domingo, 31 de julho de 2011

"Traduções" de Filmes - Parte 2

Há alguns meses, escrevi uma postagem sobre as ridículas traduções que alguns filmes recebem aqui no Brasil. Bem, diferente do “Traduções de Filmes – Parte 1”, esta Parte 2 não vai criticar o trabalho dos tradutores, sendo apenas algo divertido.
Eu sempre soube que Portugal tem traduções ainda piores para os títulos. Nunca havia parado para pesquisar essas bizarrices, sendo a tradução de Psicose a única que eu sabia. Mas pesquisei outras traduções ontem, e devo dizer é um bom exercício para pessoas que precisam rir bastante.
Então, vamos ao que interessa:
- + Velozes + Furiosos (2 Fast 2 Furious) = Velocidade + Furiosa (estou até agora pensando como uma velocidade pode ser mais furiosa).
- True Lies = A Verdade da Mentira (como uma mentira pode ter verdade?).
- Ligeiramente Grávidos (Knocked Up) = Um Azar do Caraças (sem comentários).
- Pequena Miss Sunshine (Little Miss Sunshine) = Uma Família à Beira de um Ataque de Nervos (o que me chamou a atenção aqui foi o fato de um título original de três palavras ter sido triplicado pelos portugueses).
- Rede de Mentiras (Body of Lies) = O Corpo da Mentira (às vezes, temos que reconhecer que traduzir os títulos quase ao pé da letra não dá muito certo).
- Toy Story = Os Rivais (Woody e Buzz são rivais só no primeiro filme. Os tradutores tiveram que consertar os títulos nas sequências).
- Corpo Fechado (Umbreakable) = O Protegido (nada a ver com o filme ou com o título original).
- Bastardos Inglórios (Inglourious Basterds) = Sacanas Sem Lei (esse título é que é uma sacanagem).
- Os Vampiros Que Se Mordam (Vampires Suck) = Ponha Aqui o Seu Dentinho (um título mais engraçado que o próprio filme).
Assim como na “Parte 1”, vou colocar aqui alguns subtítulos igualmente bizarros que os portugueses acrescentam quando parecem não conseguir traduzir os títulos.
- Onze Homens e Um Segredo (Ocean’s Eleven) = Ocean's Eleven - Façam as Vossas Apostas (não, obrigado!).
- O Chamado (The Ring) = The Ring – O Aviso (é, Samara realmente avisa).
- Up - Altas Aventuras (Up) = Up – Altamente (hmmm...).
Mas o golpe de misericórdia/soco no estômago, que para mim é cúmulo do absurdo, é a tradução do filme que citei no início do texto.
(ATENÇÃO: Se você não viu o filme ou não quer saber nada sobre seu final, pule direto para o parágrafo seguinte)
- Psicose (Psycho) = O Filho Que Era Mãe (odeio quando contam o final do filme).
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Bem, para aqueles que pensavam que o Brasil era o único com traduções bizarras, esta aí a prova de que não somos os únicos a cometer certas atrocidades.
Obs.: Enquanto eu escrevia essa postagem, vi as traduções feitas na China e no Japão. É ainda mais triste a situação. Portanto, daqui a alguns meses acho que vou fazer uma Parte 3.

sábado, 30 de julho de 2011

Capitão América: O Primeiro Vingador

Capitão América é um dos heróis mais conhecidos da Marvel Comics, tendo protagonizado uma série de TV de 1944 e um filme de 1990 (que assisti quando tinha seis anos e, por isso, não lembro de quase nada). Criado por Joe Simon e Jack Kirby em 1941, o personagem ressaltava os ideais de patriotismo de um país que estava prestes a entrar na Segunda Guerra Mundial. Mas fazer um filme focado apenas no patriotismo dos Estados Unidos significaria apenas uma coisa: um filme que entreteria somente o povo americano. Mas Capitão América: O Primeiro Vingador deixa o patriotismo um pouco de lado e se concentra em seu personagem e nos desafios que ele enfrenta antes e depois de se transformar no Capitão América, resultando em ótimo filme que completa o grande quebra-cabeça de Os Vingadores, que a Marvel está montando desde Homem de Ferro.
Escrito por Christopher Markus e Stephen McFeely, Capitão América nos apresenta a Steve Rogers (Chris Evans), jovem que tem como maior sonho servir seu país. O problema é que ele é magro, baixo e sua saúde não é das melhores, o que torna este sonho inviável. Mas o que ele tem de problemas físicos, ele tem de coragem, vontade e bondade. Isso o torna perfeito para ser a cobaia de um experimento com um soro criado pelo doutor Abraham Erskine (Stanley Tucci). Este soro amplifica todo o potencial do corpo da pessoa (para quem não se lembra, ele foi usado em Emil Blonsky, interpretado por Tim Roth em O Incrível Hulk). O experimento dá certo, e Rogers vira o “super soldado” Capitão América.
Markus e McFeely ganham pontos positivos no modo como tratam Steve Rogers ao longo da projeção. Antes do experimento com o soro, Rogers mostra ser um cara tímido, corajoso, insistente, livre de preconceitos (algo que fica claro quando ele diz não ver problema nenhum no fato do doutor Erskine ser alemão) e que se importa com as pessoas a sua volta, como seu melhor amigo Bucky Barnes (Sebastian Stan). E o mais admirável é que ele continua assim depois do experimento. Além disso, os roteiristas sempre colocam desafios no caminho do herói, desde generais que não acreditam no seu potencial passando até missões que ele encara sozinho. Isso mostra que ele não tem vida fácil mesmo depois de se tornar um super soldado. Mas o romance entre Steve Rogers e Peggy Carter (a belíssima Hayley Atwell), apesar de crescer gradativamente, às vezes mostra ser um pouco forçado, como quando Peggy aparece bem vestida em um bar apenas para falar que Rogers deve ver Howard Stark (Dominic Cooper) na manhã seguinte, sem falar que os ciúmes de Carter quando vê Rogers com outra garota soa muito clichê.
A fotografia de Shelly Johnson difere o lado bom do lado mal. Na base do vilão Johann Schmidt (Hugo Weaving), vemos cores mais frias e um pouco mais de escuridão. Já nas cenas que se passam na base do exército americano, a fotografia investe em cores quentes, se aproximando do sépia, algo que traz para o filme um tom antigo ideal. Da mesma forma, o design de produção de Rick Heinrichs faz um belo trabalho de recriação de época. E a boa trilha sonora de Alan Silvestri, fazendo de Capitão América não só um filme sobre um super-herói, mas um filme de aventura.
Assim como aconteceu em Homem de Ferro e Thor, Capitão América começa no presente e volta ao passado para contar a história. Mas se em Thor eu havia dito que isso foi um pouco de falta de originalidade (e também desnecessário), aqui devo dizer que foi um modo muito interessante de começar o filme. Apesar de este início entregar o destino do protagonista, o filme acaba envolvendo o público para saber como isso aconteceu. E o diretor Joe Johnston (o mesmo do ótimo Jumanji e do desastroso O Lobisomem) consegue fazer com que nós nos importemos com o personagem mesmo que seu destino seja inevitável.
Johnston merece créditos por conduzir muito bem as cenas de ação, como aquela em que Steve Rogers invade sozinho uma base inimiga para salvar vários soldados, e também por investir em uma montagem que acompanha muito bem o protagonista e o vilão. Enquanto Rogers tenta provar seu valor, Schmidt planeja conquistar o mundo com o “poder dos deuses”. O diretor ainda acerta ao não mostrar o verdadeiro rosto de Schmidt logo em sua primeira cena, dando dicas de como ele deve ser, como um plano de detalhe no símbolo ensanguentado da HYDRA ou uma cena em que um quadro do vilão está sendo pintado e o vermelho é a cor mais vista.
Aliás, Hugo Weaving, mostrando um bom sotaque alemão, merece aplausos por conseguir interpretar muito bem o vilão mesmo com a maquiagem. É uma pena, no entanto, que Schmidt mostre ser ameaçador, mas não faz nada quando vê Rogers acabar com várias bases inimigas, o que traí as ambições do personagem. E o modo como ele se despede do filme é simplesmente decepcionante.
Hayley Atwell aparece sempre linda interpretado uma personagem que já sofreu muitas reprovações por ser mulher, e tais reprovações a fazem ser um pouco parecida com Rogers. Sebastian Stan cria com Evans uma bela química de amizade entre Rogers e Bucky Barnes. Dominic Cooper faz de Howard Stark um cara exibido como o filho, enquanto que Tommy Lee Jones ganha o papel de alívio cômico do projeto interpretando o Coronel Phillips.
Mas é Chris Evans o grande destaque do projeto. Desde sua primeira cena, o ator faz o público esquecer do Johnny Storm/Tocha Humana que ele interpretou nos filmes do Quarteto Fantástico. Evans traz carisma para o personagem e tem uma atuação contida, conseguindo mostrar de forma sutil os sentimentos de Steve Rogers. Quando o protagonista é finalmente aprovado para o exército, em vez de abrir um largo sorriso, o ator apenas traz um ar de satisfação que já mostra a felicidade do personagem.
Terminando de maneira ideal e fiel aos quadrinhos, Capitão América: O Primeiro Vingador, além de ser um bom entretenimento, apresenta muito bem o personagem e mostra o porquê de ele ser o grande líder do grupo de heróis da Marvel. Agora é esperar para ver como será essa grande reunião.
Obs.: Algo muito bacana aparece depois dos créditos finais do filme.
Cotação:

sábado, 23 de julho de 2011

Assalto ao Banco Central

Em 2005, 164 milhões de reais foram roubados do Banco Central de Fortaleza. Ninguém nunca soube exatamente quem foram os responsáveis pelo maior roubo da história do país. Mas o cinema adora basear filmes em acontecimentos como esse, construindo uma história de ficção em volta do fato. Outro resultado disso é Assalto ao Banco Central, que desperdiça terrivelmente o que poderia render um bom filme.
Escrito por Renê Belmonte e Lúcio Manfredi, baseado no argumento de Antonia Fontenelle, Assalto ao Banco Central mostra como o grupo liderado por Barão (Milhem Cortaz) planejou, organizou e executou o roubo ao Banco Central de Fortaleza. Isso tudo sem usar uma arma ou disparar um alarme sequer. Barão conta com a ajuda de sua mulher, Carla (Hermila Guedes), e de seu velho parceiro Mineiro (Eriberto Leão), além de vários outros cúmplices.
Estreando na direção de um filme, o ator Marcos Paulo começa a projeção de uma maneira constrangedora. Enquanto vemos a escavação do túnel que os criminosos vão usar no roubo, o diretor corta para uma cena de sexo. Ao fazer isso, ele compara os dois eventos indicando que ambos terminam de forma bastante prazerosa. Pelo visto, não houve uma maneira menos ridícula de iniciar o filme.
Marcos Paulo, aliás, tem uma péssima estreia na cadeira de diretor, falhando em vários momentos da projeção. Em nenhum momento ele consegue imprimir uma atmosfera de tensão ao filme e, quando pode fazer isso, ele opta por tentar fazer humor, como na cena em que um inspetor da dengue visita o local onde o grupo está preparando o roubo. Paulo também opta por uma montagem cheia de flashforwards que mostram cada um dos personagens depois do roubo, tentando colocar uma pergunta no ar: como eles chegaram aí? Mas para que nós nos interessássemos por isso, o elenco teria que trazer um mínimo de carisma para seus papéis, o que não acontece (com exceção de Tonico Pereira, mas é uma pena que seu Doutor apareça tão pouco). E essa montagem também acaba destruindo qualquer tipo de suspense que o diretor quisesse dar ao filme, já que ele mostra o que acontece com personagens importantes.
O roteiro de Belmonte e Manfredi também é péssimo. Eles constroem figuras extremamente chatas, como Devanildo (Vinicius de Oliveira), um rapaz muito desligado e que vive incomodando os outros personagens, e o delegado Amorim (Lima Duarte), que diz ser inteligente apenas para na cena seguinte estar quase sujando a cena do crime (não sei o que Lima Duarte viu nesse roteiro para interpretar um personagem como esse). Além disso, os dois roteiristas tentam mostrar que cada um dos envolvidos no roubo tem uma tarefa, mas apenas dois tem suas funções bem definidas: Barão é o líder, Doutor é o engenheiro. Basicamente, o filme mostra a maioria do grupo fazendo apenas uma coisa: cavando o túnel. Os outros envolvidos parecem não fazer nada.
Alguns diálogos são fracos. Belmonte e Manfredi tentam forçar o riso fácil, como no momento em que um personagem faz uma comparação entre cadeia e mulheres. Outro exemplo acontece quando estão reunindo o grupo. Mineiro diz que todos estão ali para ganhar seu “dinheirinho honesto”. Por favor, se roubar um banco é ganhar dinheiro honestamente, então vou fazer isso na semana que vem. O único grande mérito deste roteiro é o modo como desenvolve Barão. Ele diz que a equipe precisa trabalhar unida para que o roubo dê certo. Na cena seguinte, ele aparece jogando xadrez sozinho, algo que revela a natureza individualista do personagem que, se pudesse, roubava o banco sem a ajuda de ninguém.
Filmes como Assalto ao Banco Central fazem as pessoas pensarem que o cinema brasileiro é chato, que tem boas produções só de vez em quando. Isso não é verdade. O problema é que os filmes bons geralmente são relegados aos festivais e estreiam em poucos cinemas, enquanto que as atenções sempre ficam para filmes como Nosso Lar e Se Eu Fosse Você (que se não são ruins, também não são grande coisa). Acho que isso deveria ser mudado por que, como eu afirmei na minha crítica de Scott Pilgrim Contra o Mundo, todas as produções merecem seu espaço no circuito.
Cotação:

sábado, 16 de julho de 2011

Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2

Os últimos dez anos foram um período mágico para muitos, inclusive para mim. Quem diria que as histórias do bruxo Harry Potter iriam chamar a atenção de tantas pessoas, até mesmo a dos estúdios, o que resultou em uma das franquias mais rentáveis da história do cinema. Motivos não faltam para dar razão a tal sucesso: personagens carismáticos, um grande vilão, histórias extremamente criativas e envolventes. Enfim, um mundo mágico criado por J.K. Rowling e que chega ao seu fim nos cinemas com este Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2, um filme que apesar de ser inferior a sua primeira parte, acaba fechando a franquia de maneira bastante satisfatória.
Harry Potter 7.2 começa exatamente onde terminou a primeira parte. Harry, Rony e Hermione continuam atrás das Horcruxes. Enquanto isso, a grande batalha entre o bem e o mal está prestes a acontecer e o tão esperado confronto entre Harry e Lord Voldemort irá decidir os rumos do mundo dos bruxos.
O filme segue uma direção diferente em comparação com a primeira parte. Se em Harry Potter 7.1 não havia muitos momentos de ação, o que favoreceu bastante o desenvolvimento da história e dos personagens, em Harry Potter 7.2 a ação é quase uma constante, algo que sacrificou aquilo que o filme anterior conseguiu manusear muito bem. Sendo assim, as mortes de alguns personagens importantes não têm o impacto que deveriam ter, diferente do que aconteceu na primeira parte. Isso é uma pena, por que o diretor David Yates dá uma atenção especial para os últimos momentos em que estes personagens aparecem vivos. É como se o diretor preparasse tudo perfeitamente para acabar decepcionando depois.
Mas Yates mostra mais uma vez ter sido uma ótima escolha para guiar os últimos capítulos da saga. Apesar de falhar também ao tentar provocar o riso fácil de maneira forçada (como no momento em que um duende de Gringotts é morto logo no início), o diretor dá leves toques de filmes de espionagem nessa segunda parte. Reparem como Neville Longbottom tem uma conversa ao pé do ouvido com Simas Finnigan, em um momento específico do filme, como se eles fossem agentes. Outro detalhe que remete àqueles filmes é um travelling circular que Yates faz enquanto o trio principal discute como encontrar as outras Horcruxes. É comum em filmes do gênero um grupo de personagens discutir um plano enquanto a câmera anda em volta deles.
Os elogios a Yates não param por aí. A grande batalha em Hogwarts é simplesmente espetacular e muito bem montada. Em nenhum momento ficamos confusos com o que está acontecendo (Quem está lutando com quem? Onde foi parar o vilão? Por onde os protagonistas vão passar agora?). O diretor ainda consegue transmitir muito bem o ambiente de perigo no qual o filme é mergulhado. Não importa para onde os personagens corram, sempre aparece algo perigoso no caminho, o que nos faz temer pela vida deles mesmo sabendo como será o final. Além disso, ele acerta ao não tratar Harry como o único herói da história, transformando até figuras consideradas inofensivas em protagonistas da batalha, algo muito bem ressaltado pelos acordes mais altos da bela trilha sonora composta por Alexandre Desplat, que faz de Harry Potter 7.2 um verdadeiro épico, o que é mais do que adequado.
O roteiro de Steve Kloves (o mesmo roteirista de toda a série, com exceção de A Ordem da Fênix) peca ao investir em diálogos muito longos no início do filme e outros um tanto explicativos demais, como quando Rony e Hermione falam sobre a Sala Precisa. Kloves ainda adiciona o filho de Lupin e Tonks sem necessidade alguma, já que o rumo que o filme tomou não pedia por isso. Ele não foi mencionado em nenhum momento do filme anterior e nem nesta segunda parte, até que Harry mostra saber da existência do garoto (Harry é um bruxo, não um vidente) para depois ele ser esquecido novamente. Por outro lado, as reviravoltas na história são bem colocadas pelo roteirista, além de ele cuidar muito bem de alguns momentos importantes do filme, como um beijo bastante esperado (que não aparece apenas por ter que aparecer) e as tristes memórias de um personagem (que representam um dos momentos mais emocionantes do filme).
A ótima fotografia de Eduardo Serra traz um ar sombrio e amedrontador para o filme, principalmente com relação à Hogwarts. O castelo não é mais aquele lugar mágico e feliz com o qual nos acostumamos ao longo de toda a saga. Agora é um lugar do qual os alunos têm medo, graças a Severo Snape. Isso fica muito claro no momento em que todos eles estão no Salão Principal ouvindo um discurso do diretor da escola. Os jovens aparecem pálidos e tristes, como se não tivessem vida. O design de produção de Stuart Craig também ajuda a transformar o castelo em um lugar macabro, colocando poucos objetos no Salão, o que traz uma sensação de vazio.
Daniel Radcliffe mais uma vez mostra um grande talento, mostrando ser um Harry Potter muito mais adulto neste filme. Enquanto isso, Rupert Grint e Emma Watson ganham menos espaço, mas nunca deixam de ser importantes, protagonizando grandes cenas. Espero que depois destes filmes, esses três talentos não sejam perdidos e jogados no anonimato. Outro jovem destaque é Matthew Lewis, que interpreta um Neville Longbottom muito mais corajoso e determinado do que nos filmes anteriores. Quanto aos atores veteranos, vale destacar a atuação de Alan Rickman, que se saí muito bem interpretando um Severo Snape mais complexo. E Ralph Fiennes continua fazendo de Lord Voldemort um vilão ameaçador, mesmo quando mostra ser capaz de “atos de carinho” em momentos de felicidade.
Ao final da sessão, todas as pessoas no cinema começaram a bater palmas. A última vez que vi isso acontecer para um filme foi no dia 25 de dezembro de 2003, quando O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei foi lançado. As palmas não vieram apenas por este último capítulo de Harry Potter ter sido muito bom, mas por que essa é uma saga inesquecível. Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2 pode não ser um filme 5 estrelas, mas podemos dizer que fecha com chave de ouro essa grande franquia. Afinal, já tivemos sagas promissoras que acabaram terminando mediocremente (nunca devemos nos esquecer de Matrix). Tenho orgulho de ter crescido acompanhando essas histórias e de fazer parte dessa grande geração que está testemunhando este final. Mas de uma coisa podemos ter certeza: a história de Harry Potter será eterna, assim como é O Senhor dos Anéis, Star Wars e tantas outras sagas.
Cotação:

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Filmes de 2011 - Parte 1

No início do ano, escrevi sobre alguns grandes filmes que assisti em 2010. Mas aquela postagem tinha um problema: não pude colocar todos os filmes excelentes que assisti, senão a lista seria muito extensa. Sendo assim, resolvi postar agora a primeira parte das produções de 2011, que está sendo um ano de muitos filmes (192 até o momento). Mais uma vez, eu não quero fazer uma lista muito grande, por isso estabeleci uma faixa de tempo: só foram incluídos filmes lançados de 1990 para trás. A segunda parte será postada no final do ano.
Festim Diabólico (1948), de Alfred Hitchcock:
Festim Diabólico é uma aula de cinema. Hitchcock conseguiu fazer um filme totalmente em plano-sequência, em uma época em que os rolos duravam apenas dez minutos. O diretor disfarçou cada corte de várias formas, desde aproximar a câmera das costas de um dos atores até deixar ela parada filmando apenas o cenário. Festim Diabólico é um suspense simplesmente sensacional.
Amor, Sublime Amor (1961), de Jerome Robbins e Robert Wise:
Musical com segundo maior número de vitórias no Oscar, Amor, Sublime Amor tem nos seus protagonistas suas únicas falhas. Natalie Wood e Richard Beymer não convencem interpretando os jovens de gangues rivais que se apaixonam a primeira vista. O que faz o romance dos personagens tão interessante é o fato de ser uma espécie de Romeu e Julieta. O filme ainda consegue entreter com suas belas canções e as coreografias muito criativas. George Chakiris e Rita Moreno têm grandes atuações, ofuscando os protagonistas.
Alien: O Oitavo Passageiro (1979), de Ridley Scott:
Uma das obras-primas de Ridley Scott, Alien: O Oitavo Passageiro foi apenas o segundo longa-metragem do diretor. Scott consegue manter o suspense do início ao fim, em uma atmosfera claustrofóbica (a maioria dos acontecimentos ocorre dentro de uma nave), e o roteiro tem grandes reviravoltas.
RoboCop: O Policial do Futuro (1987), de Paul Verhoeven:
Paul Verhoeven é um diretor para o qual sempre torci um pouco o nariz. Não gosto de Instinto Selvagem e acho O Vingador do Futuro e O Homem Sem Sombra filmes apenas razoáveis. Mas sua direção em RoboCop é ótima, além de o personagem ser muito bom. A violência exagerada, que tem seu ápice na cena em que Alex Murphy (Peter Weller) é praticamente destruído pelos vilões, a princípio parece estranha mas é reflexo do mundo violento em que vivemos.
Império do Sol (1987), de Steven Spielberg:
Entre Indiana Jones e o Templo da Perdição e Indiana Jones e a Última Cruzada, Steven Spielberg dirigiu dois dramas: A Cor Púrpura e Império do Sol. Para os que estavam acostumados com as aventuras do arqueólogo ou com os extraterrestres de Contatos Imediatos de Terceiro Grau e E.T: O Extraterrestre, esses dramas nem parecem ter sido dirigidos por Spielberg. Império do Sol marcou a estreia de Christian Bale nos cinemas. E não podia ter sido melhor. Sua atuação é o centro das atenções no filme, que tem uma história tratada com grande sensibilidade pelo diretor.
Busca Frenética (1988), de Roman Polanski:
Na década de 1980, Roman Polanski dirigiu apenas dois filmes: Piratas e Busca Frenética. Não conferi o primeiro ainda, mas o segundo é um thriller envolvente e dirigido com maestria por Polanski. Ainda traz Harrison Ford em uma das melhores atuações de sua carreira.
Digam o Que Quiserem (1989), de Cameron Crowe:
Gosto dos filmes de Cameron Crowe, principalmente Jerry Maguire: A Grande Virada e Quase Famosos. Digam o Que Quiserem foi a estreia do ex-repórter da revista Rolling Stone como diretor. É uma comédia adolescente parecida com os filmes dirigidos por John Hughes, com um roteiro que consegue ser divertido e tocante ao mesmo tempo.
O Poderoso Chefão - Parte 3 (1990), de Francis Ford Coppola:
Assisti a trilogia O Poderoso Chefão da pior forma possível: as duas primeiras partes eu consegui assistir há dois anos atrás e a terceira só este ano. Mas o que importa é que a saga dos Corleone é brilhantemente finalizada.
Ajuste Final (1990), de Joel Coen:
Sou fã declarado dos irmãos Coen. Ainda não consegui assistir a todos os filmes deles, mas dei um passo enorme para concluir essa tarefa ao fazer uma maratona com Ajuste Final, Barton Fink: Delírios de Hollywood, Na Roda da Fortuna e Um Homem Sério. Ajuste Final é o único desses filmes a entrar nessa postagem por ser o único filme que entra na faixa de tempo que estabeleci. É um grande filme de gângsters com atuações excelentes.

sábado, 9 de julho de 2011

O Invisível

Essa semana, o curta que fiz com meus colegas foi finalizado e apresentado. Entitulado “O Invisível”, o filme apresenta Carlos, um jovem que acha que pode ficar invisível a hora que quiser. Mas isso é só na cabeça dele, o que traz algumas confusões.
Nós tivemos que atuar no filme, já que o professor avisou que chamar pessoas de fora da turma poderia trazer alguns problemas. Antes que vocês não me reconheçam em cena, eu interpreto o assaltante. Para mim isso é uma grande ironia, por que eu fui assaltado de verdade dois dias depois que a cena foi filmada. Por um lado foi bom, pois constatei que a minha atuação foi boa (o que os assaltantes fizeram comigo foi a mesma coisa que fiz em cena, com exceção do revólver). Por outro lado foi ruim pois roubaram meu casaco favorito, meu celular e o que eu tinha de dinheiro. Convenhamos, isso não é nenhum pouco legal.
Enfim, o curta não ficou ruim e não estou dizendo isso porque ajudei a fazê-lo. Nosso grupo foi composto por seis pessoas, sendo que cinco começaram o curso de Cinema agora no primeiro semestre. Então, para um grupo de iniciantes, “O Invisível” superou expectativas. Todos cumpriram muito bem suas funções.
Para assistir o curta é só clicar no link abaixo:
http://www.youtube.com/watch?v=3StgmZ0ce20
Espero que gostem.

sábado, 2 de julho de 2011

Transformers: O Lado Oculto da Lua

Michael Bay é um diretor medíocre. Durante toda sua carreira ele fez apenas três filmes assistíveis: A Rocha, Armageddon e o primeiro Transformers (sim, gosto deste filme que consegue divertir apesar de suas falhas). Ele não tem cuidado nenhum com a história que está tentando contar, focando seus filmes em explosões, explosões e um pouco mais de explosões. Neste Transformers: O Lado Oculto da Lua, terceiro filme da franquia dos robôs, vemos que a qualidade que já havia decaído em Transformers: A Vingança dos Derrotados caiu ainda mais, graças ao fraco roteiro e, é claro, à direção de Bay.
Transformers 3 começa em 1961, quando uma nave Autobot, pilotada por Sentinel Prime, cai na Lua. Oito anos mais tarde, o governo norte-americano envia a Apollo 11 para investigar o ocorrido. Neil Armstrong e Buzz Aldrin pegam cinco pilares como amostra e voltam para a Terra. Depois disso pulamos para o presente, quando Optimus Prime e os outros Autobots resgatam Sentinel Prime e os outros pilares que estavam na Lua sem saber que tudo isso faz parte de um plano dos Decepticons para reconstruir Cybertron aqui na Terra. E cabe a Sam Witwicky ajudar a salvar o mundo pela terceira vez.
A história por si só já é um pouco absurda, mas o roteiro de Ehren Kruger consegue ir além. Os Decepticons, liderados mais uma vez por Megatron (que aqui parece mais um Sith de Star Wars), querem escravizar a raça humana para que esta possa reconstruir Cybertron. Mas em nenhum momento eles tentam escravizar os humanos, matando todos os que aparecem em sua frente sem nenhuma piedade. Ninguém avisou os vilões que eles ficarão sem ninguém para reconstruir o planeta caso continuem matando as pessoas?
Transformers 3 tenta ser um pouco mais sério do que os filmes anteriores, mas toda situação de perigo é desculpa para fazer as pessoas rirem, e é nesses momentos que o filme cai miseravelmente de qualidade. Quando um determinado personagem sabe que está em perigo, o modo como ele age é uma tentativa desesperada de fazer comédia, chegando ao auge no momento em que ele aparece caindo de um prédio. E o que dizer de Michael Bay dar importância para o piti de um soldado no meio de uma guerra, algo que surge irritante. O humor funciona um pouco apenas quando os dois mini-Autobots, Wheelie e Brains, aparecem em cena, algo que acontece muito pouco. Kruger não se preocupa nem com o desenvolvimento das novas figuras, como o chefe de Sam que é descartado rapidamente depois de ser usado (não sei o que John Malkovich viu no roteiro para aceitar fazer esse personagem).
Bay praticamente começa o filme tratando a personagem feminina como mero objeto sexual, assim como fez com Megan Fox. Aqui a bola da vez é a estreante Rosie Huntington-Whiteley, que tem a parte de trás como protagonista de sua primeira cena em um filme. Sua personagem, Carly, é a nova namorada de Sam. Então vem a pergunta: o que aconteceu com Mikaela? A explicação soa muito mais como um plano de vingança de Michael Bay para cima de Megan Fox pelos desentendimentos entre eles do que propriamente um ato da personagem. Afinal, ela ajudou Sam a salvar o mundo nos filmes anteriores, não sendo a típica “mocinha em perigo”, diferente do que acontece com Whiteley. Aliás, a modelo da Victoria’s Secret não tem uma beleza tão estonteante quanto sua antecessora e seus gritos são insuportáveis, além de surgir inexpressiva na maior parte do filme, mostrando ser uma atriz muito pior do que Fox.
As cenas de ação não empolgam. Bay até deixa um pouco de lado seus tradicionais travelings circulares, mas em compensação ele usa e abusa da câmera lenta para tentar dar mais impacto para as cenas. Porém, são poucos os momentos em que o efeito se encaixa. Outro efeito que Bay usa, com o mesmo propósito, são as pausas entre um corte e outro, mas elas não aparecem de forma orgânica, mostrando que Michael Bay parece não saber lidar com aquilo que nunca colocou em seus filmes. E não sei qual foi a necessidade que o diretor sentiu ao jogar um Decepticon já abatido contra um prédio (devia ter dinheiro sobrando no orçamento e resolveu gastar em mais uma explosão). E é estranho constatar que os robôs sangram.
Shia LaBeouf aparece carismático mais uma vez, interpretando o principal personagem de sua carreira até agora, mas é sabotado pelo roteiro que uma hora o faz gritar, outra hora o faz querer matar alguém, uma mudança bastante drástica para o personagem. Um detalhe sobre Sam é que ele evolui a cada filme. Se no primeiro Transformers ele estava no colégio e no segundo ele está na faculdade, aqui ele já está procurando emprego. Pena que essa evolução seja logo esquecida para que a história chegue logo na ação.
Transformers 3 me deixou triste e feliz. Triste por que essa temporada de blockbusters hollywoodianos está decepcionante. Feliz por que se eu sobrevivi a longas duas horas e meia desse filme, então acho que sobrevivo a qualquer coisa. Afinal, é o equivalente a uma hora de qualquer lixo cinematográfico de Aaron Seltzer e Jason Friedberg.
Cotação:

Carros 2

A Pixar é um dos melhores estúdios de animação da atualidade. Qualquer um que negar isso é completamente louco. Como prova de sua qualidade, desde que a categoria de Melhor Animação foi criada no Oscar a empresa produziu oito longas-metragens e todos foram indicados, sendo que seis levaram a estatueta para casa. Eu costumava me referir a esse estúdio como “Fábrica de Obras-Primas”, já que a maioria de seus filmes é espetacular, e os que não são obras-primas recebem pelo menos um “muito bom”. Mas Carros 2 é a prova de que nem a Pixar é perfeita, representando o primeiro filme fraco de sua história.
Escrito por Ben Queen e baseado no argumento de John Lasseter, Brad Lewis e Dan Fogelman, Carros 2 traz de volta os personagens do bom filme de 2006, além de novas figuras, em uma trama de espionagem. Relâmpago McQueen aceita participar de uma competição internacional criada por Miles Eixoderoda. Ele leva seu melhor amigo, Mate, para a viagem, mas o caipira é confundido com um agente americano e se envolve na missão de Finn McMíssil, um agente da inteligência britânica. Isso, é claro, acaba resultando em grandes confusões.
De início, Carros 2 parece ser uma homenagem aos filmes de espionagem no estilo de 007. Finn McMíssil é um típico carro de James Bond, cheio de apetrechos, assim como o vilão Professor Z parece ter sido tirado de um dos filmes do espião. A trilha sonora de Michael Giacchino também lembra muito os filmes de espionagem.
Mas essa percepção de “homenagem” acaba no momento em que o filme resolve investir em clichês, lembrando muito as fracas comédias de espionagem, como o remake de A Pantera Cor-de-Rosa e sua sequência, ambas estreladas por Steve Martin. A começar pelo protagonista, Mate (Relâmpago McQueen vira um mero coadjuvante). Ele é extremamente atrapalhado, a ponto de fazer algo certo sem querer (ora, isso não lembra o Inspetor Closeau ou Johnny English?). E para piorar a situação de Mate, ele é um personagem que consegue ser adorável e irritante em medidas iguais, sendo que a parte do “adorável” só mostra ser verdadeira por que o roteiro vive nos fazendo sentir pena do pobre guincho, já que sabemos que seus erros não são de propósito. As reviravoltas que ocorrem durante o filme não são nenhum pouco criativas, o que me fez pensar: “Este é um filme da Pixar?”.
Se o filme peca em termos de roteiro, o mesmo não pode ser dito quanto ao seu visual, quesito no qual John Lasseter (de volta à direção de um filme da Pixar depois do primeiro Carros) e seu co-diretor Brad Lewis merecem aplausos. Tóquio, Paris e Londres, cidades onde a história se passa, são perfeitamente concebidas. Aliás, é difícil dizer se Londres foi feita com imagens reais ou totalmente computadorizada, de tão bonita que aparece em cena. Algo que também é interessante no filme são as várias versões de carros, desde os japoneses com faixa vermelha na “cabeça” até os italianos com boca pequena.
Infelizmente visual não é tudo em um filme, e é uma pena ver a Pixar comemorar seus 25 anos de história com um filme como Carros 2. No ano em que as sequências estão deixando a desejar, até esse grande estúdio entrou na onda.
Obs.: O curta-metragem “Férias no Havaí”, com os personagens de Toy Story, é bom e nada mais do que isso, o que não deixa de ser decepcionante se compararmos com as três obras-primas que eles estrelaram.
Cotação: