sábado, 2 de julho de 2011

Transformers: O Lado Oculto da Lua

Michael Bay é um diretor medíocre. Durante toda sua carreira ele fez apenas três filmes assistíveis: A Rocha, Armageddon e o primeiro Transformers (sim, gosto deste filme que consegue divertir apesar de suas falhas). Ele não tem cuidado nenhum com a história que está tentando contar, focando seus filmes em explosões, explosões e um pouco mais de explosões. Neste Transformers: O Lado Oculto da Lua, terceiro filme da franquia dos robôs, vemos que a qualidade que já havia decaído em Transformers: A Vingança dos Derrotados caiu ainda mais, graças ao fraco roteiro e, é claro, à direção de Bay.
Transformers 3 começa em 1961, quando uma nave Autobot, pilotada por Sentinel Prime, cai na Lua. Oito anos mais tarde, o governo norte-americano envia a Apollo 11 para investigar o ocorrido. Neil Armstrong e Buzz Aldrin pegam cinco pilares como amostra e voltam para a Terra. Depois disso pulamos para o presente, quando Optimus Prime e os outros Autobots resgatam Sentinel Prime e os outros pilares que estavam na Lua sem saber que tudo isso faz parte de um plano dos Decepticons para reconstruir Cybertron aqui na Terra. E cabe a Sam Witwicky ajudar a salvar o mundo pela terceira vez.
A história por si só já é um pouco absurda, mas o roteiro de Ehren Kruger consegue ir além. Os Decepticons, liderados mais uma vez por Megatron (que aqui parece mais um Sith de Star Wars), querem escravizar a raça humana para que esta possa reconstruir Cybertron. Mas em nenhum momento eles tentam escravizar os humanos, matando todos os que aparecem em sua frente sem nenhuma piedade. Ninguém avisou os vilões que eles ficarão sem ninguém para reconstruir o planeta caso continuem matando as pessoas?
Transformers 3 tenta ser um pouco mais sério do que os filmes anteriores, mas toda situação de perigo é desculpa para fazer as pessoas rirem, e é nesses momentos que o filme cai miseravelmente de qualidade. Quando um determinado personagem sabe que está em perigo, o modo como ele age é uma tentativa desesperada de fazer comédia, chegando ao auge no momento em que ele aparece caindo de um prédio. E o que dizer de Michael Bay dar importância para o piti de um soldado no meio de uma guerra, algo que surge irritante. O humor funciona um pouco apenas quando os dois mini-Autobots, Wheelie e Brains, aparecem em cena, algo que acontece muito pouco. Kruger não se preocupa nem com o desenvolvimento das novas figuras, como o chefe de Sam que é descartado rapidamente depois de ser usado (não sei o que John Malkovich viu no roteiro para aceitar fazer esse personagem).
Bay praticamente começa o filme tratando a personagem feminina como mero objeto sexual, assim como fez com Megan Fox. Aqui a bola da vez é a estreante Rosie Huntington-Whiteley, que tem a parte de trás como protagonista de sua primeira cena em um filme. Sua personagem, Carly, é a nova namorada de Sam. Então vem a pergunta: o que aconteceu com Mikaela? A explicação soa muito mais como um plano de vingança de Michael Bay para cima de Megan Fox pelos desentendimentos entre eles do que propriamente um ato da personagem. Afinal, ela ajudou Sam a salvar o mundo nos filmes anteriores, não sendo a típica “mocinha em perigo”, diferente do que acontece com Whiteley. Aliás, a modelo da Victoria’s Secret não tem uma beleza tão estonteante quanto sua antecessora e seus gritos são insuportáveis, além de surgir inexpressiva na maior parte do filme, mostrando ser uma atriz muito pior do que Fox.
As cenas de ação não empolgam. Bay até deixa um pouco de lado seus tradicionais travelings circulares, mas em compensação ele usa e abusa da câmera lenta para tentar dar mais impacto para as cenas. Porém, são poucos os momentos em que o efeito se encaixa. Outro efeito que Bay usa, com o mesmo propósito, são as pausas entre um corte e outro, mas elas não aparecem de forma orgânica, mostrando que Michael Bay parece não saber lidar com aquilo que nunca colocou em seus filmes. E não sei qual foi a necessidade que o diretor sentiu ao jogar um Decepticon já abatido contra um prédio (devia ter dinheiro sobrando no orçamento e resolveu gastar em mais uma explosão). E é estranho constatar que os robôs sangram.
Shia LaBeouf aparece carismático mais uma vez, interpretando o principal personagem de sua carreira até agora, mas é sabotado pelo roteiro que uma hora o faz gritar, outra hora o faz querer matar alguém, uma mudança bastante drástica para o personagem. Um detalhe sobre Sam é que ele evolui a cada filme. Se no primeiro Transformers ele estava no colégio e no segundo ele está na faculdade, aqui ele já está procurando emprego. Pena que essa evolução seja logo esquecida para que a história chegue logo na ação.
Transformers 3 me deixou triste e feliz. Triste por que essa temporada de blockbusters hollywoodianos está decepcionante. Feliz por que se eu sobrevivi a longas duas horas e meia desse filme, então acho que sobrevivo a qualquer coisa. Afinal, é o equivalente a uma hora de qualquer lixo cinematográfico de Aaron Seltzer e Jason Friedberg.
Cotação:

Um comentário:

Paula disse...

Bah, mas ninguém comenta!
Alguém que assistiu, gostou de Transformers 3?
Eu só vi o primeiro e não gostei, não é meu tipo de filme, e o terceiro, não estou com muita vontade de ver.
Ultimamente tem estreado poucos filmes bons.