É difícil não gostar de
O Lado Bom da Vida. Trata-se de um filme divertido, simpático, com uma história bonitinha e boas atuações. Em resumo, é uma obra feita exatamente com o propósito de agradar o público, e é bem sucedido nesse objetivo. Mas mesmo assim, é inegável que este novo trabalho de David O. Russell (responsável por filmes muito eficientes como
Três Reis,
Huckabees: A Vida é Uma Comédia e
O Vencedor) se trate de algo previsível e movido a clichês já muito batidos, o que infelizmente o faz ficar muito longe de ser uma produção digna de oito indicações para o Oscar.
Escrito pelo próprio diretor, baseado no livro de Matthew Quick,
O Lado Bom da Vida nos apresenta a Pat Solatano Jr. (Bradley Cooper), jovem professor que fica internado em um hospital psiquiátrico após flagrar sua esposa, Nikki (Brea Bee), o traindo com outro homem ao som da música que tocou no casamento deles. De volta para casa de seus pais, Patrizio e Dolores (Robert De Niro e Jacki Weaver, respectivamente), depois de oito meses de tratamento, Pat está disposto a recomeçar sua vida ao lado de Nikki, ainda que esta tenha pedido uma ordem de restrição contra ele. Enquanto tenta provar que está mudado, Pat conhece Tiffany Maxwell (Jennifer Lawrence), que perdeu o marido há algum tempo e é tão perturbada quanto ele. Juntos eles iniciam uma amizade incomum e tentarão se ajudar a superar seus problemas.
Mantendo sua câmera muitas vezes perto de seus atores, David O. Russell ajuda a fazer com que o espectador se aproxime dos personagens e simpatize com eles rapidamente. O diretor ainda traz um tom agradável que percorre por toda a narrativa, e demonstra um timing cômico essencial para algumas cenas, como quando o pai de Pat resolve fazer uma aposta acumulada com seu amigo Randy (Paul Herman). Além disso, é interessante o modo como ele conduz algumas sequências, como ao mostrar a traição de Nikki ao mesmo tempo em que Pat explica o que aconteceu exatamente, em um momento que a montagem da dupla Jay Cassidy e Crispin Struthers é bastante eficiente.
Mas a verdade é que no resto o diretor não faz nada de novo em
O Lado Bom da Vida, sendo esta mais uma versão de uma história que já foi contada várias vezes. Tendo uma relação que uma hora está tranquila e feliz e em outra está tensa e cheia de discussões, Pat e Tiffany não deixam de ser mais um “casal que se odeia, mas se ama”. Sem falar que o filme traz cenas que já são comuns do gênero comédia romântica, como um conflito originado pelo fato de um personagem não comparecer em determinado lugar ou quando Pat precisa correr desesperadamente atrás de Jennifer (e o filme trazer eles correndo um atrás do outro várias vezes ao longo da história, infelizmente, não torna a cena menos clichê). E como o final é bastante previsível, a obsessão de Pat em reconquistar a esposa se torna meio irritante depois de algum tempo. Sendo assim, é uma surpresa ver que o roteiro de Russell foi indicado ao Oscar, já que chega até a subestimar a inteligência do espectador, como prova a reviravolta extremamente óbvia envolvendo uma carta.
De qualquer forma,
O Lado Bom da Vida consegue divertir, e boa parte disso se deve às atuações de seu elenco. Trazendo carisma para Pat, Bradley Cooper faz do personagem uma figura que parece estar fazendo um esforço muito grande para se controlar (algo fica claro no modo como ele não para de mexer as mãos quando está na terapia), mesmo estando em busca de sua felicidade, de seu “raio de esperança”. E o fato de Pat ter isso como objetivo é algo que torna divertida a cena em que ele se irrita com um livro de Ernest Hemingway. Já Jennifer Lawrence (a quem sempre me refiro como uma das grandes revelações dos últimos anos) além de ter uma bela química com Cooper, ainda se mostra bastante contida quando Tiffany resolve colocar pra fora toda sua indignação com algumas coisas, demonstrando grande segurança com relação à personagem, como pode ser visto na cena em que ela discute com Pat em uma lanchonete e na outra em que ela fala vários resultados de futebol americano.
Enquanto isso, Robert De Niro finalmente volta a atuar depois de vários filmes em que apareceu no piloto automático, fazendo de Patrizio um homem que claramente se importa com o filho mesmo com todos os seus problemas, protagonizando uma cena tocante ao lado de Cooper, além de ter um ótimo timing cômico nas cenas em que mostra o Transtorno Obsessivo Compulsivo do personagem e sua superstição com seu time de futebol. E se Chris Tucker é um alívio cômico até interessante, surgindo apropriadamente excêntrico como Danny, amigo de Pat dos tempos do tratamento psiquiátrico, Jacki Weaver não se destaca nenhuma vez ao longo da história, ficando em segundo plano praticamente o tempo todo.
O Lado Bom da Vida não é um grande filme, mas realmente consegue fazer seu espectador sair da sala de cinema com um sorriso no rosto. E isso acontece porque em meio a todos os seus problemas, ao menos ele consegue fazer com que nos importemos com o destino de seus personagens. Mas ainda falta muito para colocá-lo entre os melhores filmes do ano.
Cotação:
2 comentários:
Eu odiei esse filme. Não entendi nada, e termina sem sentido, assisti com um amigo e assim como eu ele também não gostou. Não recomendo a ninguém.
li O livro e vi o filme e claro que como na maioria das vezes o filme não tem muito a ver com o livro pois o livro tem mais riqueza de detalhes mas tambem entendo que se fosse para ser igual o filme duraria mil horas .Mas pelo menos o final deveria ser igual
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