Conhecida como a primeira equipe
a aparecer nas publicações da Marvel, no início da década de 1960, e
funcionando como uma família, o Quarteto Fantástico não teve sorte
quando as adaptações de quadrinhos viraram uma força entre os blockbusters. Há
exatos dez anos, o grupo aparecia em um filme pobre, aparentemente feito às
pressas e que veio a ganhar uma continuação igualmente esquecível (sem falar na
pérola produzida por Roger Corman na década de 1990). Levando isso em conta, é
compreensível que os personagens voltem agora em um reboot, que não tem grandes dificuldades para resultar em um longa superior
àquelas bombas. E o filme realmente é melhor, mas
é uma pena que só isso ainda não seja o suficiente para torná-lo satisfatório.

Em termos de estrutura, é quase a
mesma coisa que se viu há dez anos, mas mesmo assim o filme até que é
interessante inicialmente. É perceptível que o roteiro busca ser cuidadoso com
o desenvolvimento da história e com a introdução dos personagens, e Josh Trank
tem calma ao abordar esses detalhes nos esforços do grupo na construção da tal
máquina de teletransporte. Não se percebe nessa parte um desejo de fazer tudo rapidamente
para que o filme possa partir logo para a ação. Este aspecto, na verdade, fica
quase o tempo todo em segundo plano, o que mostra que o longa quer ficar focado
mais nos personagens que está reapresentando, dando-lhes uma nova roupagem e colocando-os
em uma narrativa que busca ter um peso um pouco maior, sem ficar buscando o
riso de maneira irritante como ocorria nos outros filmes.
O problema é que isso tudo desanda
pouco depois de os personagens ganharem os poderes. Sem querer dar continuidade
ao que estava montando, o roteiro traz os heróis ao lado do governo em algo que
lembra um aspecto da trama do recente Jurassic World, além de coloca-los diante de seu vilão clássico. Mas o filme não
deixa de ser óbvio na forma como desenvolve esses detalhes, e se isso já o
prejudica, o tratamento distante dado ao quarteto não melhora as coisas. Ficando
cada um em um canto na maior parte do tempo, o grupo não tem chances de criar
uma dinâmica em cena, e ótimos intérpretes como Miles Teller, Kate Mara,
Michael B. Jordan e Jamie Bell acabam não podendo fazer nada para salvar os
personagens nesse sentido, tendo seu talento até desperdiçado.
Mas Quarteto Fantástico é aborrecido principalmente no terceiro ato,
quando resolve finalmente investir na ação. Nisso, Josh Trank cria uma batalha
final que não empolga, seja porque sua direção é pouco criativa com relação ao
uso dos poderes, ou porque não há um envolvimento emocional com os personagens,
sendo que em momento algum sentimos que eles estão realmente em perigo. Assim,
o que se vê é apenas um amontoado de efeitos visuais que monta um espetáculo com
o qual é difícil se importar nesse ponto da história.
Não foi dessa vez que o Quarteto
Fantástico deu sorte no cinema. Se os filmes anteriores eram ridiculamente
estúpidos e embaraçosos, este reboot é
“apenas” um entretenimento vazio. Resta só torcer para que a continuação (que
por enquanto está confirmada para 2017) consiga aproveitar essa nova chance
concedida aos personagens.
Nota:
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