Depois de uma trilogia
consistente, que se desenrolou de maneira divertida e cada vez mais grandiosa
até sua satisfatória conclusão, foi frustrante ver Piratas do Caribe escorregar em seu quarto capítulo, Navegando em Águas Misteriosas, que se
revelou decepcionante e totalmente descartável. Mas mais frustrante que isso é
ver o mesmo erro ser cometido novamente. É o que ocorre neste quinto filme, A Vingança de Salazar, que nunca justifica
a própria existência.
Escrito por Jeff Nathanson a
partir do argumento concebido por ele e Terry Rossio (que roteirizou os
exemplares anteriores em parceria com Ted Elliot), Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar começa nos apresentando ao
jovem Henry Turner (Brenton Thwaites), filho de Will Turner e Elizabeth Swann
(Orlando Bloom e Keira Knightley, respectivamente) e que quer livrar o pai da
maldição do Holandês Voador, navio do qual ele virou capitão ao final do
terceiro filme. Para isso, Henry sai em busca do Tridente de Poseidon com a
ajuda da astrônoma Carina Smyth (Kaya Scodelario) e do velho conhecido de seus
pais, Jack Sparrow (Johnny Depp), cuja morte agora é desejada pelo capitão
fantasma Armando Salazar (Javier Bardem), que passa a persegui-lo pelos mares com
sua tripulação igualmente amaldiçoada.
Não demora muito para que
possamos perceber que este novo exemplar tenta resgatar o espírito dos três
primeiros filmes. No entanto, é uma pena que ele faça isso reciclando
preguiçosamente uma série de elementos que já vimos antes, de forma que no fim
ele acaba soando como uma cópia piorada do que a franquia construiu
inicialmente. Temos o vilão amaldiçoado junto com sua tripulação, o filho que
quer libertar o pai de uma maldição, o casal de jovens que guardam pra si os
sentimentos que têm um pelo outro, a bússola de Jack Sparrow tendo papel
importante... Quer dizer, ao que parece não há mais para onde ir ou o que
inventar por aqui, com os diretores Joaquim Rønning e Espen Sandberg (os mesmos
do bom Operação Kon-Tiki) não tendo
chances de trazer coisas novas e expandir o que conhecíamos sobre esse
universo. E considerando essa repetição, é até inevitável que alguns pontos da
trama se tornem previsíveis.
Não que A Vingança de Salazar não tenha bons momentos. O plano que traz o Pérola
Negra dentro de uma garrafa (onde está desde o filme anterior) sendo alinhado
com o mar tem sua beleza, ao passo que a participação de um músico famoso se
destaca mesmo durando alguns segundos. Da mesma forma, a sequência em que Jack
Sparrow quase tem sua cabeça cortada na guilhotina é o tipo de absurdo que
tornou a franquia divertida. Mas tudo isso ainda é pouco considerando que a
narrativa construída por Rønning e Sandberg se mostra insossa no restante do
tempo, com a dupla concebendo cenas de ação que não divertem tanto quanto deveriam
(como o roubo ao banco logo no início ou a sequência com os tubarões-fantasma),
além de perder tempo com coisas que pouco acrescentam a trama ou são
absolutamente descartáveis (o casamento que surge em certo ponto não poderia
ser mais constrangedor).
Enquanto isso, Johnny Depp volta ao
icônico papel de Jack Sparrow não tendo muita chance de desenvolver um pouco
mais o personagem, que ele já interpreta no piloto automático com seus maneirismos.
Já seus jovens companheiros de cena, Brenton Thwaites e Kaya Scodelario, até se
esforçam como Henry Turner e Carina Smyth, mas não têm uma presença tão cativante
ou uma boa dinâmica com Depp, ao contrário daquela que o astro tinha com
Orlando Bloom e Keira Knightley. E se Geoffrey Rush até consegue adicionar
novas camadas a Barbossa, retornando confortavelmente ao papel e chegando a
protagonizar aquele que é o momento mais belo do filme, Javier Bardem pouco
pode fazer com Salazar, um vilão que chama atenção visualmente, mas não tem
nada de realmente interessante além disso, empalidecendo principalmente quando
comparado ao Barbossa do primeiro filme ou ao Davy Jones dos filmes
posteriores.
O máximo que A Vingança de Salazar consegue fazer é esticar a série Piratas do Caribe sem exibir qualquer
força criativa, apenas tentando aproveitar a nome da marca e contar os milhões
de bilheteria que ele ainda é capaz de render. Algo que aparentemente não
encontrará um fim tão cedo.
Obs.: Há uma cena após os
créditos finais.
Nota:
Nenhum comentário:
Postar um comentário