quinta-feira, 25 de julho de 2013

Wolverine: Imortal

Wolverine é um dos melhores personagens do vasto universo de X-Men, e encontrou em Hugh Jackman um grande intérprete no cinema. Sendo assim, foi realmente uma pena que depois dos primeiros três (e belos) filmes da franquia, ele tenha ganhado um filme solo tão decepcionante como X-Men Origens: Wolverine, em 2009. Mas Logan (como também é conhecido) ainda tem histórias muito boas nos quadrinhos, e não é à toa que ele está de volta em mais um filme solo, que dessa vez adapta para as telonas o período que ele passou no Japão.
Escrito por Mark Bomback e Scott Frank em parceria com Christopher McQuarrie, Wolverine: Imortal ignora X-Men Origens: Wolverine e situa a história depois dos eventos de X-Men: O Confronto Final. Tendo que lidar com o fato de ter matado sua amada Jean Grey (Famke Janssen), Logan passa a viver praticamente como um andarilho, sem um destino específico. Até que a jovem Yukio (Rila Fukushima) o encontra e o leva para Tóquio a pedido de Yashida (Hal Yamanouchi), homem que ele salvou da bomba atômica em Nagazaki, nos tempos da Segunda Guerra Mundial, e que deseja ter seu poder de cura para escapar da morte. Chegando lá, Logan não só tem seu poder anulado, mas também se vê obrigado a proteger Mariko (Tao Okamoto), neta de Yashida e que vira alvo da Yakusa, a máfia japonesa.
Wolverine: Imortal procura mostrar um lado de Logan que é interessante (e que está mais do que escancarado no título que o filme ganhou aqui no Brasil). Ele não envelhece e não pode morrer de um jeito normal, e isso não deixa de ser uma espécie de maldição quando consideramos que ele vê as pessoas com as quais se importa morrerem. Quando reencontramos o personagem, vemos que ele frequentemente tem pesadelos envolvendo Jean, deixando claro o desejo que ele tem de se juntar a mulher que ama.Mas em meio a tudo isso entra também uma questão um pouco complexa, porque desistir desse poder seria o mesmo que desistir daquilo que ele é, o que apenas faz sua situação chamar ainda mais atenção.
No entanto, por mais que esse elemento seja bem estabelecido, o filme encontra problemas ao longo do caminho. As aparições de Jean, por exemplo, acabam ficando meio chatas depois de um tempo, e ainda quebram o ritmo da história. Além disso, o diretor James Mangold não chega a impor um tom de urgência ao filme, preferindo mostrar um Logan que fica vulnerável sem seu poder de cura, mas que mesmo assim parece ser invencível, já que quando sofre um ferimento ele fica apenas temporariamente abalado. Aliás, é até um furo no roteiro o fato de o personagem não curar alguns tiros que leva dos capangas da Yakusa, mas aparentar não ter problema nenhum quando suas garras de adamantium saem de suas mãos.
Mas vale dizer que Mangold conduz bem as cenas de ação, sendo que a sequência que se passa em um enterro e a outra envolvendo o famoso trem-bala estão entre os melhores momentos do filme. De vez em quando o diretor chacoalha demais a câmera, o que torna a ação um tanto incompreensível, mas felizmente isso acontece pouco ao longo da projeção. Por sinal, Mangold explora com eficiência as habilidades dos personagens, e nesse sentido o filme inclusive parece beber levemente da fonte de Os Vingadores, sendo Yukio uma ruiva acrobata como a Viúva Negra e o guarda-costas de Mariko, Harada (Will Yun Lee), um mestre do arco e flecha como o Gavião Arqueiro, o que é curioso. De qualquer forma, é uma pena que a luta final não consiga empolgar como as outras, contando ainda com uma reviravolta previsível no roteiro.
Enquanto isso, Hugh Jackman volta ao papel de Logan com sua habitual determinação, além de conseguir mostrar que a cultura japonesa parece não combinar muito bem com a personalidade do personagem, o que rende um momento particularmente divertido quando Logan é enviado para um banho. Já a bela Tao Okamoto consegue fazer de Mariko uma figura interessante o bastante para que o público passe a se importar com ela, ao passo que Rila Fukushima traz carisma para Yukio. E se Will Yun Lee surge apagado interpretando Harada, um personagem que não é muito essencial para a narrativa, a russa Svetlana Khodchenkova tem em Viper uma vilã que não poderia ser mais desinteressante, sendo mal desenvolvida pelo roteiro.
Apesar de seus problemas, Wolverine: Imortal ao menos tem um resultado final melhor do que aquele visto X-Men Origens: Wolverine, revelando ser uma obra satisfatória envolvendo um personagem muito querido pelo público.
Obs. 1: Há uma cena importantíssima durante os créditos finais. Não deixe de conferi-la.
Obs. 2: Não recomendo que o filme seja assistido na versão em 3D. Não só por ele não ter sido filmado nesse formato, mas também porque a conversão não traz absolutamente nada que justifique o ingresso mais caro.
Cotação:

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Turbo

Diferente do que está acontecendo com a Pixar (que não vem conseguindo empolgar muito depois do enorme sucesso de Toy Story 3), a DreamWorks vem lançando animações realmente interessantes. A produção deles é um pouco maior do que a do estúdio de John Lasseter, lançando dois a três filmes por ano ao invés de um, e apesar de algumas animações que eles fazem mostrarem não ser grandes coisas (como Madagascar 3, Kung Fu Panda 2 e Gato de Botas), ao mesmo tempo eles ainda conseguem realizar obras muito eficientes (como Como Treinar o Seu Dragão e A Origem dos Guardiões). Este ano, se a Pixar decepcionou um pouco com o apenas razoável Universidade Monstros, a DreamWorks surpreendeu com Os Croods e agora com Turbo, animação que parte de uma premissa curiosa por natureza: um caracol que tem a chance de ser muito rápido. E é bom ver que tal premissa é desenvolvida de maneira divertida e satisfatória.
Escrito pelo diretor David Soren em parceria com Darren Lemke e Robert D. Siegel, Turbo conta a história de Theo (voz de Ryan Reynolds na versão original), um caracol obcecado por velocidade e que tem como grande sonho ser um piloto de corridas. Isso faz com que ele seja motivo de piada na comunidade onde vive, além de ser visto como um embaraço por seu irmão, Chet (Paul Giamatti), um sujeito mais realista e que aceita as próprias limitações. Mas um dia, Theo é jogado dentro do motor de um carro tunado (igual àqueles que estamos acostumados a ver nos filmes da franquia Velozes & Furiosos), saindo dali incrivelmente veloz. É quando ele muda seu nome para Turbo e vai parar nas mãos do simpático Tito (Michael Peña), que pode ajudá-lo a realizar seu sonho inscrevendo-o nas 500 milhas de Indianápolis, onde encontraria seu grande ídolo, o piloto Guy Champeón (Bill Hader).
Turbo é uma típica história de “underdog”, sendo o protagonista uma figura que aparenta não poder ir muito longe em seu objetivo, mas que acaba surpreendendo e ganhando a torcida de todos. Até por isso, o filme é um pouco previsível, inclusive em suas reviravoltas, como quando um personagem aparentemente simpático ganha o papel de vilão da história. Mesmo assim, a produção funciona muito bem, principalmente por conseguir fazer com que nos importemos com o protagonista. Boa parte disso se deve a simpatia de Theo e o quanto ele acredita no próprio sonho, por mais absurdo que este aparente ser. Aliás, Theo não é o único personagem interessante do filme, já que figuras como Tito e seu irmão, Angelo (Luis Guzmán), e caracóis como Chicote (Samuel L. Jackson) e Sombra Branca (Michael Patrick Bell) também revelam ser muito carismáticos ao longo da projeção.
Além disso, Turbo é conduzido com uma energia contagiante pelo diretor David Soren. Durante o filme, Soren cria cenas que prendem a atenção do espectador, desde o momento em que Theo praticamente disputa uma corrida com um cortador de grama até a sequência em Indianápolis no terceiro ato. Constantemente o diretor ainda inclui cenas que mostram como a imaginação do protagonista funciona, o que torna o filme mais interessante e aproxima o público do personagem. De vez em quando o diretor também usa um pouco o slow motion, que rende belos momentos de se acompanhar na tela.
Para completar, Turbo conta com gags divertidas, como quando Theo leva tomatadas na cara em seu trabalho, ou a cena em que ele vai descobrindo seus novos poderes e liga seu “rádio interno”. Algumas gags se repetem ao longo da projeção, mais especificamente aquela em que Sombra Branca “se esconde” e a outra em que os caracóis agem tranquilamente quando corvos pegam algum membro de sua população, mas de modo geral as piadas do filme são bem sucedidas. Sem falar que os realizadores são criativos em certos pontos, como na maneira como os caracóis batem palmas ou no modo como é realizada a passagem do protagonista pelo pit stop durante a corrida.
Se a Pixar não voltar a brilhar como antes, é possível que seu reinado no campo das animações (que já dura um bom tempo) fique um tanto ameaçado. E Turbo pode ser mais um sinal de que a DreamWorks está preparada para assumir esse trono.
Cotação:

sábado, 13 de julho de 2013

Rock no Cinema

“For those about to rock, we salute you”.
Hoje é Dia Mundial do Rock, e dessa vez não estou muito a fim de deixar essa data passar em branco aqui no Brazilian Movie Guy. Sendo assim, fiz uma lista lembrando alguns filmes que tem uma temática de rock ‘n’ roll. Como sempre, a lista é pequena e vocês estão convidados a contribuir com ela nos comentários.
Então vamos aos filmes:
- Isto É Spinal Tap (This Is Spinal Tap), de Rob Reiner:
Sem dúvida um dos melhores filmes da década de 1980, Isto É Spinal Tap usa o formato mockumentary para registrar o retorno da banda fictícia Spinal Tap, que pretende fazer uma turnê nos Estados Unidos para divulgar seu novo disco. Vendo o filme, fica claro que a Spinal Tap é uma paródia de algumas bandas de rock, e o filme é divertidíssimo do início ao fim, repleto de momentos memoráveis (a cena em que o grupo se perde tentando encontrar o palco de seu show é apenas um deles).
- Escola de Rock (School of Rock), de Richard Linklater:
Quem precisa de matemática quando se tem o rock ‘n’ roll? É mais ou menos isso que passa pela cabeça de Dewey Finn (Jack Black). Depois de pegar um trabalho como professor substituto em uma escola, Dewey acaba transformando uma turma da 4ª série em uma verdadeira banda de rock, com o objetivo de ganhar a batalha das bandas. Escola de Rock é outro filme muito divertido, além de contar com uma bela atuação de Jack Black, que ainda tem uma dinâmica admirável com as crianças do elenco.
- O Último Concerto de Rock (The Last Waltz), de Martin Scorsese:
Um dos melhores documentários de música já feitos, O Último Concerto de Rock é admirável em todos os sentidos. O grande Martin Scorsese retrata brilhantemente o último show da formação original da The Band, que aproveitou para chamar vários outros artistas para tocar junto com eles nesse evento inesquecível, desde Neil Young até Bob Dylan. O resultado acaba sendo mais do que um show ou um documentário, e sim uma belíssima celebração da música. E é difícil não sair do filme sendo um fã da The Band. Crítica completa aqui.
- Quase Famosos (Almost Famous), de Cameron Crowe:
Durante sua adolescência, Cameron Crowe trabalhou como repórter da revista Rolling Stones, escrevendo artigos, fazendo entrevistas e acompanhando várias bandas de rock. Sendo assim, Quase Famosos é um filme semiautobiográfico, trazendo Patrick Fugit interpretando William Miller, repórter da Rolling Stone que recebe a tarefa de escrever sobre a banda Stillwater. Entrando em turnê com os membros do grupo, o rapaz acaba vivendo experiências inesquecíveis. Com uma história tratada com sensibilidade pelo diretor e um elenco afinado, Quase Famosos é sem dúvida um grande filme. Teve quatro indicações ao Oscar em 2001, tendo saído ganhador do prêmio de Melhor Roteiro Original, para Crowe.
- Alta Fidelidade (High Fidelity), de Stephen Frears:
Alta Fidelidade não poderia ficar de fora dessa lista. Afinal seu protagonista, Rob Gordon (John Cusack), faz listas sobre os mais variados assuntos. Dono de uma loja de discos de vinil, Rob passa por uma crise depois que sua namorada o deixou por outro cara. Com muito bom humor, uma ótima atuação de John Cusack (aliás, o fato de ele quebrar a quarta parede constantemente e falar com o espectador é uma das melhores coisas do filme) e excelentes músicas na trilha sonora (como não poderia ser diferente), Alta Fidelidade é uma excepcional adaptação do fantástico livro de Nick Hornby.
- Não Estou Lá (I’m Not There), de Todd Haynes:
Bob Dylan é uma figura curiosa, já tendo passado por várias fases ao longo de sua carreira. Com isso em mente, o diretor Todd Haynes faz em Não Estou Lá uma cinebiografia atípica: traz seis atores (Christian Bale, Heath Ledger, Cate Blanchett, Ben Whishaw, Richard Gere e Marcus Carl Franklin) para interpretar todas as faces que o músico já teve. O resultado é um filme que capta de maneira muito fiel e brilhante toda a vida de Dylan.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

O Homem de Aço

A carreira de Superman nos cinemas não é das melhores. Depois de ter sido levado para as telonas em 1978 no excelente Superman: O Filme, de Richard Donner, o herói seguiu suas aventuras de maneira razoável em Superman II, mas afundou completamente nos desastrosos Superman III e Superman IV: Em Busca da Paz. Foram necessários quase 20 anos para que o personagem voltasse a protagonizar um filme, mas a tentativa de ressuscitá-lo em Superman: O Retorno ainda foi muito decepcionante. Sendo assim, um reboot não deixa de ser algo bem-vindo e até mesmo necessário, assim como foi com Batman depois do que aconteceu com ele a partir da metade da década de 1990. Nesse sentido, O Homem de Aço é bem sucedido no quesito de reapresentar o personagem e colocar sua história de volta nos trilhos cinematográficos, e até por isso chega a ser uma pena que o filme tenha alguns problemas graves que prejudiquem o resultado final.
Escrito por David S. Goyer a partir do argumento concebido por ele em parceria com o produtor Christopher Nolan (ambos responsáveis pela ressurreição de Batman, na excepcional trilogia finalizada no ano passado), O Homem de Aço começa no planeta Krypton, mostrando o nascimento de Kal-El em tempos apocalípticos do lugar, o que faz seu pai, Jor-El (Russell Crowe), enviá-lo a Terra como uma maneira de salvar sua raça. Lá ele se torna Clark Kent, filho adotivo dos fazendeiros Jonathan e Martha Kent (Kevin Costner e Diane Lane, respectivamente). Quando adulto (e interpretado por Henry Cavill), Clark tenta encontrar respostas sobre sua verdadeira natureza, tendo mais tarde que evitar a destruição da Terra pelas mãos de seres de seu planeta natal, liderados pelo General Zod (Michael Shannon).
O Homem de Aço começa impressionando em sua sequência inicial, que se passa em Krypton. Não só por esta contar com um ótimo trabalho de design de produção e efeitos visuais (que transportam brilhantemente para a tela toda a grandiosidade do planeta), mas também por apresentar eficientemente a história e os personagens. E a destruição do lugar é muito bem conduzida pelo diretor Zack Snyder (de quem sou um admirador confesso), que dá um tom melancólico ao que está acontecendo e capricha nos combates envolvendo Jor-El e Zod.
No entanto, no exato momento em que o filme sai de Krypton e nos apresenta rapidamente a um Clark adulto, o roteiro já revela um problema que percorre boa parte da narrativa: a estrutura da história. Ao mesmo tempo em que acompanha Clark em busca das respostas que tanto deseja (e salvando algumas pessoas no caminho), o roteiro tenta mostrar como foi a vida do protagonista até chegar àquele ponto, passando por sua infância e por sua adolescência, fazendo isso através de flashbacks cujo conteúdo é interessante, como quando Clark descobre seus poderes em uma sala de aula ou salva um ônibus escolar. O problema é que tais flashbacks, infelizmente, surgem pouco orgânicos na trama, sempre quebrando o ritmo do filme. Pra piorar, o roteiro demonstra não ter a calma necessária para desenvolver a história, e quando Clark aparece como Superman isso parece ocorrer um tanto repentinamente, o que é uma pena.
Tudo isso parece acontecer para dar maior prioridade às cenas de ação. No entanto, por mais que a direção de Zack Snyder nessas sequências seja competente, infelizmente a maioria delas consiste basicamente em Superman e Zod se socando de um lado para o outro, mostrando suas forças enquanto causam uma verdadeira destruição por onde passam, o que decepciona por ficar repetitivo depois de um tempo. Além disso, é lamentável que Snyder se controle demais ao longo do filme, não mostrando muito as características que são marcas registradas de seu trabalho, desde seu senso estético (que aparece com mais força apenas nas cenas em Krypton) até o próprio slow motion (que não dá as caras em nenhum momento). De qualquer forma, Snyder constrói belos momentos ao longo da projeção, como a triste cena envolvendo um tornado e o plano que traz Superman de pé diante de milhões de crânios, que deve ser uma das melhores coisas que o cineasta já fez em sua carreira até agora.
Mas Snyder e David S. Goyer acertam no principal ponto do filme, que é o modo como tratam o protagonista. Sendo ele uma figura incomum em um mundo que teme qualquer coisa que desconheça, é bom ver que existe uma preocupação em deixar claro que não há como saber qual exatamente seria a reação das pessoas caso se deparassem com alguém tão poderoso (aliás, mais do que isso, porque primeiramente estamos falando de um ser que veio de outro planeta), o que inclusive é ressaltado pelo editor do Planeta Diário, Perry White (vivido com segurança por Lawrence Fishburne). Isso é algo que torna o drama existencial de Clark e a solidão que ele sente ainda mais interessantes, e de certa forma ajuda a aproximar o espectador do personagem.
Enquanto isso, no elenco, se Michael Shannon compõe o General Zod com uma presença sempre forte, Amy Adams não chega a fazer de Lois Lane uma figura cativante, ao passo que Diane Lane traz uma ternura admirável para Martha Kent. Já Kevin Costner tem uma participação pequena, mas marcante, deixando clara a preocupação de Jonathan Kent com relação ao que pode acontecer com seu filho, enquanto Russell Crowe surge sempre com uma grande presença em cena como Jor-El, passando um ar de sabedoria essencial para o personagem.
Mas quem consegue se destacar (e surpreender) mesmo é o protagonista Henry Cavill. Com carisma e determinação, Cavill faz de Clark Kent um personagem com o qual o público pode simpatizar com certa facilidade, além de retratar bem os dramas pelos quais ele passa. E quando veste o uniforme de Superman e encara outras pessoas (em especial os militares), é interessante ver que o ator muda sutilmente o tom de voz e até mesmo a postura, tornando-se uma figura um pouco mais imponente. Claro que Cavill não chega a ser tão bom quanto Reeve, mas certamente revela ser infinitamente melhor do que o fraco Brandon Routh, intérprete anterior do personagem.
Embalado ainda pela bela trilha composta por Hans Zimmer, O Homem de Aço pode não ser um grande filme, mas é um retorno eficiente de Superman às telonas. E ao final da projeção, fica a curiosidade com relação ao que será feito na eventual continuação.
Cotação:

quarta-feira, 10 de julho de 2013

O Cavaleiro Solitário

Conheço muito pouco sobre O Cavaleiro Solitário, série que já teve versões tanto para o rádio quanto para a TV e que fez sucesso principalmente entre as décadas de 1930 e 1950, trazendo o personagem-título em grandes aventuras ao lado de seu fiel parceiro, o índio Tonto. Dessa vez a série é adaptada para os cinemas nesta superprodução da Disney, comandada pelo talentoso e versátil Gore Verbinski (o mesmo diretor da ótima trilogia inicial de Piratas do Caribe, do excepcional Rango, entre outros), em uma nova tentativa do estúdio de montar uma franquia, depois dos recentes fracassos de obras como Príncipe da Pérsia e John Carter.
Escrito por Ted Elliott e Terry Rossio (os mesmos roteiristas de Piratas do Caribe) em parceria com Justin Haythe, O Cavaleiro Solitário tem início em 1933, mostrando Tonto (Johnny Depp) contando a história do personagem-título a um garoto. Nisso voltamos a 1869 e somos apresentados ao advogado John Reid (Armie Hammer), que volta a cidade de Colby e reencontra seu irmão, o ranger Dan (James Badge Dale). Durante uma ronda pelo deserto atrás de alguns bandidos, os irmãos e outros rangers entram em uma emboscada organizada pelo cruel Butch Cavendish (William Fichtner). Mas John sobrevive com a ajuda de Tonto, e juntos eles formam uma dupla inusitada, que passa a ter como objetivo encontrar Cavendish e fazer justiça.
O que chama a atenção inicialmente em O Cavaleiro Solitário é sua estrutura, com o roteiro tentando acompanhar tanto as ações dos protagonistas em 1869 quanto Tonto falando com o menino em 1933. Sendo assim, a montagem da dupla James Haygood e Craig Wood merece créditos por conseguir acompanhar essas duas partes do filme sem nunca quebrar o ritmo da história, fazendo transições de cena sempre muito orgânicas. No entanto, em alguns momentos o próprio roteiro atrapalha um pouco o modo como a história é contada, já que ele às vezes prefere não mostrar imediatamente uma ação importante dos personagens, apenas para mais tarde praticamente parar o filme para deixar claro o que eles fizeram (uma explicação que nem sempre é necessária).
Mas não é só isso. Os heróis frequentemente aparecem discutindo, até por terem personalidades muito distintas, o que de certa forma torna o relacionamento entre eles um tanto formuláico, resultando em um conflito clichê e previsível. Além disso, o roteiro investe demais em certas gags que perdem a graça depois de um tempo, como quando Tonto ressalta que a natureza está em desequilíbrio ou quando vários personagens questionam o detalhe de John usar uma máscara. Para completar, apesar de a trama ser bastante simples, os roteiristas a enrolam mais do que o necessário, e a própria duração do filme poderia ser menor.
Mesmo assim, O Cavaleiro Solitário ainda prende a atenção, o que se deve em grande parte a direção de Gore Verbinski. As cenas de ação se tornam alguns dos pontos altos da projeção, com o cineasta criando momentos tensos (como a emboscada de Cavendish) e empolgantes (como a sequência inicial no trem). Mas é no terceiro ato que o filme ganha força total, com uma sequência que dura cerca de dez minutos na tela e que se revela absolutamente brilhante, com a dinâmica entre os personagens funcionando muito bem enquanto que Verbinski comanda tudo de maneira criativa e divertida. E vale dizer também que apesar de a trilha de Hans Zimmer ter poucos momentos realmente inspirados, nesta sequência o compositor faz uma ótima versão da parte final da "William Tell Overture" criada por Gioachinno Rossini, que servia como música-tema da série original.
Quanto ao elenco, Armie Hammer traz um carisma essencial para John Reid, fazendo dele um personagem que tenta ser justo sempre que pode, enquanto que Johnny Depp aparece contido como Tonto, criando uma figura que mantém a calma mesmo quando a situação pediria o contrário. Aliás, Tonto vira um alívio cômico ao lado do cavalo de John, e Depp consegue divertir na maior parte do tempo (“Tem algo errado com esse cavalo”, diz ele em uma das cenas mais engraçados do filme), ainda que de vez em quando o roteiro pareça estar apenas desesperado para causar o riso. Enquanto isso, Ruth Wilson surge apagada como Rebecca, o interesse amoroso de John, ao passo que Helena Bonham Carter rouba a cena sempre que aparece interpretando Red Harrington, o que torna lamentável o fato de ela ter pouquíssimas cenas. E se Tom Wilkinson faz o possível com seu Latham Cole, William Fichtner transforma o bizarro Butch Cavendish em um vilão que chega a ser mais interessante do que os heróis.
Apesar de não ser um filme particularmente marcante, O Cavaleiro Solitário ao menos se revela como um passatempo divertido. Mas considerando o fracasso financeiro do projeto, talvez não tenha sido dessa vez que a Disney encontrou uma nova franquia.
Cotação:

sábado, 6 de julho de 2013

Protestos no Cinema

Com toda essa onda de protestos que está mexendo com o Brasil nas últimas semanas, resolvi fazer uma pequena lista com alguns filmes que contam com manifestações em meio a suas histórias. Não há como citar todos os filmes que envolvam protestos (vocês podem contribuir com isso nos comentários se quiserem), mas peço desculpas de antemão por deixar algumas produções de fora.
Então vamos à lista:
- No, de Pablo Larraín:
Em 1988, foi organizado um plebiscito onde a população chilena deveria votar “Sim” ou “Não” quanto à permanência do governo do general Augusto Pinochet, que na época estava há quinze no poder. Nisso, René Saavendra (Gael García Bernal) é chamado para cuidar da campanha do “Não”, que aos poucos vai ganhando as ruas para a surpresa de todos. Com uma belíssima fotografia no estilo de imagens de arquivo, No é uma verdadeira imersão em um período importantíssimo do Chile, tendo merecido sua indicação ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro esse ano.
- V de Vingança (V For Vendetta), de James McTeigue:
Impossível não colocar esse filme em uma lista como essa, considerando que a máscara de Guy Fawkes usada por seu protagonista está sendo utilizada constantemente em qualquer tipo de protesto. Ótima adaptação da graphic novel de Alan Moore, V de Vingança se passa em um futuro não muito distante e traz o anarquista V (Hugo Weaving) em uma luta para derrubar o regime totalitário imposto na Inglaterra, contando para isso com a ajuda da jovem Evey Hammond (Natalie Portman). Um filme que funciona não só como uma produção de ação, mas também como uma crítica política e social das mais eficientes.
- Domingo Sangrento (Bloody Sunday), de Paul Greengrass:
Domingo Sangrento pode ser uma sessão ideal para o período que estamos vivendo no Brasil, pelo fato de várias pessoas que estão agindo pacificamente nos manifestos estarem sendo surradas pela polícia militar. Em 1972, um trágico acontecimento ocorreu na Irlanda, quando o exército britânico abriu fogo contra um grupo de manifestantes desarmados, que fazia um protesto por direitos civis. O episódio foi retratado brilhantemente no filme pelo grande Paul Greengrass, que com seu conhecido estilo documental consegue mostrar de maneira crua e impactante todos os lados da tragédia.
- How to Survive a Plague, de David France:
Indicado a Melhor Documentário no último Oscar, How to Survive a Plague retrata os esforços de várias pessoas que buscaram durante muito tempo fazer da AIDS uma doença tratável. Contando com entrevistas de líderes do Act Up e do TAG (grupos ativistas que se formaram entre as décadas de 1980 e 1990) além de imagens de arquivo, o filme mostra em detalhes todas as dificuldades que essas pessoas passaram para cumprir seu objetivo, que trouxe melhorias consideráveis para o tratamento da doença.
- Watchmen: O Filme (Watchmen), de Zack Snyder:
Uma das melhores cenas de Watchmen se passa em meio a uma manifestação. Nesse caso, as pessoas estão totalmente contra os vigilantes, e acabam sendo paradas brutalmente pelo Comediante (Jeffrey Dean Morgan), que ao ser confrontado por seu companheiro Coruja (Patrick Wilson) diz que o chamado “sonho americano” se tornou realidade. Uma bela cena em uma grande adaptação dos quadrinhos.