segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Personagens Marcantes - Indiana Jones

Aproveitando que neste mês de janeiro tivemos uma sessão dupla de Steven Spielberg, a coluna dos Personagens Marcantes dessa vez homenageia um dos maiores aventureiros que o cinema já viu (detesto usar esse tipo de frase, mas aqui é a mais pura verdade): Henry Jones Jr., também conhecido como Indiana Jones. Criado por George Lucas enquanto ele estava de férias com o amigo Steven Spielberg, o arqueólogo foi idealizado como parte de um filme que homenagearia as séries de TV das décadas de 1930 e 1940 que os dois cineastas costumavam assistir.
Interpretado com carisma, bom humor e grande determinação por Harrison Ford em quatro filmes muito bons (sim, gosto de Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal, apesar de não tanto quanto os outros) e uma série de TV, Young Indiana Jones (que não assisti ainda), onde era interpretado por Sean Patrick Flannery, Indy sempre foi sinônimo de grandes aventuras, repletas de desafios. Para encarar estas aventuras é preciso um personagem forte e interessante o bastante para que o público se importe com ele do início ao fim. Sendo assim, Harrison Ford, a segunda opção que Lucas e Spielberg queriam para o papel, não poderia ter sido uma escolha melhor.
No auge da carreira, interpretando Han Solo na trilogia clássica de Star Wars, Ford trouxe um peso interessante para o personagem, e arrisco dizer que isso é algo que Tom Selleck, a primeira opção para o papel, não teria trazido. Acredito que, quando as pessoas viram Ford pela primeira vez como Indiana Jones, elas imediatamente lembravam de Han Solo e isso ajudou muito o processo de identificação do público com o personagem. E Ford ainda possui um timing cômico perfeito, o que deixa Indy muito mais simpático. Mas de qualquer maneira, como não torcer para um cara corajoso (exceto quando há cobras envolvidas na situação), extremamente inteligente e cauteloso?
Em minha crítica de As Aventuras de Tintim, disse que o protagonista daquela ótima animação era muito parecido com Indiana Jones. Tintim era um repórter que conseguia ótimos furos de reportagem graças as suas investigações, enquanto Indy era um arqueólogo que encontrava os objetos históricos com o objetivo de leva-los para os museus, onde deveriam estar expostos para todos ficarem cientes de sua existência. Ambos os personagens, como falei na crítica, usavam suas aventuras dentro de suas profissões.
Apesar de fazer Indy brilhar em todos os filmes, os roteiros sempre conseguiram fazer outros personagens se destacarem, não deixando o protagonista levar a franquia nas costas sozinho. Seus grandes amigos Sallah e Marcus Brody, interpretados respectivamente por John Rhys-Davies e Denholm Elliot, sempre aparecem divertidos em Os Caçadores da Arca Perdida e Indiana Jones e a Última Cruzada. O eterno amor de Indy, Marion Ravenwood, interpretada por Karen Allen em Os Caçadores da Arca Perdida e O Reino da Caveira de Cristal, e o filho do herói, Mutt Williams, que teve o rosto de Shia LaBeouf apenas em O Reino da Caveira de Cristal por enquanto, também são outros destaques. Short Round, interpretado por Jonathan Ke Quan em Indiana Jones e o Templo da Perdição, também não deve ser esquecido. Mas certamente a maior personagem da franquia depois de Indy é seu pai, Henry Jones, que ganhou toda a experiência e carisma do grande Sean Connery. O relacionamento entre pai e filho, aliás, foi bem tratado pelo roteiro, seguindo a figura do pai ausente, algo bastante recorrente na carreira de Steven Spielberg.
Sempre contando com a trilha sonora espetacular do mestre John Williams e nunca perdendo seu chapéu ao longo de toda a franquia, Indiana Jones é um personagem que ainda tem muito potencial, e um quinto longa está sendo planejado. Se ele se concretizará, só o tempo dirá.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Millennium: Os Homens Que Não Amavam as Mulheres

O filme sueco Os Homens Que Não Amavam as Mulheres, baseado no livro de Stieg Larsson (que não li ainda), tinha uma história bastante chamativa, mas que não conseguia ser muito envolvente, além de ter um protagonista desinteressante, o que resultou em uma produção apenas mediana. O filme fez sucesso e, como de costume, Hollywood resolveu fazer sua própria versão do livro. Mas Millennium: Os Homens Que Não Amavam as Mulheres não é uma refilmagem qualquer. Estamos falando de um filme de David Fincher. E isso é apenas um dos elementos que tornam essa versão infinitamente superior a sueca.
Escrito por Steven Zaillian, o roteiro de Os Homens Que Não Amavam as Mulheres segue o jornalista Mikael Blomkvist (Daniel Craig), que aceita investigar o caso de Harriet Vanger, sobrinha de Henrik Vanger (Christopher Plummer), desaparecida há 40 anos. Henrik suspeita que a pessoa que causou o desaparecimento da menina é da própria família, e em troca dos trabalhos de Blomkvist propõe entregar informações que o ajudariam em outro caso. Ao mesmo tempo, somos apresentados a hacker Lisbeth Salander (Rooney Mara), a melhor investigadora da empresa Milton Security. Mikael descobre que está atrás de um assassino de mulheres, o que o faz precisar de ajuda no caso de Harriet. Mikael contrata Lisbeth como assistente, e juntos descobrem grandes segredos na família Vanger.
Iniciando o filme com créditos iniciais fantásticos e que mostram o mundo brutal no qual mergulharemos minutos depois, David Fincher coloca um incrível clima de suspense ao longo de todo filme, algo que ele faz melhor do que ninguém. O diretor ainda mostra não ter piedade do público, explorando ao máximo os momentos mais pesados do filme, como uma cena de tortura, que é brilhantemente executada. Nem Mikael aguenta a violência, pedindo para Lisbeth parar de mostrar as fotos dos assassinatos cometidos pelo suspeito do caso de Harriet.
Seguindo cada passo de seus protagonistas até o momento em que eles se encontram, Fincher consegue apresentar eles muito bem, além de estabelecer como cada um leva sua vida. Apesar de ter sua reputação destruída por ser declarado culpado em um caso de difamação contra Hans-Erik Wennerström, Mikael leva uma vida bastante tranquila durante boa parte do tempo. Isso se mantém até mesmo quando ele começa a investigar o caso de Harriet, do qual ele tem acesso livre para fazer e perguntar o que quiser.
Já Lisbeth é cheia de problemas, algo que pode ser refletido até no visual da garota, cheia de tatuagens e piercings. Ela é considerada incapaz de viver independentemente, sendo obrigada a ficar sob a tutela do Estado. E mais um problema surge quando seu guardião sofre um derrame e ela tem sua situação controlada pelo advogado Nils Bjurman, já que este guardião temporário revela ser muito repugnantemente abusivo. Dessa maneira, quando Mikael e Lisbeth se encontram pela primeira vez ocorre um belíssimo choque de personalidades, já que ambos mostram não estar muito confortáveis na presença um do outro.
Fincher ao lado de seu diretor de fotografia, Jeff Cronenweth (merecidamente indicado ao Oscar da categoria), investe bastante em uma paleta de cores escuras, que transforma aquele mundo em um lugar hostil, tenso e cheio de desconfiança, absolutamente perfeito para a história. Esse visual muda apenas nas sequências em flashback, que mostram a época em que Harriet sumiu. Nesses momentos, a fotografia passa a ser repleta de cores quentes, que exaltam a aparente felicidade da família Vanger, e quando voltamos para os dias atuais Fincher consegue passar muito bem a ideia de que o desaparecimento da garota foi uma tragédia que mudou a vida de todos tristemente. Isso fica mais óbvio quando vemos Henrik falar mal de todos os membros da família, menos de Harriet, transformando ela em uma espécie de anjo.
A montagem dos sempre eficientes Angus Wall e Kirk Baxter (também lembrados no Oscar) se destaca não só por conseguir acompanhar Mikael e Lisbeth ao mesmo tempo durante grande parte da projeção (pelos meus cálculos, eles se conhecem depois de mais de uma hora de filme) como também coloca um ritmo frenético ideal nas cenas de ação. Mas um de meus momentos favoritos no longa é a sequência na qual Mikael está estudando os relatórios do caso e começa a marcar algumas passagens que acha importante para a investigação. É interessante por que vemos um flashback de cada uma dessas passagens enquanto ele faz seu trabalho. O uso de fusões empregado nesta sequência pela dupla de montadores ajuda a fazer com que os flashbacks surjam naturalmente.
Interpretando Mikael Blomkvist com grande competência, Daniel Craig traz um grande peso para o personagem, além de conseguir mostrar como ele se sente exausto em certos momentos do filme. O roteiro merece pontos por tratar Mikael não como um grande gênio da investigação, e sim como um jornalista inteligente, mas passivo ao erro, o que o torna mais humano. Entre os coadjuvantes, Christopher Plummer faz de Henrik uma figura carismática, ao passo que Stellan Skarsgård e Joely Richardson aparecem eficientes como os misteriosos Martin e Anita Vanger.
Mas quem surpreende e se torna o grande destaque do elenco Os Homens Que Não Amavam as Mulheres é Rooney Mara. Sua Lisbeth Salander fala apenas o necessário e a atriz profere seus diálogos com grande rapidez (lembrando, às vezes, Jesse Eisenberg em A Rede Social), como se quisesse se livrar imediatamente das palavras que ocupam sua cabeça. A personagem mantém foco total nas investigações, e ela aparecer sempre comendo alimentos feitos instantaneamente (massas e fast-foods) mostra que Lisbeth não gosta de perder tempo com outras coisas fora de seu campo de trabalho. A cena em que ela dá o troco em Nils por este ter abusado sexualmente dela é um exemplo perfeito de uma atriz em pleno controle de sua personagem, e fico feliz em ver que a Academia reconheceu essa grande atuação.
É bom ver David Fincher de volta a filmes do mesmo estilo de Seven, uma de suas obras-primas. Sendo este Os Homens Que Não Amavam as Mulheres um grande filme, Fincher mostra mais uma vez que é um dos melhores diretores da atualidade.
Cotação:

Oscar 2012 - Indicados

Foram anunciados hoje os indicados a 84ª edição do Oscar. Com as mudanças nas regras na categoria de Melhor Filme, que passou de dez indicados para a possibilidade de ter cinco a dez filmes concorrendo, tivemos nove lembranças, sendo as grandes surpresas a inclusão de Tão Forte e Tão Perto, de Stephen Daldry, que estava sendo ignorado nessa temporada de premiações, e a ausência inexplicável de Tudo Pelo Poder, de George Clooney, que teve sua única indicação em Melhor Roteiro Adaptado. Os filmes que lideram em número de indicações são A Invenção de Hugo Cabret, com onze indicações, e O Artista, com dez.
Outras surpresas foram vistas, estas que comentarei um pouco desagradáveis. O que me chamou mais atenção foi na categoria Melhor Animação. As Aventuras de Tintim, considerado o favorito para levar o prêmio, foi ignorado assim como o ótimo Operação Presente. Estes foram esquecidos e os medianos Kung Fu Panda 2 e Gato de Botas foram lembrados, o que parece facilitar a vida do genial Rango.
O Brasil ficou de fora na categoria Melhor Filme Estrangeiro, mas seremos representados por Sergio Mendes e Carlinhos Brown, indicados para Melhor Canção pela animação Rio.
Outros dois filmes que acho que deveriam estar indicados em mais categorias são O Espião Que Sabia Demais (indicado em três categorias, sendo uma delas o merecido reconhecimento de Gary Oldman em Melhor Ator) e Millennium: Os Homens Que Não Amavam as Mulheres (indicado em cinco categorias, sendo uma delas Melhor Atriz para Rooney Mara, sensacional no filme).
No resto, tudo ocorreu conforme mais ou menos previsto.
Eis a lista completa de indicados:
Melhor Filme
O Artista
Os Descendentes
Tão Forte e Tão Perto
Histórias Cruzadas
A Invenção de Hugo Cabret
Meia-Noite em Paris
O Homem Que Mudou o Jogo
A Árvore da Vida
Cavalo de Guerra
Melhor Direção
Woody Allen, por Meia-Noite em Paris
Michel Hazanavicius, por O Artista
Terrence Malick, por A Árvore da Vida
Alexander Payne, por Os Descendentes
Martin Scorsese, por A Invenção de Hugo Cabret
Melhor Ator
Demián Bichir, por A Better Life
George Clooney, por Os Descendentes
Jean Dujardin, por O Artista
Gary Oldman, por O Espião Que Sabia Demais
Brad Pitt, por O Homem Que Mudou o Jogo
Melhor Atriz
Glenn Close, por Albert Nobbs
Viola Davis, por Histórias Cruzadas
Rooney Mara, por Millennium: Os Homens Que Não Amavam as Mulheres
Meryl Streep, por A Dama de Ferro
Michelle Williams, por Sete Dias com Marilyn
Melhor Ator Coadjuvante
Kenneth Branagh, por Sete Dias com Marilyn
Jonah Hill, por O Homem Que Mudou o Jogo
Nick Holte, por Guerreiro
Christopher Plummer, por Toda Forma de Amor
Max von Sydow, por Tão Forte e Tão Perto
Melhor Atriz Coadjuvante
Bérénice Bejo, por O Artista
Jessica Chastain, por Histórias Cruzadas
Melissa McCarthy, por Missão Madrinha de Casamento
Janet McTeer, por Albert Nobbs
Octavia Spencer, por Histórias Cruzadas
Melhor Roteiro Original
Michel Hazanavicius, por O Artista
Kristen Wiig e Annie Mumolo, por Missão Madrinha de Casamento
J.C. Chandor, por Margin Call: O Dia Antes do Fim
Woody Allen, por Meia-Noite em Paris
Asghar Farhadi, por A Separação
Melhor Roteiro Adaptado
Alexander Payne, Nat Faxon e Jim Rash, por Os Descendentes
John Logan, por A Invenção de Hugo Cabret
George Clooney, Grant Heslov e Beau Willimon, por Tudo Pelo Poder
Steven Zaillian, Aaron Sorkin e Stan Chervin, por O Homem Que Mudou o Jogo
Bridget O’Connor e Peter Straughan, por O Espião Que Sabia Demais
Melhor Animação
Um Gato em Paris, de Alain Gagnol e Jean-Loup Felicioli
Chico e Rita, de Fernando Trueba e Javier Mariscal
Kung Fu Panda 2, de Jennifer Yuh
Gato de Botas, de Chris Miller
Rango, de Gore Verbinski
Melhor Filme Estrangeiro
Bullhead, de Michael R. Roskam (Bélgica)
Footnote, de Joseph Cedar (Israel)
In Darkness, de Agnieszka Holland (Polônia)
Monsieur Lazhar, de Philippe Falardeau (Canadá)
A Separação, de Asghar Farhadi (Irã)
Melhor Fotografia
Guillaume Schiffman, por O Artista
Jeff Cronenweth, por Millennium: Os Homens Que Não Amavam as Mulheres
Robert Richardson, por A Invenção de Hugo Cabret
Emmanuel Lubezski, por A Árvore da Vida
Janusz Kaminski, por Cavalo de Guerra
Melhor Montagem
Anne-Sophie Bion e Michel Hazanavicius, por O Artista
Kevin Tent, por Os Descendentes
Angus Wall e Kirk Baxter, por Millennium: Os Homens Que Não Amavam as Mulheres
Thelma Schoonmaker, por A Invenção de Hugo Cabret
Christopher Tellefsen, por O Homem Que Mudou o Jogo
Melhor Direção de Arte
Laurence Bennett e Robert Gould, por O Artista
Stuart Craig e Stephenie McMillan, por Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2
Dante Ferretti e Francesca Lo Schiavo, por A Invenção de Hugo Cabret
Anne Seibel e Hélène Dubreuil, por Meia-Noite em Paris
Rick Carter e Lee Sandales, por Cavalo de Guerra
Melhor Figurino
Lisy Christl, por Anonymous
Mark Bridges, por O Artista
Sandy Powell, por A Invenção de Hugo Cabret
Michael O´Connor, por Jane Eyre
Arianne Phillips, por W.E. - O Romance do Século
Melhor Maquiagem
Martial Corneville, Lynn Johnson e Matthew W. Mungle, por Albert Nobbs
Nick Dudman, Amanda Knight e Lisa Tomblin, por Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2
Mark Coulier e J. Roy Helland, por A Dama de Ferro
Melhor Trilha Sonora
John Williams, por As Aventuras de Tintim
Ludovic Bource, por O Artista
Howard Shore, por A Invenção de Hugo Cabret
Alberto Iglesias, por O Espião Que Sabia Demais
John Williams, por Cavalo de Guerra
Melhor Canção
“Man or Muppet”, de Os Muppets. Letra e música de Bret McKenzie
“Real in Rio”, de Rio. Letra Siedah Garret, música de Sergio Mendes e Carlinhos Brown
Melhor Mixagem de Som
David Parker, Michael Semanick, Ren Klyce e Bo Persson, por Millennium - Os Homens Que Não Amavam as Mulheres
Tom Fleischman e John Midgley, por A Invenção de Hugo Cabret
Deb Adair, Ron Bochar, Dave Giammarco e Ed Novick, por O Homem Que Mudou o Jogo
Greg P. Russell, Gary Summers, Jeffrey J. Haboush e Peter J. Devlin, por Transformers: O Lado Oculto da Lua
Gary Rydstrom, Andy Nelson, Tom Johnson e Stuart Wilson, por Cavalo de Guerra
Melhor Montagem de Som
Lon Bender e Victor Ray Ennis, por Drive
Ren Klyce, por Millennium - Os Homens Que Não Amavam as Mulheres
Philip Stockton e Eugene Gearty, por A Invenção de Hugo Cabret
Ethan Van der Ryn e Erik Aadahl, por Transformers: O Lado Oculto da Lua
Richard Hymns e Gary Rydstrom, por Cavalo de Guerra
Melhores Efeitos Visuais
Tim Burke, David Vickery, Greg Butler e John Richardson, por Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2
Rob Legato, Joss Williams, Ben Grossman e Alex Henning, por A Invenção de Hugo Cabret
Erik Nash, John Rosengrant, Dan Taylor e Swen Gillberg, por Gigantes de Aço
Joe Letteri, Dan Lemmon, R. Christopher White e Daniel Barrett, por Planeta dos Macacos: A Origem
Dan Glass, Brad Friedman, Douglas Trumbull e Michael Fink, por Transformers: O Lado Oculto da Lua
Melhor Documentário
Danfung Dennis e Mike Lerner, por Hell and Back Again
Marshall Curry e Sam Cullman , por If a Tree Falls: A Story of the Earth Liberation Front
Joe Berlinger e Bruce Sinofsky, por Paradise Lost 3: Purgatory
Wim Wenders e Gian-Piero Ringel , por Pina
T.J. Martin, Dan Lindsay e Richard Middlemas, por Undefeated
Melhor Curta Documentário
Robin Fryday e Gail Dolgin, por The Barber of Birmingham: Foot Soldier of the Civil Rights Movement
Rebecca Cammisa e Julie Anderson, por God is the Bigger Elvis
James Spione, por Incident in New Baghdad
Daniel Junge e Sharmeen Obaid-Chinoy, por Saving Face
Lucy Walker e Kira Carstensen, por The Tsunami and The Cherry Blossom
Melhor Curta Metragem de Animação
Patrick Doyon, por Dimanche
William Joyce e Brandon Oldenburg, por The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore
Enrico Casarosa, por La Luna
Grant Orchard e Sue Goffe, por A Morning Stroll
Amanda Forbis e Wendy Tilby, por Wild Life
Melhor Curta Metragem
Peter McDonald e Eimear O'Kane, por Pentecost
Max Zähle e Stefan Gieren, por Raju
Terry George e Oorlagh George, por The Shore
Andrew Bowler e Gigi Causey, por Time Freak
Hallvar Witzø, por Tuba Atlantic
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A cerimônia será no dia 26 de fevereiro.

sábado, 21 de janeiro de 2012

2 Coelhos

Já está sendo algo comum o cinema brasileiro pegar algumas coisas de Hollywood. Podemos perceber isso em muitos filmes, desde os dois fracos Se Eu Fosse Você até o ótimo O Homem do Futuro, passando pelo pavoroso Assalto ao Banco Central e a vergonha alheia Segurança Nacional. A influência do cinema americano nesses filmes é bastante óbvia, e geralmente resulta em má qualidade. O que nos faz chegar a 2 Coelhos, mais uma exceção a regra. É uma produção que bebe da fonte hollywoodiana de fazer filmes, mas não é apenas um mero exercício de estilo, tendo também o propósito de montar uma narrativa envolvente e interessante.
Escrito e dirigido pelo estreante Afonso Poyart, 2 Coelhos nos apresenta a Edgar (Fernando Alves Pinto), jovem inteligente com um grande plano para tirar dois milhões de dólares do grupo liderado por Maicon (Marat Descartes). A armação de Edgar envolve ainda o deputado corrupto Jader (Roberto Marchese), a promotora de justiça Julia (Alessandra Negrini), o ex-professor Walter (Caco Ciocler) e a dupla de ladrões Velinha (Thaíde) e Clayton (Robson Nunes). Ao longo do filme, as histórias dos personagens vão revelando estar mais interligadas do que aparentam e o plano cada vez mais mirabolante.
Adotando uma estrutura narrativa que segue várias histórias a fim de nos mostrar todos os envolvidos no plano de Edgar, o roteiro de Poyart mostra ser um desafio para a montagem, realizada por ele, André Toledo e Lucas Gonzaga. O diretor-roteirista desenvolve sua história, mas sempre que chega a um ponto importante, ele interrompe a ação e nos mostra como os personagens chegaram até ali (algo que Guy Ritchie fez em seus filmes de Sherlock Holmes), usando ainda a narração em off de Edgar, que às vezes aparece explicativa demais. É uma opção que deixa o filme mais curioso de se assistir, e, portanto, mais envolvente.
Algo que não falta em 2 Coelhos são tipos de linguagem. Afonso Poyart usa diversos formatos para contar sua história, desde animações até o estilo mockumentary (que, aliás, traz depoimentos sobre o protagonista que formam uma rima divertida entre o início e o fim do filme). Cada um desses tipos de linguagem aparece no filme naturalmente e fazem de 2 Coelhos uma experiência fascinante do ponto de vista estético. Por exemplo, nos ataques de pânico de Julia, o diretor usa desenhos de pequenos animais para mostrar a imaginação da personagem ao tentar se acalmar. Quando ela não consegue, eles a atacam como monstros, e o modo como um remédio faz resultado nessa imaginação é sensacional. Estas sequências “imaginativas” fazem lembrar muito 300 e Sucker Punch, ambos de Zack Snyder, até pela fotografia empregada por Carlos Zalasik.
Aliás, Snyder parece ter servido de grande inspiração para Afonso Poyart. É difícil não lembrar desse diretor nas cenas em câmera lenta. Mas é bom ver que Poyart só utiliza este efeito para fazer a ação do filme ter um impacto maior do que teria normalmente. Outro elemento que torna 2 Coelhos uma obra interessante é o fato de o diretor fazer rabiscos em alguns momentos do filme, como pequenos desenhos em cima do protagonista, revelando um pouco da personalidade dele e como leva sua vida.
Poyart ainda cria sequências de ação empolgantes. Logo no início, ele mostra um sensor de proximidade que, além de mostrar a inteligência do protagonista, ainda acaba tendo papel importante em uma perseguição de carros. E as cenas de tiroteio também são muito eficientes, destaque para a que acontece no apartamento de Maicon, um dos vários usos impactantes da câmera lenta.
O uso da canção “Kings and Queens”, da banda 30 Seconds to Mars, também mostra ter um propósito interessante. Apesar de ter um ritmo que não combina muito com o filme, enjoando ao ser tocada quatro vezes em diferentes pontos da história, a canção serve para ressaltar a felicidade que os personagens sentem em certos momentos. Além disso, ela conecta muito bem as histórias de Edgar e Walter, que é marcada por uma tragédia. Uma pena, no entanto, que o roteiro não desenvolva muito bem o relacionamento entre os dois personagens. Edgar diz em certo momento que a vida de Walter pode ser definida como AE e DE (antes de Edgar e depois de Edgar). Nós vemos como a relação deles começou, mas o que acontece mais adiante não é mostrado, o que não deixa muito claro como as coisas aconteceram para que os dois se encontrem na situação do terceiro ato do filme.
O elenco de 2 Coelhos também merece destaque. Fernando Alves Pinto traz grande carisma para Edgar, enquanto que Alessandra Negrini sempre muito forte interpretando Julia. Enquanto isso, Marat Descartes faz de Maicon um vilão simpático no início (algo ressaltado até mesmo por Edgar, em uma sequência que lembra os primeiros filmes da história do cinema), mas que revela sua maldade ao longo do filme. E se Thaíde e Robson Nunes demonstram uma boa química como a dupla Velinha e Clayton, Caco Ciocler tem em Walter um personagem que fala em poucas cenas, mas que é marcante por ter uma participação maior do que pensamos no plano de Edgar.
O cinema brasileiro começou mal o ano com As Aventuras de Agamenon: O Repórter (filme que não assisti ainda, mas que só escuto comentários de que é o pior do ano). Mas aos poucos, acredito que seremos recompensados com um cinema de qualidade. 2 Coelhos é o primeiro da lista. Que venham os próximos.
Cotação:

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

As Aventuras de Tintim

Mal houve tempo para respirar a boa impressão deixada por Cavalo de Guerra e já é possível voltar para o território de Steven Spielberg, dessa vez com As Aventuras de Tintim. Primeira investida do cineasta como diretor de animações (ele ainda contou com a ajuda de Peter Jackson, que atuou como produtor), o filme usa a tecnologia do motion capture brilhantemente, e consegue ser uma aventura bastante eficiente e fiel ao universo dos quadrinhos criados pelo belga Hergé (digo isso tendo assistido a alguns episódios da famosa série animada).
Escrito por Steven Moffat em parceria com Joe Cornish e Edgar Wright (este último é o realizador dos excelentes Todo Mundo Quase Morto, Chumbo Grosso e Scott Pilgrim Contra o Mundo), As Aventuras de Tintim não perde tempo contando as origens do personagem, nos colocando no meio da aventura desde o início. Depois de comprar o modelo de um navio raro chamado Licorne, Tintim (Jamie Bell) acaba se envolvendo nos planos de Ivan Sakharine (Daniel Craig), que precisa do navio para tentar encontrar o tesouro do pirata Red Rackham. Sendo um repórter que está sempre à procura de uma boa história para contar, Tintim terá a ajuda de seu adorável cão Milu e do Capitão Archibald Haddock (Andy Serkis) para encontrar o tesouro antes do vilão.
Acho difícil não comparar Tintim com uma figura bastante conhecida da carreira de Steven Spielberg: Indiana Jones. Assim como o personagem de Harrison Ford, Tintim tem suas aventuras como parte de sua profissão. Se Indy corria atrás dos artefatos para salvá-los e manda-los para o museu, Tintim ajuda em uma investigação e é o primeiro a dar o furo de reportagem, algo que pode ser visto nas capas de jornais expostas nas paredes de sua casa e que mostram a vida de aventuras que o garoto leva (os ótimos créditos iniciais também ressaltam isso muito bem). Além disso, Tintim é um jovem corajoso, que não desiste fácil e que põe a mão na massa (leia-se: luta com os bandidos) sempre que necessário.
Tintim é apresentado pelo roteiro como um jovem bastante curioso, que desconfia de qualquer coisa estranha que apareça em sua frente, e é até por isso que acaba entrando em problemas. Em certo momento, um personagem pergunta para ele “Porque tantas perguntas?”, algo que ele responde muito bem: “É o meu trabalho!”. Isso mostra o quanto ele gosta não só de sua profissão, mas também de ajudar nas investigações.
Logo de cara, As Aventuras de Tintim conquista pelo maravilhoso design dos personagens, uma qualidade que o filme divide com outras animações feitas em motion capture, como O Expresso Polar e Os Fantasmas de Scrooge. Os traços originais são passados para o formato digital de maneira impecável. Spielberg ainda brinca com isso ao fazer o protagonista mostrar uma pintura sua, colocando o Tintim “original” ao lado do digital, algo até divertido de se ver.
Além de desenvolver bem os personagens e fazer com que nos importemos com eles, o roteiro consegue prender a atenção do público do início ao fim do filme. Os desafios que Tintim e seus amigos enfrentam ao longo da história em busca de seu objetivo são empolgantes, principalmente quando se tratam de cenas de ação (algo que comentarei um pouco mais adiante). As gags também são um ponto positivo em As Aventuras de Tintim, deixando o filme bastante divertido, sendo que algumas das melhores envolvem uma certa amnésia de Haddock e a coragem de Milu. O que dizer do modo como o cãozinho amansa um rotweiler? Aliás, Milu é uma das figuras mais adoráveis do filme, sendo um cachorro inteligente como seu dono.
Os roteiristas pecam um pouco com relação a desafios que exijam o raciocínio dos personagens. Em certo momento, por exemplo, Tintim precisa colocar em ordem as letras apontadas em um jornal, e faz isso facilmente, descobrindo a palavra em poucos segundos. Além disso, a trama envolvendo um punguista não tem muita utilidade na história, sendo apenas mais um obstáculo que Tintim precisa driblar, e depois que cumpre seu propósito é simplesmente esquecida.
O gênero de aventura é algo que Spielberg conhece muito bem. Sendo assim, sua direção é muito competente. Nem parece que As Aventuras de Tintim é sua primeira animação. As cenas de ação são muito caprichadas, sendo que a sequência em que Tintim, Haddock e Milu tentam pegar três pergaminhos de Sakharine e seu pássaro é uma das melhores coisas que o diretor já fez em sua bela carreira. Spielberg faz vários travellings ao longo do filme, sempre de maneira bastante eficiente, como quando Tintim perde algo de vista e a câmera anda em volta dele ao mesmo tempo em que carros quase o atropelam, algo que faz o público se perder junto com o protagonista. O diretor ainda se dá ao luxo de usar o topete de Tintim para fazer uma referência a um de seus filmes mais famosos (e considerando o formato do topete, acho que não preciso dizer de qual filme estou falando).
A montagem também se destaca em vários momentos. O roteiro tem alguns flashbacks que contam uma antiga lenda relacionada aos antepassados de Haddock. São seguimentos que aparecem no filme naturalmente graças à opção de Spielberg e seu montador habitual, Michael Kahn, de fazer raccords. O rosto de Haddock é usado em outro personagem também, e isso abre a possibilidade de fazer ótimas transições entre um plano e outro. Tudo sem interromper o ritmo ágil do filme. E a trilha sonora de John Williams dá um toque de mistério para a história, o que é muito interessante por que faz de As Aventuras de Tintim não só um filme de aventura, mas também um bom exemplar de filme de detetive.
Mas os personagens não seriam tão interessantes se não fosse o trabalho de seus intérpretes. Neste caso, Jamie Bell aparece carismático como Tintim, e ainda desenvolve uma ótima química com o sempre eficiente Andy Serkis, que diverte muito interpretando Haddock. Já Daniel Craig transforma Sakharine em um personagem que usa muito mais a inteligência do que força, o que o transforma quase em um vilão de filme de James Bond, o que não deixa de ser um pouco irônico em se tratando do ator. E para interpretar a dupla Dupont e Dupond a escolha não poderia ter sido melhor. Simon Pegg e Nick Frost formam uma dupla divertidíssima e trazem isso para seus personagens. Uma pena, no entanto, que o roteiro dê tão pouco espaço para eles.
Com As Aventuras de Tintim, Steven Spielberg fecha sua sessão dupla muito bem. E espero que o filme tenha uma continuação. Os personagens são interessantes demais para ficarem presos a apenas um filme.
Cotação:

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Globo de Ouro 2012

O Globo de Ouro desse ano foi bastante equilibrado. The Artist foi o filme com maior número de prêmios, levando três dos seis troféus que disputava. Os Descendentes foi o segundo maior ganhador da noite, com dois prêmios.
Depois do ano passado, não afirmarei que o Oscar já tem seu favorito. Muitas coisas mudam faltando pouco mais de um mês para a grande premiação do cinema.
Quanto à cerimônia, vale dizer que Ricky Gervais foi muito mais cauteloso com suas piadas, o que fez ele ser um pouco menos divertido do que no ano passado. Mas ainda assim ele conseguiu mostrar ser o cara engraçado de sempre.
Eis a lista do Globo de Ouro 2012 (os vencedores estão marcados com um asterisco):
Melhor Filme – Drama
Os Descendentes*
Histórias Cruzadas
A Invenção de Hugo Cabret
Tudo Pelo Poder
O Homem Que Mudou o Jogo
Cavalo de Guerra
Melhor Filme – Comédia/Musical
The Artist*
Missão Madrinha de Casamento
50%
Meia-Noite em Paris
My Week With Marilyn
Melhor Ator – Drama
George Clooney, por Os Descendentes*
Leonardo DiCaprio, por J. Edgar
Michael Fassbender, por Shame
Ryan Gosling, por Tudo Pelo Poder
Brad Pitt, por O Homem Que Mudou o Jogo
Melhor Atriz – Drama
Glenn Close, por Albert Nobbs
Viola Davis, por Histórias Cruzadas
Rooney Mara, por Millennium: Os Homens Que Não Amava as Mulheres
Meryl Streep, por A Dama de Ferro*
Tilda Swinton, por We Need to Talk About Kevin
Melhor Ator – Comédia/Musical
Jean Dujardin, por The Artist*
Brendan Gleeson, por O Guarda
Joseph Gordon-Levitt, por 50%
Ryan Gosling, por Amor a Toda Prova
Owen Wilson, por Meia-Noite em Paris
Melhor Atriz – Comédia/Musical
Jodie Foster, por Carnage
Charlize Theron, por Jovens Adultos
Kristen Wiig, por Missão Madrinha de Casamento
Michelle Williams, por My Week With Marilyn*
Kate Winslet, por Carnage
Melhor Ator Coadjuvante
Kenneth Branagh, por My Week With Marilyn
Albert Brooks, por Drive
Jonah Hill, por O Homem Que Mudou o Jogo
Viggo Mortensen, por Um Método Perigoso
Christopher Plummer, por Toda Forma de Amor*
Melhor Atriz Coadjuvante
Bérénice Bejo, por The Artist
Jessica Chastain, por Histórias Cruzadas
Janet McTeer, Albert Nobbs
Octavia Spencer, por Histórias Cruzadas*
Shailene Woodley, por Os Descendentes
Melhor Diretor
Woody Allen, por Meia-Noite em Paris
George Clooney, por Tudo Pelo Poder
Michel Hazanavicius, por The Artist
Alexander Payne, por Os Descendentes
Martin Scorsese, por A Invenção de Hugo Cabret*
Melhor Roteiro
Michel Hazanavicius, por The Artist
Alexader Payne, Nat Faxon e Jim Rash, por Os Descendentes
George Clooney, Grant Heslov e Beau Williams, por Tudo Pelo Poder
Woody Allen, por Meia-Noite em Paris*
Steven Zaillian, Aaron Sorkin e Stan Chervin, por O Homem Que Mudou o Jogo
Melhor Canção
“Lay Your Head Down”, de Albert Nobbs
“Hello, Hello”, de Gnomeu e Julieta
“The Living Proof”, de Histórias Cruzadas
“The Keeper”, de Redenção
“Masterpiece”, de W.E.*
Melhor Trilha Sonora
Ludovic Bource, por The Artist*
Trent Reznor e Atticus Ross, por Millennium: Os Homens Que Não Amavam as Mulheres
Howard Shore, por A Invenção de Hugo Cabret
John Williams, por Cavalo de Guerra
Abel Korzeniowski, por W.E.
Melhor Animação
As Aventuras de Tintim*
Operação Presente
Carros 2
Gato de Botas
Rango
Melhor Filme Estrangeiro
Jin Líng Shí San Chai (China)
In The Land of Blood and Honey (Estados Unidos)
O Garoto de Bicicleta (Bélgica)
A Separação (Irã)*
A Pele Que Habito (Espanha)

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Sherlock Holmes: O Jogo de Sombras

A volta de Sherlock Holmes aos cinemas em 2009, quando ganhou o rosto de Robert Downey Jr., foi uma experiência divertida e empolgante, que mostrou o personagem de uma maneira nunca antes vista. Seguindo a fórmula hollywoodiana de que tudo que faz sucesso merece uma continuação, Sherlock Holmes: O Jogo de Sombras traz de volta o detetive mais famoso da literatura britânica e seu parceiro, Watson (Jude Law), além de nos apresentar finalmente o grande inimigo de Holmes, o Professor James Moriarty (Jared Harris). O resultado é um filme que diverte tanto quanto seu antecessor.
Escrito pelo casal Kieran e Michele Mulroney, baseado nos personagens criados por Sir Arthur Conan Doyle, Sherlock Holmes 2 coloca o protagonista investigando uma série de crimes que tem em comum o envolvimento de Moriarty. Ao mesmo tempo, Holmes precisa lidar com o fato de sua parceria com Watson estar chegando ao fim, já que o doutor está prestes a se casar com Mary (Kelly Reilly). Mas depois que o casal sofre um atentado na ida para a lua-de-mel, Holmes e Watson juntam forças com a cartomante Sim Heron (Noomi Rapace) para encontrar o irmão dela, Rene, que está envolvido nos planos de Moriarty para iniciar uma guerra na Europa.
Sherlock Holmes 2 não só deveria trazer de volta os bons elementos do primeiro filme, como também ter coisas novas. Mas não há nada de novo nesta sequência, o que é um pouco decepcionante porque passa a ideia de que o filme foi feito com o pensamento “em time que está ganhando não se mexe”, algo bastante comum. Por outro lado, o que o antecessor tinha de bom e que havia sido pouco aproveitado aparece bastante nesta continuação. Os momentos em câmera lenta são usados em exaustão por Guy Ritchie, e para sua sorte eles nunca se tornam enjoativos ou entediantes, diferente do que ocorreu com Zack Snyder em Sucker Punch, por exemplo. É bom também ver que há um número maior de sequências em que Holmes planeja o que vai fazer com seus inimigos. E o fato de o roteiro colocar Holmes e Watson descobrindo locais e pessoas suspeitas através de pequenos detalhes, como o tipo de papel usado para escrever uma carta ou as marcas de um objeto, também é interessante. Isso mostra o quanto a dupla é inteligente, algo bastante óbvio, mas quando ampliado torna os personagens ainda mais admiráveis.
Guy Ritchie consegue fazer boas cenas de luta, abusando de cortes rápidos, mas sempre deixando o espectador a par do que está acontecendo na tela. Aliás, as cenas de luta são uns dos pontos altos do projeto, sendo muito bem coordenadas. Além disso, os momentos em que o diretor pausa o filme para mostrar algo que não vimos Sherlock Holmes fazer surgem naturalmente, não atrapalhando o ritmo ou a ação do filme. Mas Ritchie consegue brilhar mais em um dos momentos finais, quando Holmes está jogando xadrez com Moriarty enquanto Watson e Sim procuram Rene. As duas cenas seguem o mesmo padrão de tensão por não admitir erros dos personagens.
Mais uma vez, a direção de arte faz um trabalho muito bom de recriação de época, além de conseguir mostrar um pouco da personalidade dos personagens. A casa de Holmes, por exemplo, mostra muito bem o quanto o protagonista se dedica para tentar derrubar Moriarty. Isso faz um contraste interessante com a casa do vilão, que é bastante organizada, mostrando o quanto ele é metódico. E a montagem de James Herbert chama bastante a atenção por trazer transições de cenas que funcionam como se virássemos a página de um livro, o que é perfeito visto que estamos falando de uma adaptação.
Quanto às figuras adicionadas na história, somos apresentados a Mycroft Holmes (Stephen Fry), irmão de Sherlock e que diverte em quase todas as cenas em que aparece. Além dele temos, é claro, a nova holmes girl. Se no primeiro filme tivemos Irene Adler (Rachael McAdams, que tem uma participação minúscula neste filme), agora temos Sim. Uma pena que nem ela, nem Mycroft sejam bem desenvolvidos pelo roteiro, o que limita o talento de seus intérpretes, principalmente Noomi Rapace que mostrou ser uma ótima atriz no mediano Os Homens Que Não Amavam as Mulheres (Fry tem a vantagem de ser o alivio cômico do projeto).
O roteiro abre mais espaço para apenas um novo personagem, e é claro que estou falando do vilão. Desde sua primeira cena, Moriarty mostra ser tão inteligente quanto Holmes, sendo ainda uma figura perigosa. Quando se lida com Moriarty, um simples erro de cálculo (como chega a ser dito em um momento do filme) pode colocar tudo a perder. O embate entre ele e Holmes rende um dos momentos mais inspirados do filme, quando o protagonista prevê os movimentos do vilão enquanto que este faz exatamente a mesma coisa. O ator Jared Harris traz um quê de sabedoria para Moriarty, algo essencial para o personagem. Além disso, Harris fala seu texto da maneira mais controladora possível, o que o torna mais ameaçador.
Mas se Sherlock Holmes 2 é bem sucedido, isso se deve muito a ótima química entre Robert Downey Jr. e Jude Law, que mostram estar muito confortáveis interpretando os personagens. Holmes e Watson são como irmãos, sendo que o primeiro age como o caçula e enquanto que o segundo age como o mais velho. Isso fica mais claro no início quando Watson chega na casa de Holmes e este quer que o amigo descubra onde ele está, algo que o doutor responde com um “Certo. Você venceu!”, tamanha é a sua vontade de brincar. E Holmes ficar triste com o fato de Watson se casar não é resultado exclusivo de ciúmes, mas também porque o protagonista além de perder o parceiro de aventuras, também vê que continuará sendo uma pessoa com uma vida cotidiana, dedicada sempre a experimentos em sua casa e a desvendar casos.
Sendo um bom entretenimento do início ao fim, Sherlock Holmes: O Jogo de Sombras vai conseguindo estabelecer esta nova franquia estrelada pelo detetive como algo interessante e Robert Downey Jr. mostra que é um de seus melhores intérpretes.
Cotação:

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Reconhecimento

Recebi um e-mail do pessoal do belo site Fala Cultura no qual eles me parabenizam pelo trabalho que faço aqui no blog. São palavras muito bacanas e coloco elas aqui no blog, já que é algo que quero compartilhar com vocês.
“Escrever sobre cinema é um desafio. O cinema permite às pessoas experimentar novas vidas, experiências e sensações, sem sair de sua poltrona - porém, cada vez menos pessoas parecem se deixar envolver por esse mundo mágico. Enquanto os sites e blogs dedicados à moda, relacionamento e games, por exemplo, aumentam cada vez mais de público, convencer às pessoas a dedicarem seu tempo a um bom filme constitui um desafio e uma conquista.
Da mesma forma, é difícil destacar-se entre os muitos sites dedicados a cinema, produzindo conteúdo diferenciado. Felizmente, essa é a postura assumida pelo Brazilian Movie Guy: trazer ao leitor um conteúdo rico, que demonstra uma grande paixão pelo universo do cinema. Por isso, você merece toda nossa admiração, por ajudar a espalhar o entusiasmo pela sétima arte.
Estamos escrevendo apenas para reconhecer o seu trabalho, e para desejar um sucesso ainda maior em 2012! Vamos juntos construir uma internet mais cheia de arte, cultura e vida! ;)
Fortes abraços,
da Equipe do Fala Cultura”
Agradeço muito a toda equipe do Fala Cultura. Primeiro por visitar o blog, segundo por escrever o e-mail. Como já falei em outro post, estou sempre buscando melhorar. E e-mails/comentários como esse me motivam a ganhar mais conhecimento e apresentar um conteúdo ainda melhor no Brazilian Movie Guy.