisma e uma direção igualmente terrível de Marcus Nispel. Completo desastre.
2) Transformers: O Lado Oculto da Lua (Transformers: Dark of the Moon), de Michael Bay: mais uma bomba de Michael Bay. Uma franquia que até começou divertida, mas que caiu drasticamente nos capítulos seguintes. E ainda querem fazer mais um.
3) A Garota da Capa Vermelha (Red Riding Hood), de Catherine Harwicke: acho Amanda Seyfried linda pra caramba, mas no momento em que o Lobo começa a falar com sua personagem, Valerie, e esta responde “Você pode falar!” a vontade que tive era de socá-la. Um filme que falha em tudo que se propõe e tem uma reviravolta fraquíssima no final.
4) Assalto ao Banco Central, de Marcos Paulo: mais irritante que este filme é saber que seus realizadores (ou pelo menos Antonia Fontenelle, que fez o argumento) acham que fizeram uma obra-prima. Mas Assalto ao Banco Central merece respeito. Afinal, ganhou o Prêmio Quem de Melhor Direção para Marcos Paulo, e esta é uma grande premiação do cinema nacional. Não concordam?
5) As Mães de Chico Xavier, de Glauber Filho e Halder Gomes: não acreditei ao ver que os diretores usaram um foguete como metáfora a uma pessoa que morreu (sendo que a pessoa não havia morrido ainda). As Mães de Chico Xavier investe tanto em fazer o público chorar que dá até sono.
6) A Saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 1 (The Twilight Saga: Breaking Dawn – Part 1), de Bill Condon: mais um ano e essa coisa já terá terminado. É preciso apenas um pouco de paciência.
7) Burlesque, de Steve Antin: uma grande bagunça. Não sabe se é um musical ou um romance. Tem um roteiro previsível e números musicais fracos, que são jogados displicentemente na tela.
8) Os Três Mosqueteiros (The Three Musketeers), de Paul W. S. Anderson: Alexandre Dumas père deve estar se revirando em seu túmulo.
9) Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles (Battle Los Angeles), de Jonathan Liebesman: os alienígenas são tão sem graça que nem parece que a Terra está em perigo. E alguém precisa avisar Jonathan Liebesman que tremer a câmera não é o único jeito de trazer tensão para um filme.
10) Entrando Numa Fria Maior Ainda Com a Família (Little Fockers), de Paul Weitz: até tem um 1º ato divertidinho, mas desmorona logo depois, resultando em um filme ruim como seu título no Brasil.
Outros filmes ruins (em ordem alfabética):
- Carros 2 (Cars 2), de John Lasseter: talvez a maior decepção do ano. Afinal, este foi o primeiro filme realmente fraco da Pixar.
- O Besouro Verde (The Green Hornet), de Michel Gondry: Gondry é um ótimo diretor e sua visão para os filmes é interessante. Isso fica claro quando vemos os clipes que ele dirigiu e produções como Sonhando Acordado e Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças. Mas O Besouro Verde mostra pouco dessa qualidade do diretor, e não tem em Seth Rogen um herói muito interessante, já que ele se esforça demais para ser engraçado.
- Esposa de Mentirinha (Just Go With It), de Dennis Dugan: em certos momentos, achei que estava assistindo a um show de stand-up comedy, mas sem muita graça.
- A Casa dos Sonhos (Dream House), de Jim Sheridan: Jim Sheridan já fez filmes muito melhores do que este, que tem uma história bem clichê.
- Noite de Ano Novo (New Year’s Eve), de Garry Marshall: segue o modelo do excelente Simplesmente Amor, mas Noite de Ano Novo vai para o mesmo caminho do fraco Idas e Vindas do Amor. Muitas histórias, mas poucas são realmente interessantes.
- Padre (Priest), de Scott Charles Stewart: mais um filme fraco de vampiros.
- Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas, de Rob Marshall: o capitão Jack Sparrow precisa descansar depois deste decepcionante quarto filme.
Sendo o último dia do ano, quero aproveitar e desejar um Feliz Ano Novo a todos. 2012 está chegando e espero que tenha muitas coisas boas.
Um abraço,
Thomás Rodrigues Boeira

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

2 Anos de Brazilian Movie Guy

Sempre digo que o tempo passa rápido demais. Pelo menos, os últimos dois ou três anos passaram muito rápido. Parece que foi ontem que criei o Brazilian Movie Guy. No início, este seria um lugar onde eu colocaria as críticas que eu havia começado a escrever. Mas ele acabou se tornando o primeiro passo que dei para trabalhar com cinema, essa arte maravilhosa que amo demais. Começou como brincadeira e virou coisa séria.
Não pensei que poderia ter leitores (poucos, mas ainda assim leitores, e que são muito bacanas), que me interessaria muito por essa área de crítica cinematográfica (carreira que pretendo seguir), que ficaria mais viciado em cinema do que eu já era há dois anos atrás, ou que chegaria a marca de 100 críticas escritas, algo que me impressiona porque eu havia falado ano passado que quase desisti do blog por motivos retardados. Neste momento, me vem à cabeça o episódio das diversas linhas do tempo na magnífica série Community, minha favorita atualmente. O que eu estaria fazendo se eu tivesse desistido?
Mas isso não vem ao caso agora. O blog cresceu muito em 2011, talvez porque eu, Thomás Rodrigues Boeira, ganhei um conhecimento muito grande sobre cinema e sobre a área na qual estou interessado. Devo isso especialmente a duas coisas: a faculdade (comecei a estudar cinema na ULBRA) e o Curso de Teoria, Linguagem e Crítica ministrado pelo Pablo Villaça, crítico e diretor do site Cinema Em Cena, um cara que tenho como ídolo (ter conhecido ele pessoalmente esse ano no curso foi muito legal).
Acredito que o blog tenha tido um alcance um pouco maior em 2011, tendo ganho mais leitores. Fico muito feliz com isso. E peço para aqueles que gostam do Brazilian Movie Guy que ajudem na divulgação. Recomendem o blog para seus conhecidos, curtem a página no Facebook (só clicar no “curtir” ali na lateral do blog). Quanto mais pessoas seguirem melhor.
Acho que agora eu deveria colocar uma lista de pessoas que eu agradeço. Mas não vou fazer isso por que não quero parecer Greer Garson e seu discurso de uma hora de duração no Oscar. E também tenho medo de esquecer alguém. Sendo assim, agradeço a todos que gostam de gastar seu tempo lendo o que eu escrevo.
No post de um ano de blog, falei “Este primeiro ano de blog foi muito bom e espero que o próximo seja ainda melhor”. Bem, acho que 2011 foi mesmo bem melhor. Espero que 2012 seja ainda mais.
Para se juntar a festa, chamei dois personagens que adoro. Espero que não se importem.
Um abraço,
Thomás Rodrigues Boeira

domingo, 25 de dezembro de 2011

Filmes de Natal

Com a chegada do Natal, resolvi colocar aqui no blog comentários sobre alguns filmes sobre essa data ou que pelos menos tem essa época como plano de fundo.
Eis a lista:
- Duro de Matar (1988), de John McTiernan: uma coisa que aprendi é não usar frases do tipo “o melhor filme de tal gênero” para descrever uma obra cinematográfica. Mas no caso de Duro de Matar isso é quase inevitável. Este é um dos melhores filmes de ação de todos os tempos. Bruce Willis tem em John McClane um dos melhores personagens de sua carreira. McClane é carismático e diverte bastante em alguns momentos (“É mesmo? E você acha que estou pedindo um pizza?”). É um personagem que segue história de “no lugar errado, na hora errada”. Quem poderia prever que um bando de terroristas iria invadir um prédio em pleno Natal?
- Simplesmente Amor (2003), de Richard Curtis: uma excelente comédia romântica, que segue vários personagens e suas histórias de amor, uma fórmula que os recentes Idas e Vindas do Amor e Noite de Ano Novo não souberam aproveitar. Simplesmente Amor é um filme sobre esse belo sentimento, e conta histórias igualmente belas (com exceção daquela em que um inglês viaja para os Estados Unidos). Ter o Natal como pano de fundo deixa o filme ainda mais bacana, já que esta é uma época com um clima contagiante.
- Esqueceram de Mim (1990), de Chris Columbus: clássico de sessão da tarde. São pouquíssimas as pessoas que não viram este filme, que lançou Macaulay Culkin ao estrelato. A história do garoto que é esquecido em casa pelos pais no Natal e precisa dar conta de dois ladrões continua bem divertida até hoje. A continuação Esqueceram de Mim 2: Perdido em Nova York, também diverte, mas não trás nada de novo. A história é mesma, mudando apenas o endereço.
- O Expresso Polar (2004), de Robert Zemeckis: primeira excursão de Robert Zemeckis nas animações de motion capture, O Expresso Polar que conta com uma história de fantasia muito bacana sobre a magia do Natal. A beleza da animação usada pelo diretor pode ser vista logo de cara. É um filme encantador e emocionante.
- O Estranho Mundo de Jack (1993), de Henry Selick: enquanto que o Natal é uma época mágica com um clima contagiante, o Halloween é mais macabro, apesar de ser igualmente legal. Produzido por Tim Burton (que também fez o argumento), O Estranho Mundo de Jack é uma animação criativa que consegue misturar muito bem essas duas datas.
- Gremlins (1984), de Joe Dante: os gremlins são bonitinhos. Isso quando não resolvem comer como pequenos mortos de fome depois da meia-noite. E também quando não se multiplicam graças a uma maldita gota d’água. São bichos muito sacanas na verdade (com exceção de Gizmo). Ao invés de ficarem quietos e se comportarem, eles resolvem transformar o Natal das pessoas em um verdadeiro inferno. Gremlins é um filme divertido que conta com um humor cruel em certos momentos. É difícil não rir do trauma natalino de Kate (Phoebe Cates).
Menções honrosas:
Dois filmes que não vi, mas que são verdadeiros clássicos do cinema e merecem ser conferidos:
- A Felicidade Não Se Compra (1946), de Frank Capra
- Milagre na Rua 34 (1947), de George Seaton

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Tudo Pelo Poder

(A 100ª crítica. Sinceramente, quando comecei a escrever sobre os filmes, não pensei que fosse chegar nesse número)
Desde que começou na cadeira de diretor, com o excelente Confissões de Uma Mente Perigosa, George Clooney vem mostrando ser muito eficiente na função, construindo uma carreira interessante, que varia entre filmes com histórias mais leves e outros com temática política. Depois de escorregar um pouco com o mediano O Amor Não Tem Regras, Clooney volta para trás das câmeras e mostra todo seu talento neste thriller político Tudo Pelo Poder, até agora seu melhor filme como diretor.
Escrito pelo próprio George Clooney em parceria com Grant Heslov e Beau Willimon, baseado em sua peça, Tudo Pelo Poder se passa em um momento em que o Partido Democrata está prestes a decidir quem será seu candidato à presidência dos Estados Unidos. A disputa está entre o Senador Pullman e o Governador Mike Morris (Clooney), que tem a campanha comandada por Paul Zara (Phillip Seymour Hoffman). O filme segue Stephen Meyers (Ryan Gosling), assessor de imprensa da campanha. Stephen acredita que seu candidato é o único que pode fazer a diferença na vida das pessoas, e quando se encontra com Tom Duffy (Paul Giamatti), que comanda a campanha do candidato rival, não se importa quando este diz que ele pode estar trabalhando para a pessoa errada. Ao se envolver com Molly (Evan Rachel Wood), Stephen descobre algo que pode acabar com a campanha de Morris.
Apresentado como um homem que coloca a campanha de seu candidato acima de tudo (“Sou casado com a campanha”), até mesmo de sua família (quando atende o telefone achando que seu pai está do outro lado da linha ele fala “Espero que alguém tenha morrido”), Stephen mostra ser alguém que deixa seus ideais o cegarem, a ponto de não reconhecer que alguém próximo a ele pode estar armando alguma coisa para tirá-lo do caminho. Ele só defende uma causa (no caso, Morris) porque acredita nela, o que faz ele se livrar de problemas com grande determinação, não ligando sobre o que eles se tratam. E Ryan Gosling (um dos melhores atores que surgiram nos últimos anos) tem uma grande atuação, mudando o tom do personagem aos poucos. Inicialmente, Stephen aparece em cena como se fosse um jovem realizando seu sonho, mas ao longo do filme, sua percepção quanto à política vai mudando e o que se vê é alguém decepcionado e com raiva das coisas que precisa fazer para chegar aonde quer.
É interessante ver no filme que campanhas políticas formam uma espécie de círculo vicioso para eleger um dos candidatos. Quando um deles encontra algo que pode enfraquecer o outro, a equipe deste já começa a procurar alguma coisa que coloque a disputa em equilíbrio novamente, não importando se isso será verdade ou mentira. O próprio ato de colocar uma interrogação na testa de um candidato já é o bastante para enfraquecê-lo.
A fotografia de Phedon Papamichael é outro ponto alto de Tudo Pelo Poder. Em vários momentos, vemos a escuridão cobrir parte do rosto dos personagens, indicando que para sobreviver no mundo da política é preciso não só manter sua personalidade, mas também ter um pouco de coragem para sujar as mãos quando necessário. A direção de arte faz um ótimo trabalho no escritório onde a campanha de Mike Morris é organizada, colocando pilhas de papel em cima das mesas e vários recortes de jornal nos murais, mostrando o trabalho cansativo que as pessoas vistas ali estão fazendo.
Candidatos a cargos políticos precisam convencer as pessoas a votarem neles. Nisso, os diálogos do roteiro são interessantíssimos. Quando Morris é perguntado sobre a pena de morte, por exemplo, a discussão que é muito boa, incluindo uma fala genial na qual o governador diz “[se matassem sua esposa] Eu iria atrás do cara e o mataria. Seria um crime, mas valeria a pena ir para a cadeia”. Aliás, cena do filme mostra um grande momento da direção de Clooney. Enquanto que seu personagem está fazendo sucesso com os jovens do auditório, nos bastidores há uma tensa discussão entre Stephen e Paul, o que mostra imediatamente que as coisas não estão tão bem como parecem para o lado do governador.
E já que cheguei na direção de Clooney, vale dizer que ele conduz a história cheia de reviravoltas de maneira brilhante. Além disso, há vários momentos em que ele consegue se destacar, como nos discursos de Morris, que contagiam aqueles que estão assistindo, ou em um momento em que dois personagens se encontram em um carro e ele mantém a câmera do lado de fora, a uma certa distância, deixando o público curioso e imaginando o que estaria acontecendo ali.
Mas Clooney não mostra toda sua eficiência apenas na direção do filme. Como ator, ele tem mais uma ótima atuação na carreira, transformando Mike Morris em um personagem interessante. Ele mostra ser carinhoso com a esposa e carismático com o público, ao mesmo tempo em que pode ser traiçoeiro com aqueles que se metem em seu caminho, não hesitando em ignorar seus ideais para que nada o atrapalhe em seu desejo de se tornar presidente.
Na verdade, o elenco inteiro dá um show de atuações. Desde Marisa Tomei interpretando Ida, repórter que só se interessa pelos furos da campanha, até Evan Rachael Wood, como a trágica Molly Stearns, passando pelos sempre ótimos Phillip Seymour Hoffman, Paul Giamatti e Jeffrey Wright, como o Senador Thompson, o time de Tudo Pelo Poder é absolutamente primoroso e nos mantém conectados com a história o tempo todo.
Alguém pergunta para um personagem no final do filme “Pode explicar como tudo aconteceu?”. Ele não responde a pergunta. Afinal, se uma pessoa que sabe da história toda se sente envergonhada por tudo aquilo, como seria para um país inteiro?
Às vezes, é preciso esconder algumas coisas para que problemas maiores não surjam.
Cotação:

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Compramos Um Zoológico

Sumido dos cinemas desde 2005, quando lançou Tudo Acontece em Elizabethtown, Cameron Crowe retornou esse ano em dois momentos: no documentário Pearl Jam Twenty (que não assisti ainda) e agora em Compramos Um Zoológico. Ao longo da carreira, Crowe fez filmes nos quais seus protagonistas estavam em busca de uma paz interior ou de uma realização pessoal. Jerry Maguire queria mostrar que sua proposta daria certo. William Miller, de Quase Famosos, sonhava em ser um repórter da área de música. Drew Baylor, de Tudo Acontece em Elizabethtown, tentava se acostumar com a ideia de não ter conhecido direito seu falecido pai ao mesmo tempo em que tinha de se contentar com seu fracasso profissional. Nesta nova produção, o diretor encontra personagens que caem como uma luva em suas características.
Baseado no livro de Benjamin Mee (interpretado no filme por Matt Damon), o roteiro escrito por Crowe e Aline Brosh McKenna segue a vida dele e de seus filhos Dylan (Colin Ford) e Rosie (Maggie Elizabeth Jones) depois de uma grande tragédia. Benjamin era um repórter aventureiro, mas a morte da esposa, Katherine (Stephanie Szostak), o obriga a parar suas viagens para cuidar das crianças. Eles se mudam para um zoológico e com a ajuda dos funcionários, liderados por Kelly Foster (Scarlett Johansson), Benjamin resolve reabrir o lugar. Ao mesmo tempo, ele procura começar uma nova vida com seus filhos.
Uma das grandes virtudes do filme é o desenvolvimento dos personagens. A doença de Katherine parece ter ocupado alguns anos na família Mee, o que acabou trazendo consequências. Quando Crowe mostra a correria da vida deles no início do filme, vemos que Benjamin claramente não conseguiu suprir a ausência da esposa ainda. Dylan, no começo, mostra ser uma figura irritante por causa de seu egoísmo e de sua rebeldia. Mas ao longo do filme, descobre-se que tudo isso é fruto de ele não ter tido uma infância comum, já que sua mãe era quem precisava de mais atenção. Toda a raiva que o garoto sente é muito bem refletida nos desenhos que ele faz. Crowe consegue passar para o público a fase difícil daquela família em uma cena na qual está acontecendo uma festa na casa vizinha enquanto que um silêncio ocupa o lar dos Mee, algo que faz a pequena Rosie comentar “A felicidade deles é barulhenta”.
A história de Compramos Um Zoológico, infelizmente, é bastante previsível. Ao chegar no zoológico, Benjamin não sabe o que fazer exatamente, e os funcionários (que contam com rostos conhecidos, como Patrick Fugit e Elle Fanning) até duvidam se ele aguentará ficar muito tempo. Mas é lógico, desde o início, que ao longo da história Benjamin surpreenderá a todos.
Outros exemplos dessa previsibilidade são os romances que surgem, e que não são tratados com muito cuidado por Crowe (quando um personagem mostra seus sentimentos isso é algo que acontece muito de repente), e o fato de Benjamin ainda não ter posto para fora seu sofrimento pela morte da esposa. Mais cedo ou mais tarde, é claro que ele mostrará isso de alguma maneira, e não há forma mais clichê do que o choro. Quando isso finalmente acontece, o que surpreende é a sensibilidade com a qual Cameron Crowe trata a cena, que revela não ser um exagero, algo muito comum de se ver.
Como não deveria ser diferente em se tratando de um filme de Cameron Crowe, Compramos Um Zoológico conta com uma trilha sonora com ótimas canções escolhidas pelo diretor. O que toca ao longo do filme vai de Pearl Jam a Tom Petty, passando por Neil Young, U2, Simon & Garfunkel, e outros. Além disso, a trilha composta por Jónsi (da banda Sigur Rós) dá um toque sensível e contagiante ao filme.
O roteiro consegue fazer com que nós nos importemos com os personagens e o ótimo elenco também ajuda muito nesse aspecto. Matt Damon empresta seu carisma habitual para Benjamin Mee, ao mesmo tempo em que faz do personagem alguém esforçado e que se importa com a felicidade dos filhos. A bela Scarlett Johansson não decepciona como Kelly, fazendo da personagem uma mulher de personalidade forte. Colin Ford e Maggie Elizabeth Jones surpreendem como Dylan e Rosie. O primeiro tem uma bela cena de discussão com Matt Damon na qual o garoto quase implora para que seu pai o ajude a superar o momento que está vivendo, e é uma pena que esta cena termine tentando fazer graça. Já a segunda aparece graciosa com a ingenuidade da personagem. E Thomas Haden Church tem o papel de alívio cômico do filme interpretando Duncan, irmão de Benjamin, sempre fazendo rir em suas cenas.
Sendo um filme família com uma atmosfera leve e simpática, Compramos Um Zoológico pode não ser o melhor trabalho de Cameron Crowe, mas depois de assistí-lo dificilmente se sai do cinema com um gosto de insatisfação.
Cotação:

Missão Impossível: Protocolo Fantasma

A franquia Missão Impossível ficou conhecida por suas cenas de ação de tirar o fôlego e também por sua constante troca de diretores. Mesmo com essas mudanças, a série nunca perdeu sua força, sempre trazendo filmes de boa qualidade. Agora, Tom Cruise (produtor de todos os filmes da franquia) chama Brad Bird para controlar as missões de Ethan Hunt nesta quarta missão. É uma aposta curiosa considerando que Bird vem do campo das animações (é ele o responsável pelos excelentes O Gigante de Ferro, Os Incríveis e Ratatouille, sendo que os dois últimos renderam Oscars). Mas o diretor consegue fazer de Missão Impossível: Protocolo Fantasma um filme que além de trazer ação quase ininterrupta, ainda diverte bastante.
Escrito por Josh Appelbaum e André Nemec, Missão Impossível 4 começa com Ethan preso em Moscow. Depois de ser resgatado, ele parte para uma missão com o objetivo de achar arquivos que os levem a Cobalt, homem que a IMF está perseguindo. Ethan e sua equipe, formada pelos agentes Jane Carter (Paula Patton) e Benjamim Dunn (Simon Pegg, que já havia interpretado o personagem no filme anterior), se infiltram no Kremlin, mas algo dá errado e os russos são alertados da presença deles. Uma bomba destrói o local e os russos acusam Hunt de ter liderado o ataque, o que faz o presidente americano acionar o Protocolo Fantasma, ou seja, desativar toda a IMF. Com a ajuda de William Brandt (Jeremy Renner), Ethan e os outros vão atrás de Cobalt para limpar seus nomes e impedir uma guerra nuclear.
A “missão impossível” deste quarto filme parece mesmo ser impossível de ser realizada. Isso por que muitas coisas dão errado no meio do caminho. Luvas para escalar falham, a máquina que faz as famosas máscaras estraga, uma corda acaba sendo mais curta do que parecia, uma tempestade de areia aparece sem ter sido prevista. São elementos que ajudam a nos deixar mais envolvidos com a história, por que ficamos curiosos para ver se Ethan e sua equipe vão ser bem sucedidos em seu objetivo.
O roteiro consegue misturar a ação com belos toques de humor, envolvendo diálogos engraçados (“Na próxima vez, eu vou seduzir o ricaço!”) em cenas de pura adrenalina ou incluindo boas gags (a falha na autodestruição de um telefone, por exemplo) ao longo da projeção. Appelbaum e Nemec fazem isso com grande habilidade, tanto que em nenhum momento o filme perde o ritmo ágil e corre o risco de se tornar uma verdadeira comédia. Uma pena que o mesmo roteiro decepcione com relação ao vilão do filme. Interpretado por Michael Nyqvist (de Os Homens que Não Amavam as Mulheres), Kurt Hendricks não surge muito ameaçador, seja por que o ator não aproveita suas cenas ou por que o próprio roteiro não o desenvolve direito. Dessa maneira, Hendricks fica bem longe da qualidade dos vilões interpretados por Jon Voight, Dougray Scott e Phillip Seymour Hoffman (este o último o melhor até agora).
Brad Bird dirige as cenas de ação com grande competência, como se já tivesse feito outros filmes do gênero. Ele consegue trazer um grande nível de tensão para certos momentos, como quando Ethan e Benji estão no Kremlin. Além disso, o diretor vai até o limite nas cenas em que um personagem aparece caindo, dando a impressão de que o indivíduo vai mesmo se espatifar no chão, o que deixa o público na ponta das poltronas. Mas o momento de maior destaque é toda a sequência que se passa em Dubai, que inclui Ethan escalando o prédio mais alto do mundo, além de uma longa e bela perseguição no meio da tempestade de areia.
Com relação aos outros filmes da franquia, Missão Impossível 4 é diferente quanto ao fato de a história não ficar focado apenas em Ethan, dando espaço para os outros membros da equipe, algo que pouco acontecia antes. Dessa maneira, nós não nos importamos apenas com o protagonista, e os atores que interpretam os coadjuvantes tem mais tempo em tela para transformar seus personagens em figuras interessantes. Paula Patton mostra que Carter é uma mulher forte e decidida, enquanto que Simon Pegg surpreende ao fazer de Benji não só um personagem divertidíssimo, mas também um agente muito competente e seguro naquilo que faz. Já Jeremy Renner (ator que vem merecidamente se destacando bastante desde Guerra ao Terror) traz um grande peso para William Brandt, um personagem misterioso, que passa boa parte do filme mostrando ser apenas o analista-chefe da IMF, mas depois revela ser alguém diferente. O roteiro faz algumas coisas para encobrir a verdadeira natureza do personagem, mas é algo sem muita necessidade. Como Brandt é apresentado como um analista-chefe, já fica estabelecido que ele parece uma pessoa comum.
Mesmo dividindo o espaço com outros atores talentosos, Tom Cruise consegue brilhar mais uma vez com seu Ethan Hunt. O ator mostra uma forma invejável para as cenas de ação além de trazer um ar de experiência para o personagem, o que é bem-vindo considerando que ele mostra estar na ativa há bastante tempo (no filme anterior, Hunt até já havia se aposentado da parte de campo das missões, preferindo treinar novos agentes). Curioso ver que Ethan comete alguns erros neste filme, o que não é muito de seu feitio. Em certo momento ele pula e acerta a parte de cima de uma janela, indicando que talvez ele esteja velho demais para algumas coisas.
Missão Impossível 4 mostra que ainda há fôlego para que Ethan Hunt possa enfrentar mais missões. Considerando que tudo termina apontando para a vinda de um quinto filme, já podemos esperar Tom Cruise e companhia voltar daqui uns anos.
Cotação:

domingo, 18 de dezembro de 2011

Personagens Marcantes - Rocky Balboa

(No início do ano, criei no blog o espaço dos Personagens Marcantes, para falar de alguns grandes personagens do cinema. Na época, eu estava em uma fase de John Hughes e, por isso, escolhi Ferris Bueller para inaugurar o espaço. Como não tive muitos comentários - a única pessoa que comentou foi minha irmã - achei que as pessoas não tinham gostado e acabei não escrevendo mais sobre os personagens. Mas agora resolvi voltar em definitivo com os Personagens Marcantes porque tenho receio de o blog ficar focado apenas nas críticas. Vou tentar fazer deste espaço algo mensal aqui no blog)
Poucos personagens são tão inspiradores como Rocky Balboa. É um personagem admirável por nunca desistir, mesmo quando o adversário mostra ser mais forte que ele. Depois de assistir a um filme protagonizado por Rocky, é difícil não querer sair para enfrentar grandes desafios. E se não houver desafios, pelo menos bate uma vontade de subir uma longa escadaria ou dar socos em um pedaço de carne. Tudo, é claro, ao som de “Gonna Fly Now” ou “Eye of the Tiger”.
Rocky foi criado por seu intérprete Sylvester Stallone depois que este viu a luta de Muhammad Ali contra o zé-ninguém Chuck Wepner. A luta parecia ser fácil, com vitória certa de Ali, mas Wepner surpreendeu a todos ao aguentar os 15 rounds da luta. Isso inspirou tanto Stallone que ele escreveu o roteiro de Rocky: Um Lutador em apenas três dias. Lançado em 1976, o filme foi um sucesso instantâneo, tanto de bilheteria quanto de crítica, tendo recebido 10 indicações ao Oscar, vencendo em 3 categorias: Melhor Edição, Melhor Direção e Melhor Filme, deixando para trás outros grandes clássicos como Taxi Driver e Rede de Intrigas. O filme ainda lançou Stallone para o estrelato, mas é uma pena que ele tenha se dedicado mais aos filmes de ação do que aos dramas, onde ele mostrou várias vezes seu talento, não só com Rocky (pelo menos na maioria dos filmes da franquia), mas também em filmes como F.I.S.T., Cop Land e Shade: Nos Bastidores do Jogo.
O fato de Rocky ser apresentado no primeiro filme como um lutador desconhecido é algo que faz o público simpatizar com ele logo de cara. Isso por que é mostrada toda sua vida e suas dificuldades. Vemos que ele é apaixonado pela irmã de seu melhor amigo. Sua situação financeira não é das melhores. Sua casa é pequena, mal cabendo ele e seu cachorro. E o único jeito que ele encontra para fazer o que gosta é em pequenas lutas locais, sem divulgação alguma. Isso o obriga a trabalhar como capanga de um agiota, mas sua bondade faz com que ele dê chances para as pessoas pagarem o que devem.
Em todos os filmes da franquia, Stallone colocou diante de Rocky grandes adversários. Nos dois primeiros filmes, Rocky enfrenta Apollo Creed, o arrogante campeão dos pesos pesados. Em Rocky 3 temos o detestável Clubber Lang, que obriga Rocky a se juntar com seu antigo desafeto para tentar recuperar seu merecido cinturão. Em Rocky 4, somos apresentados ao maior desafio que Rocky enfrentou em toda a franquia: Ivan Drago, o lutador (ou seria robô?) da União Soviética. Em Rocky 5, Balboa enfrenta seu pupilo Tommy Gunn. E em Rocky Balboa, o protagonista luta contra o ingênuo Mason Dixon. Todos esses adversários mostravam vários tipos de dificuldade, tanto psicológica quanto emocional, e obrigavam Rocky a superar todos os obstáculos para conseguir enfrentá-los de igual para igual.
A qualidade dos filmes da série caiu ao longo de cada filme, mas não ao ponto de um deles ser um total desastre. Com exceção de Rocky 4 e Rocky 5, todos os filmes são bons. Essas exceções mostraram ser filmes com roteiros ruins, que continham vários elementos absolutamente desnecessários, além de fazer de Rocky um ser indestrutível, algo que pode ser resultado da escolha que Sylvester Stallone fez para sua carreira de modo geral. No quarto filme, Ivan Drago tem uma força descomunal, que nenhum outro lutador possui. Isso já seria motivo para Rocky sair morto do ringue. Já no quinto filme, o personagem surge com um problema no cérebro, que o obriga a se aposentar. Mas esse problema some de repente, depois que Rocky leva vários golpes de Tommy Gunn na luta final.
Mas esses filmes fracos não mudam o fato de Rocky Balboa ser um grande personagem. E é bom ver que ele compensou essas falhas com um sexto filme que fechou com chave de ouro seu ciclo no cinema.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Globo de Ouro 2012 - Indicados

Começa a corrida nas principais premiações do cinema. Saíram hoje os indicados ao Globo de Ouro 2012. Fiquei surpreso com algumas ausências. O Espião Que Sabia Demais, filme que eu apontava como um dos grandes candidatos nas principais categorias, foi completamente ignorado. Kirsten Dunst para Melhor Atriz por Melancolia também não foi lembrada.
Na parte de Drama, Os Descendentes e Histórias Cruzadas lideram com cinco indicações, seguidos Tudo Pelo Poder e O Homem Que Mudou o Jogo com quatro. Na parte de Comédia/Musical, The Artist lidera com seis indicações, seguido por Meia-Noite em Paris com quatro. Devo admitir: é muito bom ver que o excelente filme de Woody Allen está sendo reconhecido.
Não colocarei a lista dos indicados da televisão, mas vou fazer um breve comentário. Estou triste/irritado com o fato da espetacular série Community ainda não ser reconhecida nos prêmios. É uma das melhores séries da atualidade, para não dizer a melhor. Pelo menos a série está com um de seus atores indicados. Jim Rash, que interpreta o hilário Dean Pelton, foi indicado para Melhor Roteiro por Os Descendentes.
Eis a lista completa dos indicados na parte de filmes:
Melhor Filme – Drama
Os Descendentes
Histórias Cruzadas
A Invenção de Hugo Cabret
Tudo Pelo Poder
O Homem Que Mudou o Jogo
Cavalo de Guerra
Melhor Filme – Comédia/Musical
The Artist
Missão Madrinha de Casamento
50%
Meia-Noite em Paris
My Week With Marilyn
Melhor Ator – Drama
George Clooney, por Os Descendentes
Leonardo DiCaprio, por J. Edgar
Michael Fassbender, por Shame
Ryan Gosling, por Tudo Pelo Poder
Brad Pitt, por O Homem Que Mudou o Jogo
Melhor Atriz – Drama
Glenn Close, por Albert Nobbs
Viola Davis, por Histórias Cruzadas
Rooney Mara, por Millennium: Os Homens Que Não Amava as Mulheres
Meryl Streep, por A Dama de Ferro
Tilda Swinton, por We Need to Talk About Kevin
Melhor Ator – Comédia/Musical
Jean Dujardin, por The Artist
Brendan Gleeson, por O Guarda
Joseph Gordon-Levitt, por 50%
Ryan Gosling, por Amor a Toda Prova
Owen Wilson, por Meia-Noite em Paris
Melhor Atriz – Comédia/Musical
Jodie Foster, por Carnage
Charlize Theron, por Jovens Adultos
Kristen Wiig, por Missão Madrinha de Casamento
Michelle Williams, por My Week With Marilyn
Kate Winslet, por Carnage
Melhor Ator Coadjuvante
Kenneth Branagh, por My Week With Marilyn
Albert Brooks, por Drive
Jonah Hill, por O Homem Que Mudou o Jogo
Viggo Mortensen, por Um Método Perigoso
Christopher Plummer, por Toda Forma de Amor
Melhor Atriz Coadjuvante
Bérénice Bejo, por The Artist
Jessica Chastain, por Histórias Cruzadas
Janet McTeer, Albert Nobbs
Octavia Spencer, por Histórias Cruzadas
Shailene Woodley, por Os Descendentes
Melhor Diretor
Woody Allen, por Meia-Noite em Paris
George Clooney, por Tudo Pelo Poder
Michel Hazanavicius, por The Artist
Alexander Payne, por Os Descendentes
Martin Scorsese, por A Invenção de Hugo Cabret
Melhor Roteiro
Michel Hazanavicius, por The Artist
Alexader Payne, Nat Faxon e Jim Rash, por Os Descendentes
George Clooney, Grant Heslov e Beau Williams, por Tudo Pelo Poder
Woody Allen, por Meia-Noite em Paris
Steven Zaillian, Aaron Sorkin e Stan Chervin, por O Homem Que Mudou o Jogo
Melhor Canção
“Lay Your Head Down”, de Albert Nobbs
“Hello, Hello”, de Gnomeu e Julieta
“The Living Proof”, de Histórias Cruzadas
“The Keeper”, de Redenção
“Masterpiece”, de W.E.
Melhor Trilha Sonora
Ludovic Bource, por The Artist
Trent Reznor e Atticus Ross, por Millennium: Os Homens Que Não Amavam as Mulheres
Howard Shore, por A Invenção de Hugo Cabret
John Williams, por Cavalo de Guerra
Abel Korzeniowski, por W.E.
Melhor Animação
As Aventuras de Tintim
Operação Presente
Carros 2
Gato de Botas
Rango
Melhor Filme Estrangeiro
The Flowers of War (China)
In The Land of Blood and Honey (Estados Unidos)
O Garoto de Bicicleta (Bélgica)
A Separação (Irã)
A Pele Que Habito (Espanha)

domingo, 11 de dezembro de 2011

Gato de Botas

Uma das melhores coisas que saíram da franquia Shrek foi a nova visão sobre o Gato de Botas. Criado no final do século 17 por Charles Perrault, o personagem usava de sua malandragem para fazer de seu mestre alguém importante. A versão mostrada nos filmes do ogro, claramente baseada no Zorro (que seu dublador Antonio Banderas interpretou em dois filmes), mostrava um Gato de Botas que mantinha suas qualidades originais e ainda era carismático e divertido. E como os estúdios adoram explorar até o último fio de cabelo de suas franquias, é lógico que um filme protagonizado por ele era uma questão de tempo. O resultado é uma produção que diverte, apesar de ter alguns problemas.
Escrito por David H. Steinberg, Tom Wheeler e Jon Zack, e com argumento de Will Davies e Brian Lynch, Gato de Botas se passa antes de o personagem-título conhecer Shrek, Burro e toda a turma. Ele é um fora-da-lei que quer limpar seu nome depois que seu companheiro, o ovo Humpty Dumpty (Zach Galifianakis), o envolveu em um roubo a banco. Quando sabe do paradeiro de três feijões mágicos (sim, aqueles da história de João e o Pé de Feijão), ele parte em uma aventura para roubá-las do casal de criminosos Jack e Jill (Billy Bob Thornton e Amy Sedaris, respectivamente). No meio do objetivo ele conhece Kitty Pata-Mansa (Salma Hayek), que o faz se encontrar mais uma vez com Humpty Dumpty, que propõe que os três corram atrás dos feijões juntos. Mesmo em dúvida quanto aos objetivos de Humpty, Gato aceita a proposta.
O filme é interessante por mostrar como era o Gato de Botas antes de ele se encontrar com Shrek e os outros personagens. Nos filmes do ogro, víamos Gato apenas como um dos divertidos parceiros de aventuras do protagonista. Em Gato de Botas, ele tem sua própria vida e, portanto, é mais desenvolvido. É curioso ver que ele é bem seletivo quanto a quem ele vai roubar. Quando falam que ele poderia roubar uma igreja ou um orfanato, ele responde imediatamente que não rouba esses tipos de lugar, aceitando a oferta seguinte: roubar Jack e Jill, o que mostra que seus alvos são apenas os criminosos. Além disso, Gato mostra que acredita na bondade das pessoas ao seu redor (“Sempre soube que você tinha um coração de ouro”), o que explica o porquê de ele, mesmo contrariado, aceitar se juntar mais uma vez com Humpty Dumpty.
E já que chegamos a Humpty, este é um personagem que o roteiro logo coloca como um dos vilões do filme. Sendo extremamente ganancioso, Humpty é o culpado de o Gato ser um foragido. Mesmo quando ele mostra ser alguém de confiança, é impossível não ficar com os dois pés atrás. Por causa disso, quando o roteiro tenta fazer uma reviravolta, esta se torna decepcionante por ser algo bastante previsível.
As gags do filme, de modo geral, funcionam bem, sendo que as melhores ficam para o protagonista. O Gato de Botas pode ser um personagem que maneja uma espada como ninguém, além de ter habilidades dignas de um grande espião. Mas antes de tudo isso, ele é um gato. Sendo assim, é divertido (e inesperado) que ele beba leite do modo como os gatos devem beber ou interrompa o que está fazendo apenas para caçar um brilho de luz. E, é claro, que não poderia faltar seu olhar de “por favor, sinta pena de mim”, que é simplesmente hipnotizante. Por outro lado, outras gags são muito repetitivas. Os melhores exemplos disso são um famoso personagem de conto de fadas que fica dormindo e acordando durante uma conversa com Gato e um gatinho que solta uma espécie de comentário ao ver que um desafiante do protagonista é, na verdade, uma desafiante. São coisas engraçadas no início, mas quando repetidas se tornam bastante forçadas.
As cenas de ação são bem feitas pelo diretor Chris Miller. Na verdade, algumas parecem ser inspiradas nos filmes do Zorro, como aquela em que Gato de Botas, Kitty e Humpty tentam roubar os feijões na carruagem que está levando Jack e Jill. Além disso, o diretor envolve o filme com a bela trilha sonora composta por Henry Jackman, que com toques de flamenco combina muito bem com a personalidade do protagonista. Por outro lado, para desenvolver a história e os personagens, Miller faz com que eles próprios expliquem um pouco o que aconteceu em suas vidas, até mesmo utilizando flashback, algo um pouco longo demais e entediante, mas não deixa de ser divertido ver Kitty dormindo depois da explicação do Gato de Botas.
Mas um grande problema no filme é o fato de ele não conseguir direcionar o personagem para aquilo que vimos em Shrek 2. Quando apareceu pela primeira vez na franquia, o Gato de Botas era uma caçador de recompensas que aceitou matar Shrek em troca de uma quantia em dinheiro. Não se vê nada dessa personalidade neste spin-off. Em Gato de Botas, o personagem aparece como uma boa figura que, como foi dito anteriormente, não rouba pessoas que não merecem. Ele nem chega a mostrar ter coragem para matar alguém.
É claro que este problema poderia ser só mais uma desculpa para fazer um Gato de Botas 2, mas seria muito melhor ver a história do “antes de Shrek” acabar. Se o plano dos produtores for mesmo fazer uma franquia especial para o personagem, que façam mostrando como sua vida ficou depois das aventuras com Shrek. Isso pode render histórias interessantes, além de desligar o Gato de Botas da franquia que o trouxe às telonas do modo como o conhecemos agora.
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