sexta-feira, 30 de maio de 2014

A Culpa é das Estrelas

John Green vem se destacando nos últimos anos graças a sua carreira literária e ao seu canal de vídeos no YouTube (no qual discute assuntos interessantes de um jeito rápido e divertido). Mas mesmo sendo talentoso como escritor, A Culpa é das Estrelas talvez seja sua obra mais irregular, simpática em algumas partes e boba em outras. Mas é o livro responsável por seu sucesso absoluto. Não à toa, é o primeiro a ganhar as telas de cinema. Afinal, quando um romance se torna tão popular, a ideia de uma adaptação cinematográfica entra em desenvolvimento quase que naturalmente.

Escrito por Scott Neustadter e Michael H. Weber (que recentemente escreveram o ótimo The Spectacular Now), A Culpa é das Estrelas nos apresenta a Hazel Grace Lancaster (Shailene Woodley), jovem que está numa batalha contra um câncer há alguns anos, sentindo que a qualquer momento ele irá tomar a sua vida. É então que em uma das reuniões de seu grupo de apoio ela conhece Augustus Waters (Ansel Elgort), que perdeu a perna por causa da doença, mas conseguiu sobreviver a ela. Juntos, Hanzel e Gus iniciam um relacionamento no qual se completam e que os faz aproveitar o tempo que lhes resta juntos, incluindo aí uma viagem para conhecer Peter Van Houten (Willem Dafoe), o escritor favorito da garota.
O diretor Josh Boone (responsável pelo bom Ligados Pelo Amor), conduz o filme com sensibilidade, trazendo uma fluidez admirável para o desenrolar da história. É um detalhe que também se deve ao roteiro, construído com calma e naturalidade. E pelo fato da protagonista ter uma doença que é quase uma bomba, podendo explodir a qualquer momento, o realizador merece créditos por sempre dar atenção à condição da garota (como o desgaste físico que sente em vários momentos), criando tensão quando isso se mostra necessário. Mas ainda que isso ocupe uma parte respeitável da narrativa, A Culpa é das Estrelas é pontuado com curiosos momentos de humor – mesmo que alguns sejam mais bobos – possibilitando uma bem-vinda descontração.
Se Hazel e Gus fossem desinteressantes, A Culpa é das Estrelas certamente seria um fracasso. Por sorte, o relacionamento deles se segura principalmente por causa de seus intérpretes, que têm belas atuações e mostram uma química invejável em cena. Shailene Woodley (que ao lado de Jennifer Lawrence é uma das jovens atrizes que mais vem merecendo atenção nos últimos anos) surge absolutamente adorável como a protagonista, ao mesmo tempo em que faz dela uma garota forte e realista com relação à própria condição. Já Ansel Elgort (que interpretou o irmão de Woodley no recente Divergente) encarna a contraparte masculina com carisma, oferecendo senso de humor e charme para o personagem. Assim, é fácil para o espectador se importar com aquelas figuras e com o que elas estão vivendo. No elenco, também vale destacar Laura Dern e Sam Trammel, como os afetuosos pais de Hazel, além de um excêntrico Willem Dafoe no papel de Peter Van Houten
.Porém, nem tudo é as mil maravilhas em A Culpa é das Estrelas. Um dos problemas é a construção do enredo, que ao buscar uma maior fidelidade ao livro, termina por inserir cenas que até funcionam isoladamente, mas que quando vistas no contexto cinematográfico praticamente param o desenrolar da trama, não a levando para frente e alongando-a desnecessariamente. Exemplo disso é a sequência em que Isaac (Nat Wolff), amigo do casal, joga ovos em um carro. No entanto, o principal problema vem no terço final, quando o filme infelizmente se entrega a certos clichês. É então que a produção passa a apelar para o choro do espectador de maneira artificial, enfraquecendo a narrativa. Mesmo assim, assistir a A Culpa é das Estrelas se revela uma experiência agradável durante a maior parte do tempo, o que não deixa de ser uma boa surpresa.
Nota:


Um comentário:

Bruna Bianconi disse...

Não assisti A culpa é das estrelas ainda, mas muita gente vem falando bem.
Concordo que o sucesso de livros acaba ganhando uma adaptação cinematográfica, aconteceu muito com os livros de Sparks.
Mas esse segundo mesmo provo, que apesar do sucesso dos livros nem todas as adaptações são boas, só que isso vai continuar acontecendo porque né, bom ou não, o retorno pela bilheteria acaba sendo sempre positivo (acredito eu).