quinta-feira, 16 de junho de 2022

Lightyear

É difícil não ver Lightyear como uma produção caça-níquel feita pela Pixar. Com uma aparente falta de planos para Toy Story, franquia carro-chefe do estúdio, realizar um longa focado na figura que inspirou o brinquedo coprotagonista daqueles filmes parece ser só mais uma nova maneira encontrada de explorar aquela boa e velha propriedade. E nem podemos dizer que isso não foi feito de alguma forma antes, já que há 20 anos tivemos a série animada Buzz Lightyear do Comando Estelar. Mas motivações do projeto à parte, o diretor Angus MacLane aproveita bem o material que tem em mãos para realizar uma divertida aventura de ficção científica, ainda que longe do que o estúdio já fez de melhor.

Em Lightyear, encontramos o personagem-título (dublado na versão original por Chris Evans) em meio a uma missão com sua equipe em um planeta hostil, onde ele e toda sua tripulação acabam ficando presos após um acidente. Se sentindo culpado pela situação, Buzz não desiste por nada da ideia de levar todos de volta para a Terra, se juntando no processo a um grupo de recrutas iniciantes liderados por Izzy (Keke Palmer) e enfrentando ameaças robóticas inesperadas.

Além de contar com o perfeccionismo técnico comum dos filmes da Pixar (dessa vez fiquei particularmente surpreso com a verossimilhança dos rostos suados dos personagens), Lightyear claramente se inspira em grandes clássicos de ficção científica (como 2001: Uma Odisseia no Espaço e Star Wars) até clássicos mais recentes (como Gravidade) para montar uma narrativa que entretenha. E nisso o filme não desaponta, apresentando sequências de ação divertidas e chegando a exibir até certa ambição ao brincar com o espaço-tempo. É algo que inclusive serve para realçar o próprio arco dramático de Buzz, que aqui surge como uma figura determinada e leal (como já havíamos visto em Toy Story), e que por isso mesmo tem um foco tão grande em cumprir uma missão que acaba deixando de viver e notar o que ocorre ao seu redor. Mas por melhor que o roteiro se saia ao desenvolver os dramas de Buzz e outros personagens humanos, é preciso dizer que o gato robótico SOX (dublado por Peter Sonh) rouba o filme sempre que aparece, nos conquistando com seu carisma e suas tiradas.

Lightyear perde pontos mesmo é em seu terceiro ato, que frustra ao exibir certa pressa para finalizar a trama, resolvendo alguns pontos de maneira excessivamente simples. A sensação acaba sendo de que ganhamos uma recompensa que não chega à altura de todo o trabalho que foi feito. De qualquer forma, trata-se de uma aventura válida no universo de um personagem carismático, e não ficarei surpreso se isso futuramente nos levar a uma produção mostrando os casos de Woody e companhia no Velho Oeste.

Obs.: Há algumas cenas adicionais durante os créditos finais.

Nota: