Após construir uma carreira como roteirista que ficou calcada quase
exclusivamente em filmes policiais (seu maior destaque até então foi Dia de Treinamento), David Ayer decidiu tomar as rédeas de direção também. Apesar de seus primeiros esforços, Tempos de Violência e Os Reis da Rua, terem sido razoáveis, o realizador e escritor entregou um grande filme em Marcados Para Morrer. No entanto, é uma pena perceber que após uma obra tão admirável ele tenha caído tanto de nível neste Sabotagem, um ponto baixo em sua carreira e também na do astro Arnold Schwarzenegger.
Escrito em parceria com o medíocre Skip Woods (que entre outras porcarias fez X-Men Origens: Wolverine e o quinto Duro de Matar), Sabotage acompanha a equipe do DEA liderada por John “Breacher” Wharton (Schwarzenegger), homem traumatizado pelo assassinato de sua família e que agora busca seguir adiante com seu trabalho ao lado dos parceiros. Mas depois que a frustrada tentativa deles de roubar 10 milhões de dólares de um cartel é descoberta por seus superiores, todos ficam suspensos durante meses. Ao voltarem à ativa, a equipe passa a ter alguns de seus membros assassinados misteriosamente, e Breacher tem a ajuda da agente Caroline Brentwood (Olivia Williams) para descobrir o que está acontecendo e quem está por trás das mortes.
O roteiro de Sabotagem é construído de um jeito bem formuláico. Por exemplo, quando os oficiais começam a morrer fica claro quem sobrará no final das contas (ou morrerá por último). E isso se deve não só pelo modo como os acontecimentos se desenrolam, mas também pelos próprios atores que os interpretam (alguns estão bem mais em alta do que outros ultimamente). Tudo isso numa trama que investe no “whodunit” (quem matou?) para criar um clima de mistério entre os personagens, mas que se revela repleta de reviravoltas que ao invés de ajudarem o filme a ficar mais interessante, apenas o tornam bagunçado, bobo e até mesmo previsível. Como se não bastasse, o longa ainda estica-se mais do que o necessário, pois após do conflito principal ser resolvido temos mais uns dez minutos de história que não fariam falta alguma caso fossem cortados.
As cenas de ação comandadas por Ayer não são muito empolgantes, e em determinados momentos o diretor não consegue estabelecer com eficiência a lógica visual do que está acontecendo. Isso é grave, principalmente quando boa parte da ação se dá através de tiroteios. Ele até tenta prender a atenção ao empregar a montagem ágil de Dody Dorn, mas se esse recurso funciona apenas durante um tempo, não o impedindo de ser desinteressante no geral. Mas vale dizer que o trabalho de Dorn se destaca na sequência em que descobrimos o que aconteceu com um dos integrantes da equipe, ao passo que Breacher investiga sua casa, com as cenas inicialmente aparentando ocorrer na mesma hora para depois descobrimos que são em momentos diferentes.
Além disso, qualquer chance de criar tensão na narrativa vai por água abaixo pelo fato de ser difícil simpatizar com a maioria dos personagens. Seus respectivos destinos pouco importam, e intérpretes como Sam Worthington, Mireille Enos e Terrence Howard não conseguem fazer muita coisa para mudar isso. Enquanto isso, apesar de sempre ter sido um ator limitado, Arnold Schwarzenegger se esforça para trazer seriedade e uma grande presença em cena. Ainda assim, seu personagem um tanto vulnerável, uma característica que poucas vezes se vê associada a ele. Outra que se sai bem é Olivia Williams, que faz de sua Caroline Brentwood a única que parece levar seu trabalho a sério. Ela aparece como uma mulher forte, determinada, mas que infelizmente recebe pouco espaço na trama em comparação à equipe de Breacher.
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