terça-feira, 23 de outubro de 2012

Atividade Paranormal 4

Depois de surgir como um terror muito eficiente, Atividade Paranormal lançou a moda dos filmes do estilo found footage, além de ter suas continuações (na verdade, prequels) como toda produção de sucesso. Atividade Paranormal 2 e 3, apesar de desnecessários e irregulares, surpreendiam ao amarrar bem algumas pontas que nem pareciam estar soltas na história. O que nos traz a Atividade Paranormal 4, um filme que pouco tem a dizer com relação aos três anteriores, falhando ainda em elementos que faziam da franquia algo interessante, representando assim uma queda drástica na qualidade da série.
Roteirizado por Christopher Landon (o mesmo do segundo e do terceiro capítulo) e com argumento de Chad Feehan, Atividade Paranormal 4 se passa cinco anos depois dos eventos dos dois primeiros filmes, quando uma possuída Katie (Katie Featherston) levava seu sobrinho Hunter para sabe-se lá onde, depois de matar o namorado e os pais do bebê. A história dessa vez é centrada na jovem Alex (Kathryn Newton) e sua família, que precisam cuidar do novo vizinho, o pequeno Robbie (Brady Allen), enquanto a mãe dele está no hospital. Mas com a presença do garoto, coisas estranhas começam a acontecer na casa, o que faz Alex e seu namorado, Ben (Matt Shively), colocarem câmeras em algumas partes do aposento para gravar tais acontecimentos. Ao mesmo tempo, Robbie tenta atrair Wyatt (Aiden Lovekamp), o irmão mais novo de Alex, para algo sombrio.
Atividade Paranormal 4 já revela um de seus principais problemas logo nas primeiras cenas. Ainda que várias câmeras sejam usadas para pegar os principais cantos da casa, durante boa parte do tempo são os atores que filmam tudo, levando uma câmera para todos os lugares. O problema é que os personagens acabam fazendo coisas que nenhuma pessoa normal faria na situação em que eles se encontram. Em determinado momento, Alex se assusta com alguns barulhos e ao invés de simplesmente ir dar uma olhada pela casa, ela resolve antes pegar a câmera. Esse tipo de coisa dá a ideia de que os personagens tem algum tipo de dependência, como se eles precisassem muito filmar tudo o que acontece a sua volta. Nesse sentido, chega a ser divertido entrar na mente deles em momentos como esse: “Preciso sair daqui! Espera, vou pegar a câmera, que é mais importante que minha própria vida!”.
Aliás, uma das coisas mais impressionantes nos personagens de Atividade Paranormal 4 é o quanto eles são tapados. Afinal, Alex e Ben colocam câmeras em vários pontos da casa, mas não conferem todas as imagens que são gravadas. Quando checam, são momentos bem menos interessantes (como quando Robbie fica falando com seu “amigo imaginário”), e não os vídeos que mostram a tal entidade em ação (como quando Wyatt está andando em seu carrinho e uma cadeira se mexe sozinha). Sem falar que volta e meia a garota está sozinha em casa e ainda assim resolve andar no escuro, o que não é nenhum pouco lógico. Já os pais dela ficam o tempo todo ignorando o que acontece por ali, mesmo quando uma faca “cai” do teto, o que os transforma em nas figuras mais estúpidas do filme.
Os diretores Henry Joost e Ariel Schulman, a mesma dupla de Atividade Paranormal 3, não conseguem causar tensão da mesma forma que os outros filmes, o que é surpreendente considerando que eles tiveram êxito nesse quesito no filme anterior. Se antes os vídeos que eram gravados enquanto os personagens dormiam conseguiam prender a atenção, dessa vez são alguns dos momentos mais chatos da projeção. Nem os sustos aparecem com tanta frequência, já que é possível prever o quê os diretores vão fazer e como vão fazer, o que tira toda a graça do filme.
Mas o que mais incomoda em Atividade Paranormal 4 é a desculpa que o roteiro arranja para a existência do projeto. Afinal, é de se acreditar que o espírito do mal faria alguma coisa com Hunter. (aqui, peço para quem ainda não viu o filme pular para o próximo parágrafo caso não queira ler spoilers) No entanto, nesse quarto filme descobrimos que Hunter na verdade é Wyatt, e não Robbie (que além de ser um personagem irritante, ainda se revela dispensável para a história) como o roteiro tenta empurrar durante quase todo o filme. Se o monstro quer Hunter de volta, a conclusão que pode ser tirada disso tudo é que ele perdeu a criança, o que não só é meio absurdo como faz do vilão uma figura muito burra.
Contando com um elenco que não tem muito o que fazer interpretando personagens que perdem credibilidade com o transcorrer da história, Atividade Paranormal 4 além de ser o fundo do poço para a franquia, ainda mostra que ela já está se estendendo demais. E Atividade Paranormal 5 vem aí, mesmo sem nenhuma historia que precise ser contada.
Cotação:

Um comentário:

Hugo disse...

Por enquanto assisti apenas as partes I e II e gostei.

Por outro lado, acredito que não exista tanta história para outras sequências.

Ao que parece a série já virou o chamado caça-níquel.

Abraço