sábado, 30 de outubro de 2010

Atração Perigosa

Se em Gênio Indomável, Ben Affleck mostrou seus talentos como ator e roteirista ao lado de seu grande amigo Matt Damon, em Medo da Verdade ele mostrou levar jeito para direção. Agora, ele junta todos esses talentos e faz Atração Perigosa, o melhor filme de assalto a banco desde Fogo Contra Fogo.
Baseado no livro Prince of Thieves, de Chuck Hogan, Atração Perigosa mostra um grupo de ladrões liderados por Doug MacRay (Affleck). Em um dos assaltos, eles pegam Claire (Rebecca Hall) como refém. Com medo que ela possa identificá-los, MacRay a segue para ver se seu grupo corre mesmo algum risco. Mas ele não contava que se apaixonaria pela moça.
Assim como fez em Medo da Verdade, Ben Affleck traz seu filme para Boston, cidade onde cresceu. Na verdade, Boston vem sendo palco de ótimos filmes, entre eles Sobre Meninos e Lobos e Os Infiltrados. Essa cidade tem ruas tão estreitas que me impressionei com uma cena de perseguição protagonizada pela gangue de MacRay e a polícia. Aqui, já comecei a admirar o trabalho de Affleck atrás das câmeras.
Outro ponto positivo de Atração Perigosa é o fato de o romance entre MacRay e Claire nunca atrapalhar a narrativa do filme. Isso acontece porque ele fica transitando entre suas duas vidas: uma em que ele é um cara amigável e a outra como ladrão.
Há uma cena em que essas duas vidas de MacRay correm o risco de se juntar precipitadamente. É quando Claire tem a chance de reconhecer um dos membros da gangue. Nesse momento do filme, é impossível não ficarmos com os olhos grudados na tela.
Atração Perigosa ainda conta com grandes atuações de todo o elenco. A performance de Ben Affleck é uma das melhores de sua carreira. Rebecca Hall também está excelente, mostrando Claire sempre como uma mulher aflita e traumatizada. Jeremy Renner mostra que sua indicação ao Oscar por Guerra ao Terror não diminuiu seu ritmo, algo que aconteceu com alguns atores. Seu personagem, Jem (melhor amigo de MacRay), é o mais violento do filme. Jon Hamm (da série Mad Men) não desaponta em seu primeiro grande papel no cinema. Ele interpreta o agente do FBI Adam Frawley, que está na cola da gangue. Blake Lively (da série Gossip Girl) surpreende interpretando Kris, a problemática ex-namorada de MacRay. Fechando o elenco estão as pequenas participações de Chris Cooper e Pete Postlethwaite, que brilham quando aparecem em cena.
Com cenas de tiroteio de tirar o fôlego, Atração Perigosa promete ser um dos principais candidatos ao Oscar, ao lado de A Origem. As indicações serão mais do que merecidas.
Cotação:

sábado, 23 de outubro de 2010

Atividade Paranormal 2

(ESTE TEXTO CONTÉM SPOILERS)
É impressionante. Nós não podemos ter nenhum fenômeno de bilheteria sem que os produtores do filme resolvam fazer uma ou várias sequências. Aconteceu com Jogos Mortais e A Bruxa de Blair. A bola da vez é Atividade Paranormal, o filme que custou 15 mil dólares e arrecadou mais de 190 milhões no mundo todo. Mas, como sempre, a sequência não consegue ser melhor que o primeiro filme.
Atividade Paranormal 2 não é uma sequência, e sim uma prequela. O filme se passa dois meses antes de Atividade Paranormal. Desta vez, os protagonistas são Kristi, irmã de Katie (personagem do primeiro filme), e sua família. Depois que voltam para casa e encontram uma verdadeira bagunça, eles instalam câmeras de segurança por todo o lugar. Aos poucos, o espírito vai aterrorizando a vida da família e as câmeras registram tudo.
O fato de Atividade Paranormal 2 mostrar os acontecimentos anteriores é uma bela sacada, porque mostra que seu objetivo é completar o quebra-cabeça iniciado em Atividade Paranormal. Perguntas que ficaram no ar (porque o espírito estava tão interessado em Katie?) são respondidas.
Em Atividade Paranormal 2, é mostrado que o grande interesse do espírito não era Katie, e sim Hunter, o bebê de sua irmã. Isso fica claro quando Ali, enteada de Kristi, está com o namorado e pergunta em um tabuleiro Ouija o que o espírito quer. As letras H-U-N-T são formadas e simplesmente ignoradas pela garota.
Aliás, a ignorância dos personagens de Atividade Paranormal 2 é incrível. O pai de Ali, Daniel (marido de Kristi), fica em negação quanto aos sinais que aparecem todas as noites. Tal ignorância chega a irritar em certos momentos do filme.
Outro ponto negativo é o fato de um dos bons elementos de Atividade Paranormal quase não aparecer neste filme. Trata-se da câmera sendo rebobinada para frente, algo que aparecia constantemente. Em Atividade Paranormal 2, esse elemento surge apenas duas vezes e depois de uma hora de projeção.
Mas se o diretor Tod Williams não usa muito essa técnica, ele abusa dos elementos que nos assustaram no primeiro filme. As portas vivem batendo e Kristi é puxada escada abaixo. Isso até pode mostrar um pouco de desespero do diretor em querer nos assustar, mas se cenas como essas não aparecessem, Atividade Paranormal 2 seria um verdadeiro tédio.
Atividade Paranormal 2 pode até ser inferior ao primeiro filme, mas assusta muito mais e ganha vários pontos pelo fato de realmente ter uma história para contar, algo que várias outras sequências de filmes de terror não tinham. Para finalizar, um recado para os produtores do filme: não façam um Atividade Paranormal 3. Este sim seria uma perda de tempo. Cotação:

sábado, 16 de outubro de 2010

Dois Irmãos

Não conheço muito bem o cinema argentino. Mas desde o momento em que assisti O Segredo dos Seus Olhos, me interessei muito pelas produções de nossos hermanos. Desta vez assisti Dois Irmãos e, mais uma vez, o resultado me agradou bastante.
Baseado no livro de Sergio Dubcovisky, Dois Irmãos se concentra no relacionamento de Marcos e Susana, irmãos com características opostas. Ele é uma pessoa adorável, que se preocupa com seus amigos e familiares. Ela é irritante, egoísta e gananciosa. Com personalidades tão diferentes, é difícil para eles conviverem um com o outro.
Marcos é forçado por Susana a ir para o Uruguai, já que ela resolve vender a casa da mãe deles. Isso acaba sendo bom para ele. Lá, Marcos se junta a um grupo de teatro, faz amigos e tem uma vida muito boa. E mesmo com o falecimento da mãe deles, Susana tenta trazer alguma infelicidade para a vida do irmão, como quando ela pede para o diretor tirar Marcos da peça. Isso é sinal da inveja que ela sente do irmão, pois enquanto Marcos aproveita os bons momentos que vive, Susana tenta suportar a própria vida.
Os momentos em que vemos os personagens juntos são muito bons graças à química entre seus intérpretes, os ótimos Antonio Gasalla e Graciela Borges. Devo destacar uma cena excelente em que Marcos e Susana começam a falar um do outro enquanto tentam ouvir o que está acontecendo no apartamento vizinho.
Tratado de modo bastante sensível, Dois Irmãos é um drama cativante com ótimos personagens. Mais um exemplar imperdível de nossos hermanos argentinos.
Cotação:

Juntos Pelo Acaso

Juntos Pelo Acaso é uma comédia romântica comum a muitas outras que já foram feitas. Há apenas uma diferença: um bebê.
O filme mostra Holly (Katherine Heigl, a nova queridinha das comédias românticas) e Messer (Josh Duhamel), duas pessoas que se odeiam desde o dia em que se conheceram. Amigos de Alison e Peter, os dois recebem uma tarefa ingrata: cuidar da filha deles, Sophie, depois que o casal morre em um acidente.
Juntos Pelo Acaso se arrasta durante toda a sua primeira parte. Conhecemos Holly e Messer, vemos o sofrimento deles quando perdem os amigos e como eles se viram para cuidar da criança. Mas a partir do momento em que eles pegam o jeito de como realizar a tarefa, o filme melhora e algumas piadas até conseguem nos fazer rir.
É claro que Juntos Pelo Acaso segue todas as regras para se fazer uma comédia romântica. Holly e Messer podem até se odiar, mas nós sabemos que eles vão terminar juntos no final. Tem também Sam, o pediatra de Sophie interpretado por Josh Lucas. Ele é o cara pode atrapalhar o relacionamento dos protagonistas.
Mas há algo que achei interessante em Juntos Pelo Acaso. Pelo fato de se odiarem, personagens como Holly e Messer geralmente são coadjuvantes neste tipo de filme. Se fosse em uma comédia romântica como Jogo de Amor em Las Vegas, eles seriam os amigos dos protagonistas que têm em seu relacionamento a maior parte das piadas. Como agora os amigos são os protagonistas, Juntos Pelo Acaso ganha um pouco de originalidade. A boa química entre Josh Duhamel e Katherine Heigl (algo que conseguimos perceber um pouco mais na segunda parte do filme) é outro atrativo do filme.
Me surpreendi com este filme. Esperava que Juntos Pelo Acaso seria uma comédia romântica chata. Mas até que é legal. Isso para mim já é o bastante.
Cotação:

terça-feira, 12 de outubro de 2010

A Lenda dos Guardiões

Zack Snyder está mostrando ser um diretor muito versátil. Depois de sua estreia no terror Madrugada dos Mortos (remake do filme de 1978 dirigido por George A. Romero), ele fez o épico 300 e o filme de ação Watchmen. Agora, Snyder se diverte em outro gênero: a animação.
A Lenda dos Guardiões é baseado na série de livros escritos por Kathryn Lasky. Conta a história de Soren, uma coruja que é raptada, junto com seu irmão Cludd, para servir como soldado em uma guerra. Soren e sua nova amiga Gylfie conseguem escapar e recebem a missão de alertar os guardiões de Ga’Hoole sobre o que está acontecendo.
Feito no mesmo estúdio de Happy Feet: O Pinguim, A Lenda dos Guardiões é, esteticamente, bárbaro. O design das corujas é muito realista e merece aplausos.
Diferente dos outros filmes de Snyder, esta animação, é claro, não conta com litros de sangue, mas há vários momentos em slow motion que são realmente magníficos. Aliás, o slow motion vem se tornando marca registrada dos filmes do diretor, como foi visto em 300 e Watchmen.
Além de ser uma animação, A Lenda dos Guardiões é também um épico. O filme conta com batalhas muito boas entre as corujas, algo parecido com o que vimos em 300. Mas achei que tais lutas são um pouco violentas para um filme direcionado ao público infantil.
É realmente incrível que Zack Snyder, com tanta versatilidade, ainda não tenha errado em sua carreira, fazendo apenas bons filmes. Esperemos que ele continue assim em seus próximos projetos: Sucker Punch e Superman: The Man of Steel.
Cotação:

domingo, 10 de outubro de 2010

Apostas para o Oscar 2011

Faltam três meses para 2010 acabar e cinco para o Oscar 2011 premiar os melhores filmes. Nesta postagem vou falar daqueles que, na minha opinião, podem ser sérios candidatos a estatueta dourada. Os filmes que vi estão com a avaliação logo ao lado. Já os que vão dar as caras nos próximos meses foram comentados com base nos trailers e nas premiações.
- Ilha do Medo, Martin Scorsese - *****: Martin Scorsese é indicado ao Oscar a cada filme que faz. Baseado no livro de Dennis Lehane, Ilha do Medo é um thriller de tirar o fôlego. Com ótimas atuações de todo o elenco, principalmente Leonardo DiCaprio, o filme é realmente uma das melhores produções do ano.
- Como Treinar o Seu Dragão, de Dean DeBlois e Chris Sanders - *****: esta divertida animação é a grande aposta da Dreamworks para bater de frente com o Toy Story 3 da Pixar. É certo que Como Treinar o Seu Dragão vai conseguir a indicação para Melhor Animação, mas se ganhar será a maior zebra da cerimônia.
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- Os Homens Que Não Amavam as Mulheres, de Niels Arden Oplev: as apostas desse filme estão sendo em Noomi Rapace. A intérprete de Lisbeth Salander, na adaptação do livro de Stieg Larsson, está sendo cotada para uma indicação a Melhor Atriz. Com tantos elogios, Rapace já está fazendo sua escalada em Hollywood. A atriz está confirmada na esperada sequência Sherlock Holmes 2, que estreia ano que vem.
- Toy Story 3, Lee Unkrich - *****: a Pixar Studios é produtora de obras-primas. Não é à toa que venceu o Oscar de Melhor Animação nas últimas três edições (fora as outras duas por Procurando Nemo e Os Incríveis). Toy Story 3 foi um grande sucesso de crítica e público, tendo arrecadado mais de 1 bilhão de dólares e se tornado a animação de maior bilheteria da história. É aposta certa no Oscar de Melhor Animação e se a Academia continuar com a regra de dez indicados na categoria de Melhor Filme, talvez Woody e Buzz consigam uma das vagas.
- A Origem, de Christopher Nolan - *****: devo estar cansando todas as pessoas que acessam este blog ao colocar Christopher Nolan em mais uma lista. Mas o que posso fazer se A Origem é espetacular em todos os aspectos? Até agora, é o melhor filme do ano. Se a Academia ignorar Nolan pela segunda vez, estará deixando de consagrar um dos diretores mais talentosos e inteligentes.
- Wall Street: O Dinheiro Nunca Dorme, de Oliver Stone - *****: neste filme, a aposta que estou fazendo é um pouco arriscada: uma indicação a Melhor Ator para Michael Douglas. Seu retorno como Gordon Gekko é simplesmente espetacular. Caso ele seja mesmo indicado, será o quinto ator a conseguir tal feito. Os outros são Paul Newman (Fast Eddie Felson em Desafio à Corrupção e A Cor do Dinheiro), Al Pacino (Michael Corleone em O Poderoso Chefão e O Poderoso Chefão 2), Bing Crosby (Padre O’Malley em O Bom Pastor e Os Sinos de Santa Helena) e Peter O’Toole (Henrique II em Becket e O Leão no Inverno).
- 127 Hours, de Danny Boyle: primeiro filme de Danny Boyle depois de ele ter se consagrado com Quem Quer Ser Um Milionário?. 127 Hours é baseado na história real de Aron Ralston, um alpinista que ficou preso entre as montanhas de Blue John Canyon e teve de amputar o próprio braço para sobreviver. O filme traz James Franco no papel principal. Pelo trailer, o ator está sensacional, pedindo por uma indicação para Melhor Ator.
- Biutiful, de Alejandro Gonzáles Iñárritu: depois de ter sido indicado ao Oscar por Babel, o cineasta mexicano Alejandro Gonzáles Iñárritu volta neste drama que concorreu à Palma de Ouro no Festival de Cannes. O filme traz Javier Bardem em uma atuação que lhe rendeu o prêmio de Melhor Ator no mesmo festival. Recentemente, Biutiful foi escolhido para tentar uma vaga para o México na categoria de Melhor Filme Estrangeiro. Acho que Bardem também pode entrar na premiação na corrida pela estatueta de Melhor Ator.
- The King’s Speech, de Tom Hooper: conta a história do rei George VI, pai de Elizabeth II, atual rainha da Inglaterra. The King’s Speech foi o grande vencedor do Festival de Toronto e promete ser um dos favoritos no Oscar 2011. O filme tem um ótimo elenco composto por Colin Firth, Geoffrey Rush, Guy Pearce e Helena Bonham Crater.
- Atração Perigosa, de Ben Affleck: Ben Affleck está se firmando como diretor. Em seu segundo filme, ele conta a história de uma mulher (interpretada por Rebecca Hall) que, depois de ter sido refém em um assalto a banco, se apaixona sem saber por um dos assaltantes (o próprio Affleck). Atração Perigosa está sendo sucesso de crítica e público, mostrando que tem grande potencial para figurar nas principais categorias no Oscar.
- A Rede Social, de David Fincher: o diretor David Fincher já merecia uma indicação para Melhor Diretor desde Se7en: Os Sete Crimes Capitais. Foi finalmente lembrado por O Curioso Caso de Benjamin Button. Agora, o diretor volta com outro favorito ao Oscar. A Rede Social conta a história da criação do Facebook e traz Jesse Eisenberg, Justin Timberlake e Andrew Garfield (futuro Homem-Aranha) no elenco.
- Black Swan, de Darren Aronofsky: o novo filme do diretor das obras-primas Réquiem Para Um Sonho e O Lutador mostra a rivalidade entre duas bailarinas, Nina e Lily, interpretadas respectivamente por Natalie Portman e Mila Kunis. O filme concorreu ao Leão de Ouro no Festival de Veneza, onde foi muito ovacionado. As atenções também estão indo para Natalie Portman, que pode receber sua segunda indicação ao Oscar, desta vez para Melhor Atriz (ela já havia sido indicada para Melhor Atriz Coadjuvante por Closer: Perto Pemais).

sábado, 9 de outubro de 2010

Tropa de Elite 2: O Inimigo Agora é Outro

Antes mesmo de sua estreia, milhões de pessoas já haviam assistido Tropa de Elite graças a uma cópia roubada que estava circulando por todos os camelôs do país. A pirataria, apesar de me irritar, acabou ajudando o filme tanto na divulgação, quanto em termos de popularidade. É essa popularidade que vai ajudar Tropa de Elite 2, pois o filme chega aos cinemas à prova de pirataria, logo, se as pessoas quiserem vê-lo filme, terão de ir aos cinemas.
Tropa de Elite 2 começa nos dias de hoje, com o Coronel Nascimento no meio de um tiroteio em seu carro. Assim como em Tropa de Elite, nós voltamos no tempo para saber como chegamos àquela situação. Coronel Nascimento agora é secretário de segurança e descobre que os verdadeiros inimigos são os próprios policiais militares, que chegam a ser mais cruéis e mau carater do que os traficantes que preenchem as cadeias.
Tropa de Elite 2 não ataca só as milícias e os políticos, mas também a imprensa sensacionalista, que aqui é representada por Fortunato (interpretado por André Mattos), uma espécie de José Luiz Datena. O filme também abre espaço para o setor dos Direitos Humanos, representado por Fraga (interpretado pelo ótimo Irandhir Santos).
Em comparação com o primeiro filme, Tropa de Elite 2 não tem nenhuma frase que vá virar bordão nacional e tem menos cenas de ação. Ao invés disso, José Padilha concentra o filme nas relações entre as milícias e os políticos corruptos, que estão “apagando” qualquer pessoa que ameace seus negócios.
Mas José Padilha compensa as poucas cenas de ação baixando o Michael Mann que tem dentro de si. O resultado é uma das melhores cenas de tiroteio da história. O que mais impressiona nesta cena é uma passagem da câmera por dentro do carro de Nascimento. Algo bem hollywoodiano.
Wagner Moura brilha mais uma vez como Nascimento. Mas dessa vez, o personagem está bem diferente daquele que vimos em Tropa de Elite. Mais experiente, ele agora não faz as pessoas “pedirem pra sair”, mostrando que tem mais controle sobre os seus atos. Apesar disso, ele é visto como um monstro por Fraga que, por ser casado com a ex-mulher de Nascimento, Rosane, acaba influenciado seu filho, Rafael.
Em resumo, Tropa de Elite 2 é um verdadeiro tapa na cara de todos os corruptos que sujam o nome do nosso país. Aqui, não há espaço para mentiras, apenas para realidade, o que faz deste um dos filmes mais corajosos que o cinema nacional já produziu. Parabéns para Padilha e companhia.
Cotação:

Comer, Rezar, Amar

Desde que foi lançado, em 2006, o livro Comer, Rezar, Amar já teve 4 milhões de cópias vendidas no mundo todo. Era questão de tempo até que Hollywood colocasse os olhos na obra de Elizabeth Gilbert. O resultado é um filme que não é de todo ruim e consegue divertir o público.
Comer, Rezar, Amar segue Elizabeth Gilbert (interpretada por Julia Roberts) que, depois de se divorciar, embarca em uma viagem para recomeçar sua vida. Liz começa pela Itália, depois Índia e finaliza em Bali. No caminho, ela conhece pessoas novas e descobre diferentes culturas que a ajudam em sua jornada.
Como toda produção sobre viagens (podemos incluir na lista o recente Karate Kid), as culturas dos outros países são muito bem mostradas. A cena em que são explicados os significados de alguns gestos dos italianos é bem engraçada. Aliás, a parte em que Liz está na Itália (país que espero poder visitar um dia) é a melhor do filme.
Mas Comer, Rezar, Amar acaba se transformando, em parte, na procura de Liz pela palavra que a define, e o fato de nós sabermos que mais cedo ou mais tarde ela vai descobrir é um sinal de que o roteiro é um pouco repetitivo. Até por isso, acho que o filme não precisava ser tão longo.
Julia Roberts trás, como sempre, seu carisma para a personagem. Isso é importante para que gostemos de Liz do início ao fim do filme. Se fosse qualquer outra atriz, aposto que as duas horas e meia de Comer, Rezar, Amar se tornariam insuportáveis.
Richard Jenkins, que vive o amigo que Liz conhece na Índia, também está ótimo. Richard, seu personagem, protagoniza a cena mais emocionante do filme. As participações de Billy Crudup, como Stephen, e James Franco, que vive David, também são muito boas e interessantes, já que são seus personagens que dão o novo rumo na vida e Liz.
Por outro lado, não vi necessidade nenhuma de chamar o espanhol Javier Bardem para interpretar o brasileiro Felipe. Isso não quer dizer que Bardem está mal no filme. Muito pelo contrário, ele está ótimo. Mas o papel de Felipe deveria ter sido interpretado por um brasileiro. Toda vez que Bardem arrisca falar português, o sotaque espanhol acaba aparecendo e estragando não a sua atuação, mas seu personagem.
Comer, Rezar, Amar é uma bela viagem através de culturas interessantes. Graças às atuações, essa viagem se torna ainda mais cativante. Para um filme direcionado mais para o público feminino, devo reconhecer que não é tão ruim como andam dizendo.
Cotação: