A primeira cena de Zumbis na Neve traz uma jovem em pânico,
correndo desesperadamente pela neve enquanto zumbis a perseguem. Ela é
encurralada e, claro, vira comida nas mãos das criaturas. É uma imagem
teoricamente aterrorizante, sem dúvida, mas quando percebemos que “Ode à
Alegria”, de Beethoven, é a trilha que toca ao fundo, é impossível não
sentir um tom de comicidade no jeito como o diretor Tommy Wirkola conduz
a sequência. E é um tom que se mantém durante todo o filme,
contribuindo para fazer deste um exemplar divertido dentro do subgênero
dos zumbis, ainda que não tenha nada de novo ou surpreendente.
Escrito pelo próprio Wirkola em parceria com Stig Frode Henriksen (que também atua no filme), Zumbis na Neve traz uma história que não poderia ser mais comum. Um grupo de jovens estudantes noruegueses decide aproveitar suas férias nas montanhas nevadas, onde uma amiga deles tem uma cabana. Tudo ocorre na maior tranquilidade, com todos aproveitando a estadia da melhor forma possível. Mas quando menos esperam, obviamente, são rodeados por zumbis. Aliás, zumbis nazistas, como se as coisas não pudessem piorar. Tem-se início, então, a boa e velha luta pela sobrevivência.
Há um grau de idiotice que é praticamente inerente à história que Tommy Wirkola conta, e ao longo do filme parece que o diretor e sua equipe dão mais atenção ao gore e ao humor que tomam a tela do que a qualquer outra coisa. Como narrativa, então, Zumbis na Neve não deixa de ser um tanto pobre, não só pela trama preferir seguir uma fórmula batida, mas também por ser difícil de se envolver com os personagens unidimensionais que nos guiam por aquilo tudo, sendo que eles nem se diferenciam muito uns dos outros. Aliás, a construção dos personagens é tão irregular que Martin (vivido por Vegar Hoel) mostra em uma cena que não gosta de ver sangue, o que é totalmente esquecido depois, logo quando o filme começa a tocar sangue para todos os lados. A impressão que fica diante disso tudo é a de que o diretor teve uma ideia curiosa e preferiu ancorá-la em uma narrativa simples, por mais que esta se revele pouco inspirada.
No entanto, para a sorte de Wirkola, ele consegue fazer com que sua premissa renda boas e constantes risadas. O nazismo dos zumbis até soa interessante, mesmo não acrescentando muita coisa à trama. As criaturas chamam mais atenção por serem figuras racionais que sabem exatamente o que estão fazendo, detalhe que causa risos por ser um tanto inusitado. Mas a maneira como os personagens reagem à situação na qual se encontram é o que Zumbis na Neve tem de melhor, e aqui o roteiro chega a apresentar bons toques de non sense. Dessa forma, é engraçado que um deles veja uma cena chocante e solte um “Eu disse que deveríamos ter ido à praia!”, assim como quando ligam para a emergência e dizem o que realmente está acontecendo (porque ser perseguido por zumbis é perfeitamente normal, certo?). Mas Tommy Wirkola também usa o gore eficientemente nesse aspecto, algo que fica evidente em cenas como a luta contra os zumbis no terceiro ato ou em bizarrices como entranhas sendo usadas como corda em um penhasco.
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