Desde seu início, há 25 anos, a franquia Duro de Matar sempre conseguiu entreter com as enrascadas em que John McClane (Bruce Willis) se metia, mesmo quando os roteiros traziam momentos absurdos (como esquecer do protagonista atirando um carro em cima de um helicóptero, em Duro de Matar 4.0?). Não é à toa que o final de cada um dos filmes deixava um gosto de quero mais, não só por McClane ser um grande personagem, mas também porque as produções aparentavam ter sido feitas com cuidado. Mas eis que agora o policial se complica uma quinta vez e esse cuidado com relação a franquia parece sumir, resultando no primeiro capítulo decepcionante da série.
Escrito por Skip Woods (responsável pelo roteiro dos fracos Hitman: Assassino 47 e X-Men Origens: Wolverine), Duro de Matar: Um Bom Dia Para Morrer sai dos Estados Unidos e coloca McClane indo para a Rússia, onde seu filho, Jack (Jai Courtney), foi preso por assassinato. Chegando lá, McClane encontra Jack em meio a uma missão da CIA, fugindo ao lado de Yuri Komarov (Sebastian Koch), que tem informações que podem incriminar o oficial do governo Viktor Chagarin (Sergei Kolesnikov). McClane acaba se juntando ao filho na missão, e a dupla terá de resolver suas diferenças ao mesmo tempo em que tentam impedir bandidos de realizar um roubo envolvendo armas nucleares.
Os problemas de Duro de Matar 5 começam exatamente na relação entre pai e filho, onde o roteiro segue o velho clichê de colocar os dois brigados durante a maior parte da projeção, apenas para eles irem se entendo aos poucos, algo que até chegou a ser utilizado em Duro de Matar 4.0 com a filha de McClane, Lucy (a bela Mary Elizabeth Winstead), mas isso não era um dos principais elementos daquela história. Durante o filme, o roteiro ainda fica martelando esse conflito ao fazer com que Jack se refira ao pai como “John”, o que é absolutamente irritante. Mas o pior é que por mais brigados que pai e filho estejam, isso é apenas um artifício que Skip Woods usa para jogar alguma tensão entre eles, já que o motivo do desentendimento nem chega a ser revelado.
Como se isso não bastasse, o roteirista ainda tenta desenvolver o “novo” personagem da franquia (Jack aparece no primeiro capítulo da série, mas praticamente de relance) com diálogos desnecessariamente explicativos. Em determinado momento, por exemplo, o filme dá uma pausa em toda a ação para que McClane fique contando velhas historinhas sobre o rapaz. Para completar, Jai Courtney, infelizmente, interpreta Jack de um jeito marrento, fazendo dele uma figura chata demais, o que é decepcionante principalmente quando lembramos que os parceiros de McClane nos outros filmes eram bastante carismáticos. Mas se Courtney não se sai muito bem, isso não pode ser dito sobre Bruce Willis, que volta a encarnar confortavelmente o personagem mais famoso de sua carreira, sendo eficiente mesmo quando parece estar no piloto-automático. O ator volta a exibir todo o bom humor do protagonista, e as poucas cenas divertidas funcionam graças a ele, como quando McClane precisa roubar o carro de um russo, em um dos melhores momentos do filme.
Enquanto isso, o diretor John Moore (responsável por bombas como O Voo da Fênix e Max Payne) conduz tudo de maneira bastante burocrática. Ao longo da projeção, é raro ver uma cena que faça jus a franquia Duro de Matar (um dos poucos exemplos acontece quando McClane dirige um carro passando por cima de vários outros veículos). Mas de modo geral, as sequências de ação consistem apenas em tiroteios que trazem os bandidos contra o protagonista e seu filho, o que acaba cansando depois de um tempo. Além disso, o diretor às vezes nem consegue deixar a ação compreensível para o espectador, seja na primeira cena de perseguição, onde não há como saber onde exatamente os personagens se encontram, ou quando McClane está com as mãos amarradas e escapa sem que fiquemos sabendo como. Para piorar, quando Moore resolve se espelhar em Zack Snyder e utilizar o slow motion (algo que ele já havia feito em Max Payne), ele ao invés de criar tensão acaba fazendo com que as cenas se tornem um tanto aborrecidas, o que é lamentável.
Previsível, pouco inspirado e trazendo um vilão desinteressante, Duro de Matar 5 ainda assim não chega a ser uma experiência realmente insuportável, até por que conta com cerca de uma hora e meia de duração (o capítulo mais curto da série). De qualquer forma, diferente do que diz o título original, este definitivamente não foi um bom dia para a franquia Duro de Matar.
Cotação:
2 comentários:
Gosto da série, mas além de ainda não ter assistido esta nova sequência, já imaginava ser inferior aos demais filmes.
Mesmo o personagem de Bruce Willis sendo marcante, acredito que a fórmula já se esgotou, além disso, escalar o fraco John Moore na direção piora ainda mais as expectativas.
Abraço
Engraçado, todos lembram dos absurdos do Duro de Matar 4.0 (o citado, como também jogar o carro dentro do fosso do elevador), mas ninguém lembra dele saltando sobre a asa de um avião no segundo ou sacando de um bueiro como saído de um gêiser.
Gostei da crítica, e concordo que o relacionamento entre pai e filho é tosco e só me lembrava das brigas entre Batman e Robin do filme do Joel Schumacher.
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