John Green vem se destacando nos últimos anos graças a sua carreira
literária e ao seu canal de vídeos no YouTube (no qual discute assuntos
interessantes de um jeito rápido e divertido). Mas mesmo sendo talentoso
como escritor, A Culpa é das Estrelas talvez seja sua obra
mais irregular, simpática em algumas partes e boba em outras. Mas é o
livro responsável por seu sucesso absoluto. Não à toa, é o primeiro a
ganhar as telas de cinema. Afinal, quando um romance se torna tão
popular, a ideia de uma adaptação cinematográfica entra em
desenvolvimento quase que naturalmente.
Escrito por Scott Neustadter e Michael H. Weber (que recentemente escreveram o ótimo The Spectacular Now), A Culpa é das Estrelas nos apresenta a Hazel Grace Lancaster (Shailene Woodley), jovem que está numa batalha contra um câncer há alguns anos, sentindo que a qualquer momento ele irá tomar a sua vida. É então que em uma das reuniões de seu grupo de apoio ela conhece Augustus Waters (Ansel Elgort), que perdeu a perna por causa da doença, mas conseguiu sobreviver a ela. Juntos, Hanzel e Gus iniciam um relacionamento no qual se completam e que os faz aproveitar o tempo que lhes resta juntos, incluindo aí uma viagem para conhecer Peter Van Houten (Willem Dafoe), o escritor favorito da garota.
O diretor Josh Boone (responsável pelo bom Ligados Pelo Amor), conduz o filme com sensibilidade, trazendo uma fluidez admirável para o desenrolar da história. É um detalhe que também se deve ao roteiro, construído com calma e naturalidade. E pelo fato da protagonista ter uma doença que é quase uma bomba, podendo explodir a qualquer momento, o realizador merece créditos por sempre dar atenção à condição da garota (como o desgaste físico que sente em vários momentos), criando tensão quando isso se mostra necessário. Mas ainda que isso ocupe uma parte respeitável da narrativa, A Culpa é das Estrelas é pontuado com curiosos momentos de humor – mesmo que alguns sejam mais bobos – possibilitando uma bem-vinda descontração.
Se Hazel e Gus fossem desinteressantes, A Culpa é das Estrelas certamente seria um fracasso. Por sorte, o relacionamento deles se segura principalmente por causa de seus intérpretes, que têm belas atuações e mostram uma química invejável em cena. Shailene Woodley (que ao lado de Jennifer Lawrence é uma das jovens atrizes que mais vem merecendo atenção nos últimos anos) surge absolutamente adorável como a protagonista, ao mesmo tempo em que faz dela uma garota forte e realista com relação à própria condição. Já Ansel Elgort (que interpretou o irmão de Woodley no recente Divergente) encarna a contraparte masculina com carisma, oferecendo senso de humor e charme para o personagem. Assim, é fácil para o espectador se importar com aquelas figuras e com o que elas estão vivendo. No elenco, também vale destacar Laura Dern e Sam Trammel, como os afetuosos pais de Hazel, além de um excêntrico Willem Dafoe no papel de Peter Van Houten
.Porém, nem tudo é as mil maravilhas em A Culpa é das Estrelas. Um dos problemas é a construção do enredo, que ao buscar uma maior fidelidade ao livro, termina por inserir cenas que até funcionam isoladamente, mas que quando vistas no contexto cinematográfico praticamente param o desenrolar da trama, não a levando para frente e alongando-a desnecessariamente. Exemplo disso é a sequência em que Isaac (Nat Wolff), amigo do casal, joga ovos em um carro. No entanto, o principal problema vem no terço final, quando o filme infelizmente se entrega a certos clichês. É então que a produção passa a apelar para o choro do espectador de maneira artificial, enfraquecendo a narrativa. Mesmo assim, assistir a A Culpa é das Estrelas se revela uma experiência agradável durante a maior parte do tempo, o que não deixa de ser uma boa surpresa.
Nota: