quinta-feira, 23 de julho de 2015

A Forca

Nas últimas semanas, a brincadeira de “Charlie, Charlie” conseguiu viralizar na internet, mostrando grupos de pessoas “invocando” o espírito de um tal de Charlie. Isso acabou servindo para chamar a atenção para este A Forca, novo filme de terror que segue o agora batido formato de found footage, que se saturou graças às produções irregulares que buscaram aproveitar o sucesso de Atividade Paranormal. E A Forca é um desses exemplares que torna a técnica cansativa, de forma que é até difícil não se perguntar: o barulho todo feito pela brincadeira foi para promover isso?

A Forca tem início em 1993, quando a turma de um colégio em Nebraska encena uma peça de teatro intitulada “The Gallows” (como no título original do filme). No entanto, Charlie (Jesse Cross) tragicamente é enforcado no palco quando seu personagem seria morto. Vinte anos se passam e os atuais alunos da instituição decidem refazer a peça, contando com o empenho de sua protagonista Pfeifer (Pfeifer Brown) e colocando Reese (Reese Houser) no papel que fora de Charlie. Mas a insegurança do rapaz faz ele se juntar ao amigo Ryan (Ryan Shoos) e a namorada dele, Cassidy (Cassidy Gifford), para invadir a escola e sabotar a peça na noite antes da apresentação. Só que o espírito de Charlie ronda o local, transformando este em um verdadeiro inferno.

Assim como em quase todos os longas de found footage, é claro que os personagens levam uma câmera para filmar tudo o que fazem, ainda que não tenha sentido algum nisso. O roteiro basicamente sacrifica a já pouca inteligência deles para que o filme possa existir, considerando que qualquer pessoa com bom senso concluiria que não é muito interessante gravar uma invasão à escola, muito menos dar mais importância às filmagens do que à própria sobrevivência, como ocorre em determinados momentos. Aliás, A Forca encontra um problema sério em Reese e seus amigos, personagens pelos quais é muito difícil torcer para que se salvem, já que são figuras aborrecidas e/ou irritantes (Ryan, em particular, precisa de poucos segundos para se estabelecer como o sujeito mais insuportável do filme), e o fraco elenco não ajuda a melhorar as coisas.

Enquanto isso, os diretores Travis Cluff e Chris Lofing utilizam coisas típicas de found footage na tentativa de trazer alguma verossimilhança para o que se vê na tela, desde o aviso inicial falando que as imagens que veremos são propriedade da polícia até o fato de os personagens terem os mesmos nomes de seus intérpretes, além dos planos longos que simulam as gravações ininterruptas. Mas é algo que não contribui para fazer com que o filme seja mais interessante, sendo que a história em si vai se revelando boba e bem lugar-comum. E quando o assunto é criar uma atmosfera tensa ao redor dos personagens, a dupla de cineastas parece seguir um manual de terror, apostando em rangidos, corredores escuros, câmera chacoalhando de maneira confusa e portas batendo ou trancando repentinamente, o que até torna o longa um pouco previsível em matéria de sustos, mesmo que pontualmente ele cause pulos na cadeira.

Talvez o maior elogio que se possa fazer a um terror fraco como A Forca seja sua curta duração, que o impede de ser uma tortura. É até uma pena que logo um filme como esse tenha conseguido chamar atenção com seu trabalho de publicidade, enquanto que alguns bons exemplares da safra recente do gênero encontram dificuldades para chegar ao público. Eles provavelmente agradeceriam por um chamariz como o que foi feito aqui.

Nota:


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