Produção que faz parte da onda de
Ozploitation, como ficou conhecido o exploitation
australiano que surgiu na década de 1970, A Caçada do Futuro à primeira vista
parece ter um foco interessante, ainda que não deixe de ser uma mescla de
coisas que podem ser vistas em outras obras. Apresentando um futuro distópico,
o longa de Brian Trenchard-Smith traz uma história clássica de pessoas que
lutam contra um regime totalitário opressivo. Mas por mais interessante que
isso possa ser (afinal, várias produções marcantes partem dessa premissa), o
filme encontra problemas em sua execução frouxa.
Escrito por Jon George e Neill D.
Hicks, A Caçada do Futuro mostra que qualquer
um que represente uma ameaça ao governo ou não se encaixe em seus ideais é
preso e levado a um acampamento, onde terá seu comportamento corrigido. Os
novos membros do lugar são o rebelde Paul Anders (Steve Railsback), a lojista
Chris Walters (Olivia Hussey), que bateu de frente com a polícia ao ajudar um
suposto criminoso, e Rita Daniels (Lynda Stoner), suspeita de ser uma
prostituta. Tendo de enfrentar os abusos dos guardas e seus superiores, o trio
eventualmente ganha do chefe do acampamento, Charles Thatcher (Michael Craig),
a chance de ser libertado caso sobrevivam a um jogo covarde no qual serão
caçados por indivíduos ricos que apoiam o sistema.
Iniciando o filme com uma série
de imagens de protestos nos quais vemos a população ser violentamente
repreendida por forças policiais, Brian Trenchard-Smith já estabelece
eficientemente o tipo de universo no qual estamos entrando. Nesse sentido,
aliás, o longa parece ser levemente influenciado por 1984, tendo até um lema parecido com o do Grande Irmão da obra de
George Orwell (aqui, “Liberdade é Obediência, Obediência é Trabalho, Trabalho é
Vida”). No entanto, apesar de lidar com um material político forte, o objetivo
maior do filme não é tanto dar espaço para discussões desse tipo, mas sim
explorar o embate entre o sadismo do lado governista da trama e a ânsia por
liberdade dos rebeldes.
É para isso que serve a caçada
mortal que rege quase toda a segunda metade da história, o que no fim oferece
mais problemas do que êxitos. O roteiro, por exemplo, desenvolve essa parte da
trama seguindo uma fórmula batida (desde o início é possível prever mais ou
menos a ordem das mortes que acontecem), enquanto que o gore e o jeito por vezes desajeitado da direção de Trenchard-Smith
denotam a precariedade da produção, sendo capazes de render risos
involuntários, algo até comum em produções B como essa.
Além disso, o longa traz fracas atuações do elenco, que falha em criar
personagens interessantes, e uma séria carência de tensão envolta do que
acontece com eles, tirando qualquer peso que a narrativa pudesse ter.
É possível dizer que os problemas
de A Caçada do Futuro fazem parte de
sua moderada diversão, ainda que divertir talvez não fosse a intenção de Brian
Trenchard-Smith quando ele e sua equipe levaram essa ideia para as telas. De um
jeito ou de outro, o diretor acabou concebendo uma obra que é lembrada como uma
pequena pérola do cinema australiano.
Nota:
Nenhum comentário:
Postar um comentário