Frank Castle, também conhecido como o Justiceiro, deve ser o herói
mais azarado da Marvel quando o assunto são adaptações cinematográficas.
A primeira vez que isso aconteceu, em 1989, rendeu um filme com Dolph
Lundgren que as pessoas preferem não comentar muito. Já em 2004, quando
as transposições para a tela grande de histórias em quadrinhos já
estavam em alta, tivemos O Justiceiro com Thomas Jane no papel principal e John Travolta
como vilão, e mesmo sendo um filme até razoável, acabou não fazendo
sucesso. Ainda assim, os produtores insistiram no potencial do
personagem, e em 2008 foi lançado este O Justiceiro: Em Zona de Guerra, uma mistura de continuação e reboot que não resultou em uma obra das mais eficientes.
Escrito por Nick Santora em parceria com Art Marcum e Matt Holloway, O Justiceiro: Em Zona de Guerra traz Frank Castle (Ray Stevenson) derrubando vários criminosos, principalmente da máfia de Nova York, e fazendo coisas que a polícia normalmente não poderia fazer. Quando vai à caça do chefe do crime Billy Russoti (Dominic West), Frank o joga em um triturador de vidro, além de matar um de seus capangas sem saber que este é um agente infiltrado. Sentindo o peso de seu erro, Frank tenta proteger Angela (Julie Benz) e Grace (Stephanie Janusauskas), a esposa e a filha do agente, que passam a ser perseguidas por Russoti após este sobreviver ao ataque e partir para a vingança com seu – agora – desfigurado rosto, assumindo assim o nome de Retalho.
A diretora Lexi Alexander traz para o filme um visual repleto de cores quentes que são bem utilizadas para criar um universo sombrio, uma opção que vai desde o design de produção até a fotografia de Steve Gainer, que ainda dá uma bela vivacidade à produção e também remete bastante ao material original. Mas esse talvez seja o melhor elemento do projeto, já que no resto o filme não chega a caprichar. Ao mesmo tempo em que leva sua história muito a sério, Alexander investe em uma violência cujo gore é extremamente cartunesco, com tiros explodindo cabeças e facas decepando personagens com grande facilidade, algo que também vem dos quadrinhos, mas infelizmente não funciona direito no filme e resulta em um grave problema de tom da narrativa.
As próprias cenas de ação conduzidas pela cineasta não são tão empolgantes, sem nos fazer temer pelo destino do protagonista. Claro que muito se deve ao fato de que os vilões mostram ter uma péssima mira, ao passo o herói acerta quase todos os tiros. Isso é uma pena, principalmente porque o roteiro não desenvolve uma trama boa o suficiente para prender a atenção do público. O drama de Frank por ter matado um homem supostamente bom, por exemplo, é tratado de maneira superficial, enquanto que sua relação com a família dele não deixa de ser um tanto clichê, assim como a tal vingança de Retalho.
Substituindo Thomas Jane no papel principal – que preferiu não reprisar o papel – Ray Stevenson encarna Frank Castle sem muito carisma, mas sua composição como um homem que fala pouco e não tem nenhum senso de humor até que é apropriada para o personagem. Já Dominic West interpreta Billy Russoti se baseando bastante no Coringa de Jack Nicholson (isso, inclusive, é referenciado na cena em que um médico tira algumas bandagens em volta do rosto do personagem), mas o ator resvala no exagero, sem falar que nunca chega a ser realmente ameaçador. O mesmo pode ser dito sobre Doug Hutchison, que interpreta o irmão canibal de Russoti, Loony Bin Jim. E se Wayne Knight aparece apagado como Microship, famoso parceiro do protagonista, a fraca Julie Benz surge como a única presença feminina com mais espaço no filme, mas não conseguindo fazer de Angela uma figura interessante.
Depois do fracasso de O Justiceiro: Em Zona de Guerra, os direitos do personagem retornaram para a Marvel, que por enquanto parece não ter planos de trazê-lo de volta para o cinema. Mas quando um novo projeto com o herói for produzido, esperemos que seja algo melhor do que as três versões já exibidas.
Nota:
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