Nas últimas semanas, a
brincadeira de “Charlie, Charlie” conseguiu viralizar na internet, mostrando
grupos de pessoas “invocando” o espírito de um tal de Charlie. Isso acabou
servindo para chamar a atenção para este A
Forca, novo filme de terror que segue o agora batido formato de found footage, que se saturou graças às
produções irregulares que buscaram aproveitar o sucesso de Atividade Paranormal. E A
Forca é um desses exemplares que torna a técnica cansativa, de forma que é
até difícil não se perguntar: o barulho todo feito pela brincadeira foi para
promover isso?
A Forca tem início em 1993, quando a turma de um colégio em
Nebraska encena uma peça de teatro intitulada “The Gallows” (como no título
original do filme). No entanto, Charlie (Jesse Cross) tragicamente é enforcado
no palco quando seu personagem seria morto. Vinte anos se passam e os atuais
alunos da instituição decidem refazer a peça, contando com o empenho de sua
protagonista Pfeifer (Pfeifer Brown) e colocando Reese (Reese Houser) no papel
que fora de Charlie. Mas a insegurança do rapaz faz ele se juntar ao amigo Ryan
(Ryan Shoos) e a namorada dele, Cassidy (Cassidy Gifford), para invadir a
escola e sabotar a peça na noite antes da apresentação. Só que o espírito de
Charlie ronda o local, transformando este em um verdadeiro inferno.
Assim como em quase todos os longas
de found footage, é claro que os
personagens levam uma câmera para filmar tudo o que fazem, ainda que não tenha sentido
algum nisso. O roteiro basicamente sacrifica a já pouca inteligência deles para
que o filme possa existir, considerando que qualquer pessoa com bom senso concluiria
que não é muito interessante gravar uma invasão à escola, muito menos dar mais
importância às filmagens do que à própria sobrevivência, como ocorre em
determinados momentos. Aliás, A Forca
encontra um problema sério em Reese e seus amigos, personagens pelos quais é
muito difícil torcer para que se salvem, já que são figuras aborrecidas e/ou
irritantes (Ryan, em particular, precisa de poucos segundos para se estabelecer
como o sujeito mais insuportável do filme), e o fraco elenco não ajuda a
melhorar as coisas.
Enquanto isso, os diretores
Travis Cluff e Chris Lofing utilizam coisas típicas de found footage na tentativa de trazer alguma verossimilhança para o
que se vê na tela, desde o aviso inicial falando que as imagens que veremos são
propriedade da polícia até o fato de os personagens terem os mesmos nomes de
seus intérpretes, além dos planos longos que simulam as gravações ininterruptas.
Mas é algo que não contribui para fazer com que o filme seja mais interessante,
sendo que a história em si vai se revelando boba e bem lugar-comum. E quando o
assunto é criar uma atmosfera tensa ao redor dos personagens, a dupla de
cineastas parece seguir um manual de terror, apostando em rangidos, corredores
escuros, câmera chacoalhando de maneira confusa e portas batendo ou trancando
repentinamente, o que até torna o longa um pouco previsível em matéria de
sustos, mesmo que pontualmente ele cause pulos na cadeira.
Talvez o maior elogio que se
possa fazer a um terror fraco como A
Forca seja sua curta duração, que o impede de ser uma tortura. É até uma
pena que logo um filme como esse tenha conseguido chamar atenção com seu
trabalho de publicidade, enquanto que alguns bons exemplares da safra recente
do gênero encontram dificuldades para chegar ao público. Eles provavelmente agradeceriam
por um chamariz como o que foi feito aqui.
Nota:
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