Tendo protagonizado no início da
década de 1990 uma trilogia que é esquecível para boa parte das pessoas (para
algumas, como eu, ela ainda se salva, mas mais pela boa dose de nostalgia que
proporciona do que por qualquer outra coisa) e uma animação razoável em 2007,
as Tartarugas Ninja são personagens que têm potencial para render aventuras
divertidas. Sendo assim, trazê-las novamente para as telonas em um novo filme
live-action não deixa de ser uma ideia válida. No entanto, é lamentável que
elas retornem em uma superprodução tão besta como esta dirigida por Jonathan
Liebesman (responsável por bobagens como Invasão do Mundo: Batalha de Los
Angeles e Fúria de Titãs 2) e produzida por Michael Bay (que dispensa
apresentações).
Escrito pela dupla Josh Appelbaum
e André Nemec em parceria com Evan Daugherty, As Tartarugas Ninja apresenta a
repórter April O’Neil (Megan Fox), que está em busca de um grande furo que a
torne mais respeitada em seu meio de trabalho. Para isso, ela investiga a organização
conhecida como Clã do Pé, que vem aterrorizando Nova York. É então que em uma
noite ela presencia os criminosos sendo atacados por quatro vigilantes misteriosos,
que revelam serem Leonardo (Pete Ploszek e voz de Johnny Knoxville), Raphael
(Alan Ritchson), Michelangelo (Noel Fisher) e Donatello (Jeremy Howard),
tartarugas mutantes, adolescentes e ninjas. Ao lado de seu mestre, o rato
Splinter (Danny Woodburn e voz de Tony Shalhoub), eles tentam acabar com os
planos do maléfico Destruidor (Tohoru Masamune), líder do Clã, e seu pupilo
Eric Sachs (William Fichtner), que pretendem dispersar uma forte toxina pela
cidade.
Ao começar com um prólogo que,
apesar de ser esteticamente interessante por referenciar as raízes
quadrinísticas dos personagens-título, já trata de estabelecer de forma bem
expositiva quem estes são, As Tartarugas Ninja dá os primeiros sinais de que
conta com um roteiro preguiçoso. Isso é comprovado depois não só em cenas que
praticamente param o filme para que elementos da trama sejam explicados para o
espectador (como no flashback que mostra a origem dos heróis e a relação deles
com April, que é tratada de maneira muito esquemática), mas também no próprio
desenvolvimento dos personagens, que se revelam figuras unidimensionais
com as quais não conseguimos nos importar durante da história. E ao tentar
abraçar o bom humor pelo qual as Tartarugas Ninja ficaram conhecidas ao longo
dos anos, o filme se esforça demais para ser engraçado, falhando miseravelmente
neste quesito ao trazer gags bobas e pouco criativas, chegando a ser
impressionante o fato de ele ter dois alívios cômicos nas peles de Michelangelo
e do cinegrafista Vernon Fenwick (interpretado por Will Arnett) e nenhum deles
funcionar como deveria.
Enquanto isso, Jonathan Liebesman
busca empolgar com grandiosas sequências de ação repletas de efeitos visuais.
Mas o diretor parece não ter noção do que está fazendo, considerando que ele não
consegue deixar clara a lógica visual das cenas e utiliza uma montagem cheia de
cortes rápidos confusos (e não duvido caso Michael Bay tenha dado tapinhas em
suas costas, tamanho orgulho). Sem falar na fotografia do geralmente competente
Lula Carvalho, que por vezes é muito escura, ficando ainda pior
graças aos óculos 3D, tecnologia que não adiciona nada a narrativa. Assim,
Liebesman cria sequências bagunçadas e aborrecidas, seja a batalha que ocorre
no esgoto, a perseguição na neve ou a luta final. Além disso, se o performance capture usado para conceber
os personagens-título convence em boa parte do tempo, de vez em quando eles não deixam de parecer meros
bonecos artificiais, prejudicando o envolvimento do público, diferente do que
acontece com os macacos no recente Planeta dos Macacos: O Confronto.
As Tartarugas Ninja deixa a
impressão de um filme feito às pressas, que se contenta em seguir a mesma
cartilha de produções como Transformers ao invés de tentar ser algo mais cativante.
Gostaria de ter saído do cinema repetindo bordões como “Cowabunga”, mas a
experiência de assistir ao filme é desinteressante demais para isso.
Nota:
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