domingo, 8 de janeiro de 2012

Injustiças Lamentáveis

Algo que detesto é ver que existem filmes com datas de estreia nos cinemas já programadas, mas por algum motivo (quase sempre dinheiro, e coloco o “quase” apenas para não generalizar) as distribuidoras resolvem cancelar os lançamentos e mandá-los direto para o mercado de DVDs. Atualmente, é possível perceber quando esse tipo de coisa acontece no instante em que as estreias começam a ser adiadas. Há vezes em que o filme realmente chega aos cinemas (em poucas salas, mas pelo menos estreia), mas o que mais acontece é nós perdermos a oportunidade de conferir os filmes no modo como deveria ser.
Eu não sei quanto a vocês, mas acho que a experiência de ir ao cinema é incomparável. Perdemos muito ao assistir um filme na televisão, sentado no sofá. Há detalhes do filme que podemos perceber no cinema e perder em casa, já que neste estado não estamos prestando total atenção no que assistimos. Sempre acontece de termos de parar o filme para ir ao banheiro ou para comer alguma coisa, e isso atrapalha demais. Sendo assim, considero uma ida ao cinema muito mais do que apenas ver um filme. E fico triste quando não tenho a oportunidade de ver alguma obra na telona (isso quando não é algum filme como os que vou citar no final).
Mas por que estou escrevendo isso? Geralmente, os filmes que tem seus lançamentos cancelados são aqueles que fazem feio nas bilheterias e na opinião da crítica (ou só a primeira alternativa). Então, o quê fez 50% e Guerreiro serem nocauteados direto para as estantes de DVDs? Não são filmes feitos com a certeza de que farão dinheiro, como é o caso dos blockbusters. O que eles arrecadaram não foi nada muito grande, mas também não é nenhum pouco terrível. Até o momento, 50% arrecadou 39 milhões de dólares, tendo custado apenas 8 milhões. Já Guerreiro custou 25 milhões e arrecadou 23 milhões. Como eu disse, nada muito grande, mas nenhum pouco terrível.
Para completar, são filmes que foram sucessos absolutos de crítica. Vi eles essa semana (em casa, para minha tristeza) e são realmente muito bons (não perfeitos, mas muito bons). 50% é um filme que transita muito bem entre o drama e a comédia, além de trazer uma grande atuação do sempre eficiente Joseph Gordon-Levitt. E Guerreiro conta uma história forte de dois irmãos lutadores com seus próprios traumas, e tem atuações brilhantes do trio Tom Hardy (um ator que admiro desde A Origem), Joel Edgerton e Nick Nolte.
Os dois filmes ainda podem ser indicados em alguma categoria no Oscar. 50% está mirando uma vaga em Melhor Roteiro Original, tendo alcançado isso no WGA, o prêmio do sindicato dos roteiristas. Além disso, foi indicado a Melhor Filme Comédia/Musical e Melhor Ator Comédia/Musical para Gordon-Levitt no Globo de Ouro. E Guerreiro pode conseguir uma indicação para Nick Nolte em Melhor Ator Coadjuvante (ele está concorrendo no SAG Awards, prêmio do sindicato dos atores).
Mais curioso é ver que a distribuidora de 50% e Guerreiro é a Imagem Filmes, a mesma de Guerra ao Terror, e acho que todos se lembram das trapalhadas feitas com relação a este filme. E se acontecer de mais uma vez a Imagem Filmes voltar atrás e querer lançar os filmes nos cinemas, depois de eles terem chegado às locadoras?
De qualquer maneira será tarde demais. As pessoas já terão alugado os filmes ou encontrado outros meios para assisti-los. Enquanto isso, aberrações (e falo essa palavra pensando em qualquer filme dirigido pela dupla Jason Friedberg e Aaron Seltzer, como Deu a Louca em Hollywood e Super-Heróis: A Liga da Injustiça, que detesto e foram as primeiras que me vieram a cabeça) que poderiam poupar o público de ter seu cérebro diluído chegam aos cinemas. Lamentável.

2 comentários:

Ainda não sei... disse...

sempre foi assim...e vai continuar...os filmes do will ferrell nunca passam no cinema!

Gustavo Dutra disse...

Pior é quando nem no homevideo essas obras chegam. Que o digam "Redacted", "Youth Without Youth" e "The Science of Sleep" - que mesmo sendo de Brian De Palma, Francis Ford Coppola e Michel Gondry, estão esperando desde 2007 pra mostrar os frames por aqui. E de lá pra cá, Coppola lançou "Tetro" e Gondry fez "Rebobine, Por Favor" e "Besouro Verde"...