Sexto exemplar da série Alien (oitavo se formos incluir os dois
Alien vs. Predador, o que não acho
muito necessário), Alien: Covenant não
demora muito para mostrar que pretende seguir os passos de seu antecessor, o
mediano Prometheus. Aqui, Ridley
Scott volta a fazer um filme que traz reflexões existenciais e filosóficas enquanto
desenvolve a velha correria tensa da franquia, podendo agora voltar a utilizar o
Alien em si (ou xenomorfo, caso o identifiquemos pela espécie). No entanto, enquanto
Prometheus se mostrou raso em suas
discussões e até mesmo bobo em termos de tensão, este novo exemplar traz esses
problemas com mais força.
Escrito pelo experiente John
Logan e pelo estreante Dante Harper a partir do argumento de Jack Paglen e
Michael Green, Alien: Covenant nos
apresenta aos membros da tripulação da nave que dá subtítulo ao filme. A missão
deles é encontrar um planeta que possa ser colonizado (praticamente o mesmo
ponto do recente – e péssimo – Passageiros),
algo que encontra problemas depois que um sério acidente faz todos acordarem de
seu sono induzido antes do fim da viagem (novamente lembrando Passageiros). É quando eles decidem
checar um planeta mais próximo para ver se seu objetivo pode ser realizado por ali.
Mas é claro que as coisas não saem como planejado e o grupo logo se vê tendo
que lutar pela sobrevivência, enfrentando várias espécies de Aliens que se
criam naquele ambiente hostil.
Se a ideia era dar continuidade a
Prometheus, o filme meio que já
encontra problemas em seu desenvolvimento. Tendo àquela produção deixado uma
série de coisas mal resolvidas, de forma que o gancho no final colocava
Elizabeth Shaw (Noomi Rapace, que aqui surge só em fotos) prometendo dar
seguimento à sua missão ao lado de David (Michael Fassbender, o único a realmente
retornar do longa anterior), Alien:
Covenant teoricamente deveria seguir as ideias apresentadas por lá, podendo
até dar a elas o aprofundamento que não haviam tido. Mas apesar de se lembrar disso
pontualmente, como logo no início ao trazer um flashback focado na relação entre David e seu criador, Peter Weyland
(uma breve participação de Guy Pearce), o roteiro ainda se mantém superficial
ao falar sobre nossas origens, além de preferir misturar tais questões com uma
nova discussão, pondo em cheque o merecimento dos humanos de se reproduzirem em
outro planeta tendo em vista nossa natureza destrutiva.
São ideias que no papel não
deixam de soar interessantes, mas que ao serem executadas no filme rendem uma
salada de frutas temática sem foco e pretensiosa, com Ridley Scott conduzindo
cenas que chegam a ser enfadonhas, como aquela em que David ensina seu “irmão-androide”
Walter (novamente Fassbender) a tocar flauta. Para completar, tudo isso perde
espaço quando o roteiro se concentra no confronto entre a tripulação da
Covenant e os Aliens, aspecto que talvez seja o principal interesse do filme.
No entanto, por mais que Scott tente criar tensão na narrativa, usando até um
alto nível de violência em determinadas partes (a cena em que um Alien sai pelas
costas de um personagem se destaca nesse sentido), é difícil ficar angustiado
com aquela situação tendo em vista que o longa tem em mãos personagens sem
personalidade, que por vezes agem de maneira estúpida e são descartados
gradualmente sem qualquer impacto. Isso é lamentável principalmente considerando
que o elenco tem nomes talentosos como Katherine Waterston, Billy Crudup,
Demián Bichir e Carmen Ejogo. E ainda que Michael Fassbender faça algumas
coisas interessantes com seu papel duplo de David e Walter, mostrando o
fascínio da dupla pelo mundo ao seu redor, é irritante que o roteiro aproveite o
ator para inserir uma reviravolta que, de tão previsível e batida, pode ser notada
quase uma hora antes de ocorrer.
Mesmo chamando atenção quanto a
alguns detalhes da origem do xenomorfo que conhecemos lá no primeiro filme, Alien: Covenant tropeça demais nas
próprias pernas, querendo lidar com muitas coisas, mas sem saber como. No fim,
o que se tem é um longa decepcionante e esquecível, que nem parece ter sido
feito pelo mesmo Ridley Scott que iniciou a série há quase 40 anos.
Nota:
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