quarta-feira, 13 de agosto de 2014

As Tartarugas Ninja

Tendo protagonizado no início da década de 1990 uma trilogia que é esquecível para boa parte das pessoas (para algumas, como eu, ela ainda se salva, mas mais pela boa dose de nostalgia que proporciona do que por qualquer outra coisa) e uma animação razoável em 2007, as Tartarugas Ninja são personagens que têm potencial para render aventuras divertidas. Sendo assim, trazê-las novamente para as telonas em um novo filme live-action não deixa de ser uma ideia válida. No entanto, é lamentável que elas retornem em uma superprodução tão besta como esta dirigida por Jonathan Liebesman (responsável por bobagens como Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles e Fúria de Titãs 2) e produzida por Michael Bay (que dispensa apresentações).

Escrito pela dupla Josh Appelbaum e André Nemec em parceria com Evan Daugherty, As Tartarugas Ninja apresenta a repórter April O’Neil (Megan Fox), que está em busca de um grande furo que a torne mais respeitada em seu meio de trabalho. Para isso, ela investiga a organização conhecida como Clã do Pé, que vem aterrorizando Nova York. É então que em uma noite ela presencia os criminosos sendo atacados por quatro vigilantes misteriosos, que revelam serem Leonardo (Pete Ploszek e voz de Johnny Knoxville), Raphael (Alan Ritchson), Michelangelo (Noel Fisher) e Donatello (Jeremy Howard), tartarugas mutantes, adolescentes e ninjas. Ao lado de seu mestre, o rato Splinter (Danny Woodburn e voz de Tony Shalhoub), eles tentam acabar com os planos do maléfico Destruidor (Tohoru Masamune), líder do Clã, e seu pupilo Eric Sachs (William Fichtner), que pretendem dispersar uma forte toxina pela cidade.

Ao começar com um prólogo que, apesar de ser esteticamente interessante por referenciar as raízes quadrinísticas dos personagens-título, já trata de estabelecer de forma bem expositiva quem estes são, As Tartarugas Ninja dá os primeiros sinais de que conta com um roteiro preguiçoso. Isso é comprovado depois não só em cenas que praticamente param o filme para que elementos da trama sejam explicados para o espectador (como no flashback que mostra a origem dos heróis e a relação deles com April, que é tratada de maneira muito esquemática), mas também no próprio desenvolvimento dos personagens, que se revelam figuras unidimensionais com as quais não conseguimos nos importar durante da história. E ao tentar abraçar o bom humor pelo qual as Tartarugas Ninja ficaram conhecidas ao longo dos anos, o filme se esforça demais para ser engraçado, falhando miseravelmente neste quesito ao trazer gags bobas e pouco criativas, chegando a ser impressionante o fato de ele ter dois alívios cômicos nas peles de Michelangelo e do cinegrafista Vernon Fenwick (interpretado por Will Arnett) e nenhum deles funcionar como deveria.

Enquanto isso, Jonathan Liebesman busca empolgar com grandiosas sequências de ação repletas de efeitos visuais. Mas o diretor parece não ter noção do que está fazendo, considerando que ele não consegue deixar clara a lógica visual das cenas e utiliza uma montagem cheia de cortes rápidos confusos (e não duvido caso Michael Bay tenha dado tapinhas em suas costas, tamanho orgulho). Sem falar na fotografia do geralmente competente Lula Carvalho, que por vezes é muito escura, ficando ainda pior graças aos óculos 3D, tecnologia que não adiciona nada a narrativa. Assim, Liebesman cria sequências bagunçadas e aborrecidas, seja a batalha que ocorre no esgoto, a perseguição na neve ou a luta final. Além disso, se o performance capture usado para conceber os personagens-título convence em boa parte do tempo, de vez em quando eles não deixam de parecer meros bonecos artificiais, prejudicando o envolvimento do público, diferente do que acontece com os macacos no recente Planeta dos Macacos: O Confronto.

As Tartarugas Ninja deixa a impressão de um filme feito às pressas, que se contenta em seguir a mesma cartilha de produções como Transformers ao invés de tentar ser algo mais cativante. Gostaria de ter saído do cinema repetindo bordões como “Cowabunga”, mas a experiência de assistir ao filme é desinteressante demais para isso.


Nota:

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