Há quase 20 anos, o holandês Jan De Bont
tentou dar continuidade a sua carreira de diretor (tão bem iniciada em Velocidade
Máxima) com um filme-catástrofe que focava um grupo de pessoas que enfrentavam
a fúria de tornados em meio a tempestades violentas. Nisso havia uma historinha
boba, cheia de clichês e momentos ridículos envolvendo seus fracos personagens,
detalhes que tornavam aquela superprodução um verdadeiro embaraço apesar de
seus ótimos efeitos visuais. O filme como todos devem saber foi Twister, e é
impossível não se lembrar dele ao longo deste No Olho do Tornado. Até por que se
compararmos os dois, a qualidade é praticamente a mesma e ambos têm
problemas em comum, provando que ninguém aprendeu ainda como fazer um filme-catástrofe
com esse tipo de fenômeno natural.
Escrito por John Swetnam, No Olho
do Tornado apresenta várias pessoas na cidade de Silverton, em um dia
aparentemente tranquilo. Gary Morris (Richard Armitage, também conhecido como o
Thorin Escudo-de-Carvalho de O Hobbit), vice-diretor da escola local, organiza a
formatura dos alunos com a ajuda de seus filhos, Donnie (Max Deacon) e Trey
(Nathan Kress), que gravam os depoimentos de todos para uma cápsula do tempo
que será aberta dali 25 anos. Quando a meteorologista Allison Stone (Sarah
Wayne Callies, também conhecida como a Lori Grimes de The Walking Dead) prevê ao
lado de seus colegas caçadores de tempestades que tornados estão indo em
direção à cidade, eles correm para lá para tentar estuda-los. E enquanto a
maioria dos habitantes tenta sobreviver de qualquer forma ao caos que se
instala no local, Gary e Trey têm a ajuda de Allison e sua equipe para ir resgatar
Donnie, que ao lado de Kaitlyn (Alycia Debnam Carey) está preso nos destroços
de uma fábrica de papel.
Aos poucos, No Olho do Tornado se
mostra incrivelmente óbvio, e na esperança de conseguir ter um elemento humano
por quem o espectador possa se importar ao longo da história, o roteiro cria vários
personagens e dedica algum tempo ao desenvolvimento dos conflitos de cada um. O
problema é que é difícil se importar com figuras tão aborrecidas e com dramas
pessoais clichês e desinteressantes, como o fato de Gary ser duro demais com Donnie
e Trey ou Allison não conseguir dar tanta atenção à filha pequena. E é claro
que basta uma experiência de quase morte para que tudo isso se concerte. Sem
falar que o filme ainda perde tempo com a dupla Donk (Kyle Davis) e Reevis (Jon
Reep), que deveriam servir como alívio cômico do projeto, mas se revelam absolutamente
irritantes com seu jeito Jackass de ser, tornando-se logo de cara aqueles que
mais merecem um destino cruel. Dessa forma, quaisquer tentativas do diretor
Steven Quale (responsável pelo quinto exemplar da série Premonição) de impor
tensão em volta dos personagens vão por água abaixo, por mais desesperadora que
seja a situação na qual eles se encontram.
Quale que, aliás, se vê tendo que
usar o formato de found footage para
contar a história, com alguns personagens usando câmeras para filmar o que está
acontecendo. No entanto, isso causa uma grande bagunça na narrativa, já que em
vários momentos o diretor deixa de utilizar o formato quando este é
desnecessário ou inconcebível em cena. A consequência disso é que
constantemente pensamos “Quem está filmando isso agora?”. Além disso, a preferência
dos personagens em filmar os tornados ao invés de correrem por suas vidas (não
são poucas as cenas em que eles aparecem dizendo “Preciso filmar isso!”) apenas
mostra o nível de estupidez deles, e acaba sendo mais do que merecido quando
alguém morre por causa disso.
É possível ver que um
filme-catástrofe não está dando certo quando o espectador torce por toda a
destruição que está acontecendo, e não pelos personagens que são afetados por ela.
No Olho do Tornado entra facilmente nesse caso. E assim como Twister, ele até
tem efeitos visuais elogiáveis por conceberem de maneira convincente os
estragos vistos na história. Mas isso ainda é pouco para salvar o filme de ser
um desastre.
Nota:
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