quinta-feira, 18 de julho de 2013

Turbo

Diferente do que está acontecendo com a Pixar (que não vem conseguindo empolgar muito depois do enorme sucesso de Toy Story 3), a DreamWorks vem lançando animações realmente interessantes. A produção deles é um pouco maior do que a do estúdio de John Lasseter, lançando dois a três filmes por ano ao invés de um, e apesar de algumas animações que eles fazem mostrarem não ser grandes coisas (como Madagascar 3, Kung Fu Panda 2 e Gato de Botas), ao mesmo tempo eles ainda conseguem realizar obras muito eficientes (como Como Treinar o Seu Dragão e A Origem dos Guardiões). Este ano, se a Pixar decepcionou um pouco com o apenas razoável Universidade Monstros, a DreamWorks surpreendeu com Os Croods e agora com Turbo, animação que parte de uma premissa curiosa por natureza: um caracol que tem a chance de ser muito rápido. E é bom ver que tal premissa é desenvolvida de maneira divertida e satisfatória.
Escrito pelo diretor David Soren em parceria com Darren Lemke e Robert D. Siegel, Turbo conta a história de Theo (voz de Ryan Reynolds na versão original), um caracol obcecado por velocidade e que tem como grande sonho ser um piloto de corridas. Isso faz com que ele seja motivo de piada na comunidade onde vive, além de ser visto como um embaraço por seu irmão, Chet (Paul Giamatti), um sujeito mais realista e que aceita as próprias limitações. Mas um dia, Theo é jogado dentro do motor de um carro tunado (igual àqueles que estamos acostumados a ver nos filmes da franquia Velozes & Furiosos), saindo dali incrivelmente veloz. É quando ele muda seu nome para Turbo e vai parar nas mãos do simpático Tito (Michael Peña), que pode ajudá-lo a realizar seu sonho inscrevendo-o nas 500 milhas de Indianápolis, onde encontraria seu grande ídolo, o piloto Guy Champeón (Bill Hader).
Turbo é uma típica história de “underdog”, sendo o protagonista uma figura que aparenta não poder ir muito longe em seu objetivo, mas que acaba surpreendendo e ganhando a torcida de todos. Até por isso, o filme é um pouco previsível, inclusive em suas reviravoltas, como quando um personagem aparentemente simpático ganha o papel de vilão da história. Mesmo assim, a produção funciona muito bem, principalmente por conseguir fazer com que nos importemos com o protagonista. Boa parte disso se deve a simpatia de Theo e o quanto ele acredita no próprio sonho, por mais absurdo que este aparente ser. Aliás, Theo não é o único personagem interessante do filme, já que figuras como Tito e seu irmão, Angelo (Luis Guzmán), e caracóis como Chicote (Samuel L. Jackson) e Sombra Branca (Michael Patrick Bell) também revelam ser muito carismáticos ao longo da projeção.
Além disso, Turbo é conduzido com uma energia contagiante pelo diretor David Soren. Durante o filme, Soren cria cenas que prendem a atenção do espectador, desde o momento em que Theo praticamente disputa uma corrida com um cortador de grama até a sequência em Indianápolis no terceiro ato. Constantemente o diretor ainda inclui cenas que mostram como a imaginação do protagonista funciona, o que torna o filme mais interessante e aproxima o público do personagem. De vez em quando o diretor também usa um pouco o slow motion, que rende belos momentos de se acompanhar na tela.
Para completar, Turbo conta com gags divertidas, como quando Theo leva tomatadas na cara em seu trabalho, ou a cena em que ele vai descobrindo seus novos poderes e liga seu “rádio interno”. Algumas gags se repetem ao longo da projeção, mais especificamente aquela em que Sombra Branca “se esconde” e a outra em que os caracóis agem tranquilamente quando corvos pegam algum membro de sua população, mas de modo geral as piadas do filme são bem sucedidas. Sem falar que os realizadores são criativos em certos pontos, como na maneira como os caracóis batem palmas ou no modo como é realizada a passagem do protagonista pelo pit stop durante a corrida.
Se a Pixar não voltar a brilhar como antes, é possível que seu reinado no campo das animações (que já dura um bom tempo) fique um tanto ameaçado. E Turbo pode ser mais um sinal de que a DreamWorks está preparada para assumir esse trono.
Cotação:

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