quinta-feira, 11 de outubro de 2012

A Entidade

Tendo os mesmos produtores de Atividade Paranormal, não chega a ser surpreendente ver que A Entidade é um filme que mais uma vez mostra um ser desconhecido infernizando a vida de alguém. E coincidência ou não, vídeos caseiros no estilo found footage são um elemento importantíssimo na história deste terror estrelado por Ethan Hawke. Mesmo contando uma história um tanto comum, o filme consegue torna-la interessante, mas é lamentável que a desperdice tentando cumprir seu objetivo de assustar o público.
Dirigido por Scott Derrickson (o mesmo de O Exorcismo de Emily Rose e da refilmagem de O Dia em Que a Terra Parou) e roteirizado por ele em parceria com C. Robert Cargill, A Entidade nos apresenta a Ellison Oswalt (Ethan Hawke), escritor que se muda com sua esposa Tracy (Juliet Rylance) e seus filhos Trevor (Michael Hall D’Addario) e Ashley (Claire Foley) para a casa onde ocorreu o assassinato da família Miller, até então não solucionado pela polícia local. Querendo investigar o caso que será o tema de seu novo livro, Ellison encontra vários filmes feitos em Super 8, que mostram não só o crime que ocorreu em seu novo lar, mas também outros terríveis assassinatos envolvendo famílias e crianças desaparecidas. À medida que mergulha no caso, Elisson se vê dentro de uma história que é bem diferente dos outros crimes que investigou para seus livros.
Iniciado com o vídeo do crime que ocorreu naquela casa, mostrando a família Miller sendo enforcada no quintal, A Entidade já começa criando o clima tenso que perdurará durante quase toda a narrativa. Vale dizer que esses breves filmes dos assassinatos representam os momentos mais pesados da produção, e a calma com a qual Scott Derrickson os filma é essencial para torna-los ainda mais desconfortáveis. A trilha sonora de Christopher Young também contribui discretamente para a tensão desses momentos, ainda que em outras cenas Derrickson a utilize desnecessariamente, como se fosse preciso avisar que algum susto está por vir.
Aliás, a preocupação de do diretor em querer assustar o público é tamanha que ele resolve recorrer a um clichê típico de filmes de terror: aumentar o volume da trilha sonora quando necessário. Dessa forma, o diretor não deixa o filme causar os sustos de maneira mais orgânica. E considerando que 90% dos pulos na cadeira acontecem por causa desse recurso, isso acaba virando algo irritante depois de algum tempo, tirando muito do impacto que o filme poderia ter. Mais lamentável ainda é ver que A Entidade tem material para aterrorizar sem precisar se atirar em algo tão lugar-comum.
No meio de toda a atmosfera que envolve o filme, é surpreendente ver que A Entidade consiga encontrar espaço para cenas mais descontraídas que não destoam tanto da história. Nesse sentido, o policial “Fulano” (interpretado por James Ransone) protagoniza alguns momentos divertidos no filme, sendo uma figura bastante atrapalhada. Até o próprio protagonista arranca algumas risadas quando tenta falar para esposa que “tecnicamente“ não mentiu para ela sobre determinados assuntos.
Apesar de prender a atenção, o roteiro de A Entidade não deixa de ter alguns problemas. As crises que Trevor tem ao longo do filme, por exemplo, não acrescentam praticamente nada ao filme. Na verdade, o garoto poderia ser descartado sem maiores problemas, já que não ganha muito espaço para ser desenvolvido e ainda é uma figura desinteressante com seu jeito rebelde. Além disso, a história não deixa de ser um pouco previsível quanto ao caminho que vai tomando, já que Scott Derrickson e C. Robert Cargill mencionam pistas importantes ao longo do filme, tornando possível montar o plano do vilão.
Sendo um ator talentoso, Ethan Hawke carrega eficientemente as quase duas horas de duração do filme. Hawke (que divide com o personagem o fato também de ser um escritor) retrata muito bem o estresse e o desgaste de Ellison durante a investigação do caso, o que inclui deixar os olhos arregalados, o que é perfeito quando se vê que ele não consegue ter uma noite de sono tranquila, sempre acordando por causa das assombrações em sua casa. E apesar de dizer que escreve livros pela fama e pelo dinheiro, Ellison parece pouco se importar com essas coisas ao longo do filme, o que mostra o quanto o novo caso o impressiona.
Finalizado de maneira não muito impactante, A Entidade é um terror eficiente, mas se tivesse um pouco mais de confiança em seu material certamente poderia ter deixado uma marca maior ao final da projeção.
Cotação:

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