quarta-feira, 17 de outubro de 2012
Busca Implacável 2
O primeiro Busca Implacável é até um filme razoável, no qual Liam Neeson convencia bem como herói de ação. Sendo assim, uma continuação para aquele filme soa desde o princípio como algo desnecessário, já que o filme não havia sido feito com a ambição de criar uma franquia, e a história havia ficado muito bem resolvida. Mas tendo sido uma grande surpresa em termos de bilheteria, é claro que o dinheiro acaba falando mais alto. Afinal, os produtores não pensam mais se é realmente preciso explorar mais uma vez o universo dos filmes. Se deu lucro, uma continuação será planejada mesmo que tenha acontecido o apocalipse zumbi no final da história. Nisso é lançado Busca Implacável 2, que mesmo trazendo Liam Neeson de volta ao papel de Bryan Mills, é um filme insosso do início ao fim.
Escrito por Luc Besson e Robert Mark Kamen (responsáveis pelo roteiro do filme anterior), Busca Implacável 2 coloca Bryan em uma viagem a Istambul ao lado de sua filha, Kim (Maggie Grace), e sua ex-esposa, Lenore (Famke Janssen). É quando Murad Krasniqi (Rade Serbedzija), pai do vilão do primeiro filme, resolve se vingar por todo sofrimento que Bryan causou a ele e sua família, caçando o ex-agente da CIA na cidade turca. Mas é claro que Bryan não facilitará a vida do vilão e seus capangas.
Logo no início, ao apresentar a vida que os personagens estão levando depois dos eventos pelos quais passaram, o roteiro já coloca Bryan novamente no papel de pai que se esforça para ficar próximo da filha, ideia já utilizada no primeiro filme. O problema é que aqui isso soa um pouco estranho considerando tudo o que aconteceu com eles. Sem falar que quando Bryan faz com que a filha cumpra algo que haviam combinado anteriormente, isso cria um conflito bobo e que é esquecido logo depois.
Mas esse é o menor dos problemas do roteiro de Besson e Kamen. É incrível, por exemplo, o modo como eles compõem os capangas do vilão do filme, transformando-os em algumas das figuras mais burras que poderiam existir. Em determinado momento, um deles atira em uma pessoa no hotel em Istambul, e sente a necessidade de avisar seu parceiro (“Atirei em alguém!”) como se isso não tivesse sido óbvio o bastante. Mas o cúmulo da burrice desses indivíduos é a cena em que Bryan e Lenore são sequestrados. Em meio a toda a confusão, eles permitem que o protagonista ligue para Kim, avisando-a que ele e sua mãe foram pegos e que ela será a próxima caso não fuja. Que capangas mais gentis, não?
O próprio vilão é desinteressante, fazendo várias ameaças, mas nunca agindo de fato. Na verdade, o detalhe de ele ser interpretado por Rade Serbedzija já é praticamente um aviso de que esse inimigo não será grande coisa, considerando que a lista de vilões interpretados pelo ator não é das melhores. Além disso, o roteiro faz de Bryan a figura inteligente que mostrara ser no primeiro filme, o que faz com que ele sempre pareça estar no controle da situação, e sabendo exatamente o que fazer para destruir aqueles que querem acabar com ele e sua família. Dessa forma, não há como temer pelo destino dele ou de Kim e Lenore. E já que citei a inteligência de Bryan, vale dizer que um bom momento do filme é quando ele ajuda Kim pelo telefone a localizá-lo em um esconderijo, que impressiona pelo modo como o protagonista conduz sua filha.
O diretor Olivier Megaton (responsável pelo medíocre Carga Explosiva 3) abusa demais dos cortes e dos rápidos movimentos de câmera nas sequências de ação, fazendo com que elas se tornem incompreensíveis em vários momentos, como o desfecho de uma luta entre Bryan e o subchefe (a linguagem dos videogames o classifica melhor). O cineasta também não consegue empregar energia na história, e dessa forma até uma cena de perseguição se torna aborrecida. Para completar, Bryan parece nem se esforçar para se livrar dos capangas que o enfrentam, tamanha falta de ritmo demonstrada por Megaton.
Liam Neeson encarna Bryan com a mesma determinação mostrada no filme anterior. Aliás, Neeson poderia entrar para o elenco de Os Mercenários 3, já que aos 60 anos o ator ainda se sai bem como herói de ação. Enquanto isso, Maggie Grace consegue fazer de Kim uma garota menos chata do que antes, sendo que ela ainda vira uma espécie de sidekick do próprio do pai, a ponto de se tornar a melhor motorista do mundo em uma cena de perseguição. Já Famke Janssen pouco tem a fazer com Lenore, não tendo muito espaço para fazer da personagem uma figura realmente interessante.
Ao final de Busca Implacável 2 só há uma conclusão a ser tirada: ninguém deve se meter com Bryan Mills. Mas espere um pouco, isso já não havia ficado claro no primeiro filme?
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Um comentário:
Boa Crítica... O filme é bem fraco mesmo... chegou a dar sono ..
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