domingo, 29 de agosto de 2010

Karate Kid

Quando Karate Kid: A Hora da Verdade foi lançado em 1984, o que mais chamava a atenção era o fato de o protagonista, Daniel Larusso, aprender caratê de modos nunca antes vistos. Felizmente, Karate Kid (The Karate Kid) mantém o espírito de seu original e entra para o hall das refilmagens que deram certo, fazendo companhia a filmes como Cidade dos Anjos, Quatro Irmãos e Uma Saída de Mestre.
A história deste filme é basicamente a mesma do original, mas agora os panos de fundo são a China e o kung-fu. Dre Parker (Jaden Smith, filho de Will Smith e Jada Pinkett Smith) é um menino que se muda para o país asiático junto de sua mãe (Taraji P. Henson). Lá, ele acaba arranjando problemas com alguns garotos e é sempre perseguido por eles. Até que o Sr. Han (Jackie Chan) aparece em sua vida e faz um acordo com o professor de kung-fu dos pequenos vilões: eles deixam Dre em paz enquanto o garoto se prepara para o torneio local.
Se em Karate Kid: A Hora da Verdade Daniel Larusso aprendeu caratê encerando o carro de Miyagi e pintando a cerca da casa dele, neste remake Dre aprende kung-fu tirando e botando a própria jaqueta.
O fato de o caratê ter sido substituído pelo kung-fu deu a opção de golpes mais elásticos para as cenas de luta. Aliás, tais cenas são muito bem coreografadas e se tornam muito legais de serem vistas.
Tudo no Karate Kid original está eternizado. Ralph Macchio e Pat Morita sempre serão lembrados por seus personagens Daniel Larusso e Sr. Miyagi. Mas isso não muda o fato de que Jaden Smith e Jackie Chan estarem ótimos na nova produção. Há uma cena que mostra uma tragédia na vida do Sr. Han (algo que o Sr. Miyagi também havia sofrido). Mas essa cena fica muito mais bonita e emocionante neste remake graças às atuações dos dois novos intérpretes.
Finalizado com um golpe sensacional, Karate Kid é uma das grandes surpresas deste ano. E como todo sucesso inesperado tem uma continuação, já podemos esperar por um Karate Kid 2.
Cotação:

domingo, 15 de agosto de 2010

Os Mercenários

Os Mercenários (The Expendables) é um filme feito especialmente para os fãs de ação. Sylvester Stallone, diretor do filme e um dos grandes astros do gênero, conseguiu fazer o que parecia ser impossível: colocar vários astros de ação em uma produção. Digo que parecia impossível por que nunca havia sido feito. Jason Staham (o grande nome dos filmes de ação atuais), Jet Li, Arnold Schwarzenegger, Bruce Willis, Dolph Lundgren e o próprio Stallone. Só faltou Jean-Claude Van Damme. Mas, infelizmente, Os Mercenários é um filme muito comum à outras produções do gênero.
Escrito por Sylvester Stallone e Dave Callaham, o filme mostra um grupo de mercenários liderados por Barney Ross (Stallone) que recebe a missão de ir para um país fictício chamado Vilena, na América do Sul, e derrubar um ditador. Lá, eles recebem a ajuda de Sandra (vivida pela brasileira Giselle Itié), e veem como é difícil a situação de morte e destruição naquele país.
Stallone consegue colocar no filme todos os elementos de ação, desde explosões até cenas de luta. Mas é só isso. Os Mercenários é um filme que deveria acrescentar algo ao gênero, mas acaba se concentrando demais em coisas que já estamos acostumados a ver. O excesso de violência que vemos no filme é algo que podemos dizer ser marca do diretor, por que ele colocou o mesmo exagero em Rambo 4.
Outro ponto fraco de Os Mercenários é que, por se tratar de um grupo, cada um dos personagens deveria ter uma função, mas nunca fica claro o que exatamente eles fazem.
Particularmente, gostei de duas cenas muito bem boladas: uma luta entre Jet Li e Dolph Lundgren (dois caras que só sabem dar socos e pontapés em seus filmes) e o encontro de Stallone com Bruce Willis e Arnold Schwarzenegger.
O elenco tem poucos destaques. Stallone parece ter voltado a ser um bom ator quando voltou às telas para aposentar seus personagens mais famosos: Rocky Balboa e John Rambo. E é bom ver que ele não diminuiu o seu ritmo. Outro destaque é o grande Mickey Rourke, que não é muito conhecido por filmes de ação. Seu personagem Tool é um ex-mercenário traumatizado pela profissão. E Jason Statham se saí bem interpretando Lee Christmas, o personagem mais bem desenvolvido do filme. Isso por que ele parece ser o único mercenário que tem uma vida fora da profissão.
Por que Os Mercenários é um filme que vale a pena assistir? A resposta é muito simples: não é todo dia que vemos tantos astros de ação juntos em um só filme.
Cotação:

domingo, 8 de agosto de 2010

A Origem

Nunca me preparei tanto para a estreia de um filme. Antes de ir assistir A Origem (Inception) eu li a história em quadrinhos The Cobol Job, que mostra o que aconteceu antes da trama do filme, me diverti no jogo Mind Crime e consegui rever todos os outros filmes dirigidos por Christopher Nolan, desde de Following até Batman – O Cavaleiro das Trevas. Fiz tudo isso para já me sentir familiarizado com o novo filme que o diretor está apresentando. Toda a minha expectativa foi muito bem recompensada com um dos filmes mais geniais de todos os tempos.
A Origem é o primeiro longa completamente original de Christopher Nolan desde sua estreia em Following. Depois do sucesso arrasador de Batman – O Cavaleiro das Trevas, Nolan ganhou o direito de escolher a produção que quisesse dirigir. Optou pelo filme mais ambicioso, que ele devia estar a tempos querendo fazer. A Origem é um projeto que Nolan começou a desenvolver na época em que estava lançando Insônia, ou seja, oito anos atrás. Arrisco dizer que A Origem é para Christopher Nolan o que Avatar foi para James Cameron (que precisou de quase quinze anos para levar o filme às telas).
Em A Origem, Christopher Nolan explora o mundo dos sonhos. Dom Cobb é um extrator, um cara especializado em roubar segredos das pessoas enquanto elas estão sonhando. Isso se dá através de uma técnica de compartilhamento de sonhos. Para poder voltar para casa, Cobb aceita um trabalho proposto por Saito: ao invés de roubar, ele deve plantar uma ideia. Isso é chamado de Inserção (Inception, como diz o título original). O alvo é Robert Fisher, herdeiro da empresa rival de Saito. Para plantar a ideia, Cobb monta a sua equipe: Arthur, Ariadne, Eames, Yusuf e o próprio Saito.
Um fato interessante sobre Christopher Nolan é que ele é um diretor que não tem pressa nenhuma para contar as suas histórias. Em A Origem não é diferente. O diretor sabe que o mundo dos sonhos não é algo que as pessoas dominam. Durante as duas horas e meia de filme (que, por sinal, foram as mais rápidas da minha vida), Nolan explica cada detalhe da trama, não deixando nenhum furo.
Vários elementos dos sonhos são empregados de modo inteligente pelo diretor em seu roteiro genial:
- Quando sonhamos que estamos caindo, inevitavelmente acabamos acordando. Este seria o “chute” que os personagens tanto usam.
- O fato de nós acordarmos depois de morrer no sonho.
- O tempo no sonho é diferente na vida real.
- Nunca lembramos como nossos sonhos começaram.
Algo que também achei muito legal no filme foi a técnica de se defender das invasões nos sonhos. Essa técnica acaba resultando em cenas de ação de tirar o fôlego.
Se Nolan capricha no roteiro, nem preciso falar de seu trabalho na direção, que é simplesmente espetacular. Ele cria cenas incríveis, desde a demolição de um sonho até uma luta que desafia a gravidade. Mas acho que o mais marcante em seu trabalho é o modo como ele consegue transitar entre três sonhos ao mesmo tempo, algo crucial para a história.
Mas A Origem não teria o mesmo impacto se não tivesse um grande elenco envolvido. Neste quesito, o filme está muito bem servido, pois personagens fascinantes ganham os rostos de atores de primeira, em atuações brilhantes.
Leonardo DiCaprio nos entrega sua segunda grande atuação em 2010 (ele esteve em Ilha do Medo, no início do ano). Cobb é o melhor na arte de roubar os segredos das pessoas. Ele ainda sofre por ter perdido a esposa, e o único jeito de vê-la é através dos sonhos. O fato de ele correr todos os riscos possíveis para ver seus filhos de novo faz dele um personagem ainda mais fascinante.
Joseph Gordon-Levitt, um ator que admiro desde que estrelou 10 Coisas Que Eu Odeio Em Você, interpreta Arthur, que seria o braço direito de Cobb. Arthur é o cara que cuida dos detalhes da operação, como pesquisar os históricos dos alvos. É também o primeiro a acordar para ter certeza de que tudo está correndo bem.
Ellen Page, uma das atrizes mais promissoras atualmente, interpreta a arquiteta Ariadne. É ela quem constrói o sonho. Cada prédio ou objeto do sonho é ela quem insere. Sendo a novata do grupo, Ariadne tenta saber onde realmente está se metendo, explorando principalmente cada passo de Cobb.
O desconhecido Tom Hardy está excelente no papel do falsificador Eames. O personagem se “transforma” nas pessoas em quem os alvos confiam. Assim, ele pode ganhar informações mais facilmente e também convencer os alvos a fazer certas coisas. Algo engraçado é o relacionamento dele com Arthur, pois os dois parecem competir um com o outro.
Ken Watanabe, que já havia trabalhado com Christopher Nolan em Batman Begins, interpreta Saito, que é chamado de turista por não ser necessário no grupo. Saito não deveria estar ali. Ele só resolve entrar na brincadeira para ter certeza de que o resto do grupo está fazendo o trabalho pelo qual ele está pagando. Mas durante o filme, se revela um componente essencial.
Marion Cotillard interpreta Mal, a falecida esposa de Cobb que aparece nos sonhos. Ela é apenas uma projeção da mente de Cobb e acaba por atrapalhar os planos do marido. Como o único jeito de Cobb vê-la é através dos sonhos, ele nunca tem coragem de mata-la em seus planos, pois o que ele quer realmente é que a imagem dela seja real e tudo volte a ser como antes.
Cillian Murphy, outro ator que já havia trabalhado com Nolan em Batman Begins e Batman – O Cavaleiro das Trevas, interpreta o alvo Robert Fischer. Ele tem um duro relacionamento com o pai, que está prestes a morrer. Fischer acaba por ser um grande desafio para o grupo de Cobb, por que roubar uma ideia é mais fácil do que plantar uma. Além disso, Fisher foi treinado para proteger seus segredos, o que torna o trabalho ainda mais difícil.
O ator Dileep Rao (que apareceu ano passado em Arraste-Me Para o Inferno e Avatar) interpreta o químico Yusuf. Ele desenvolve o sedativo que deixa os outros componentes do grupo sonhando em diferentes estados.
Fechando o elenco estão Tom Berenger, no papel de Peter Browning, Pete Postlethwaite, no papel de Maurice Fischer, e o ótimo Michael Caine, outro grande parceiro de Christopher Nolan, em uma pequena participação como Miles, professor de Ariadne e sogro de Cobb.
A Origem mostra, mais uma vez, que Christopher Nolan se superou. Espero que desta vez a Academia não seja injusta com o diretor, como foi com Batman – O Cavaleiro das Trevas. É muito bom admitir que o seu diretor favorito é um gênio, e finalmente posso afirmar isso.
Cotação:

domingo, 1 de agosto de 2010

Dicas de Filmes - Agosto

Como estou comemorando a chegada de A Origem no dia 6, minhas dicas deste mês são os filmes dirigidos por Christopher Nolan. Na minha opinião, Nolan tem uma visão impressionante, por isso seus filmes são geniais.
Então, vamos direto ao assunto:
- Following (1998) - *****: em sua estreia na direção de um longa, depois de ter feito o ótimo curta Doodlebug, Nolan conta a história de um jovem escritor que segue pessoas para observá-las. É quando ele segue Cobb, o cara errado. Cobb o ensina a invadir a casa das pessoas e roubar o que quiser. Following é um quebra-cabeça muito bem elaborado, onde todo detalhe é importante. O filme também nos dá uma idéia de como seria uma das obras-primas do diretor, Amnésia. A reviravolta no final é muito inteligente.
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- Amnésia (2000) - *****: em seu segundo filme, Christopher Nolan já consegue um elenco de dar inveja em muitos iniciantes. Baseado em uma história escrita por seu irmão, Jonathan Nolan, Amnésia ficou conhecido como “o filme feito de trás para frente”. Vamos ver se eu consigo explicar isso: a primeira cena só faz sentido por causa da segunda cena, e assim por diante. A história mostra Leonard (Guy Pearce), um homem que investiga o assassinato de sua esposa, que foi estuprada e assassinada. O problema é que Leonard sofre daquele problema de não conseguir guardar memórias recentes. Por isso você pode pensar: “Se ele encontrar o assassino, como ele vai saber que o encontrou?”. O elenco ainda conta com Carrie-Anne Moss e Joe Pantoliano. Amnésia foi indicado a dois Oscar: Melhor Roteiro Original, para Nolan e seu irmão, e Melhor Edição.
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- Insônia (2002) - ****: é o único filme no qual Christopher Nolan não escreveu o roteiro, apenas dirigiu. Baseado em um filme norueguês de mesmo nome, Insônia mostra Will Dormer (Al Pacino), um detetive que vai para Nightmute, uma cidade no Alaska, ajudar na investigação do assassinato de uma garota. Nightmute está em uma época do ano em que o Sol não se põe. Dormer, durante uma perseguição, acidentalmente mata seu parceiro, Hap Eckhart (Martin Donovan). Enquanto ele investiga o caso da garota, Ellie Burr (Hilary Swank), uma policial local, investiga o assassinato de Hap. Insônia é um filme interessante, no qual ficamos curiosos para saber o que vai acontecer. O filme ainda conta com uma forte atuação de Robin Williams, em um papel no qual não estamos acostumados a vê-lo.
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- Batman Begins (2005) - *****: aqui, Christopher Nolan recomeçou a história do homem-morcego de modo incrível, depois que Joel Schumacher estragou tudo o que Tim Burton havia construído. Em Batman Begins, Nolan mostra como Bruce Wayne se tornou Batman. Para ser o novo Batman, Nolan conseguiu o ótimo ator Christian Bale, que se revelou um Bruce Wayne melhor do que Michael Keaton, dos dois primeiros filmes. Batman Begins foi um ótimo recomeço para a franquia do homem-morcego, e sua continuação é ainda melhor. O filme foi indicado ao Oscar de Melhor Fotografia.
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- O Grande Truque (2006) - *****: baseado no livro escrito por Christopher Priest, O Grande Truque é uma história genial sobre a rivalidade entre Robert Angier e Alfred Borden (Hugh Jackman e Christian Bale, respectivamente), dois mágicos famosos. Eles fazem de tudo para sabotar as mágicas um do outro. É quando Alfred cria a mágica perfeita, e Robert fica obcecado em descobrir o segredo dela. O final do filme é perfeito e surpreendente. Foi indicado a dois Oscar: Melhor Direção de Arte e Melhor Fotografia.
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- Batman: O Cavaleiro das Trevas (2008) - *****: em um dos melhores filmes de todos os tempos, Christopher Nolan dá continuidade à história reiniciada em Batman Begins. Em Batman: O Cavaleiro das Trevas, o herói luta contra a máfia de Gothan City e também enfrenta a anarquia do Coringa (Heath Ledger, em uma das melhores atuações já vistas). O filme é simplesmente perfeito, com um roteiro incrível escrito pelos irmãos Nolan. Uma das únicas coisas que podemos lamentar é que Heath Ledger não pôde ver o seu grande trabalho. Batman: O Cavaleiro das Trevas foi indicado a oito Oscar, vencendo nas categorias Melhor Ator Coadjuvante, para Ledger, e Melhor Edição de Som.
Essas são as dicas de agosto. Bons filmes!!!