quinta-feira, 25 de junho de 2015

Minions

Fazendo um esforço, até consigo entender o apelo dos pequenos Minions, os capangas de Gru, protagonista de Meu Malvado Favorito e sua continuação. São figuras engraçadinhas em termos de conceito e visual, estando para aqueles filmes da mesma maneira que Scrat está para A Era do Gelo e os Pinguins estão para Madagascar. No entanto, é preciso mais do que isso para torna-los interessantes, sendo que suas aparições ao lado de Gru os traziam em gags que não funcionavam muito bem, e nem tornavam suportável a experiência de assistir aos dois Meu Malvado Favorito (sim, acho ambos fraquíssimos). De qualquer forma, considerando o costume dos estúdios de aproveitar o máximo que podem de suas franquias, o fato de essas criaturas ganharem um spin-off  é mais do que natural. Mas se elas mal funcionavam no formato conta-gotas, imaginem acompanha-las ao longo de um filme inteiro.

Concebido como uma prequel, Minions começa mostrando que os personagens-título existem desde a pré-história, servindo sempre ao ser mais perverso que encontrarem, detalhe que faz parte de sua natureza. Sendo assim, depois de perderem seus mestres do mal ao longo dos anos e estabelecerem sua própria civilização na Antártida, eles eventualmente sentem sua grande dependência como serviçais, fazendo o trio formado por Kevin, Stuart e Bob partir em uma missão para encontrar um novo líder, no fim da década de 1960. Isso os leva até uma convenção de vilões em Orlando, onde conhecem a maléfica Scarlett Overkill (voz de Sandra Bullock na versão original), que pode ser exatamente quem eles estavam procurando.

Minions começa quase como um documentário, com direito a uma narração em off bem expositiva que explica a história dos personagens-título, incluindo suas características e seus antigos mestres. É algo que até diverte, apesar de ser apenas o jeito encontrado pelo roteirista Brian Lynch de estabelecer o próprio plot do longa, já que o dialeto “minionês” é incompreensível em sua mistura rápida de vários idiomas. Mas daí em diante é ladeira a baixo, com o filme desenvolvendo uma trama boba e desinteressante envolvendo o plano de Scarlet para roubar a coroa da rainha da Inglaterra. Basicamente, isso é um fiapo de história que serve como suporte para o grande objetivo do filme, que é divertir jogando os personagens constantemente em gags, ao mesmo tempo em que faz referências óbvias à cultura pop.

Mas o filme não mostra inteligência alguma em suas sacadas, atirando piadas na tela sem a menor criatividade ou organização, de forma que os diretores Pierre Coffin e Kyle Balda acabam soando até desesperados. É completamente diferente do que ocorre, por exemplo, na estreia da semana passada, o fantástico Divertida Mente (comparar os dois chega a ser covardia, mas há um verdadeiro abismo entre eles). Minions busca o tempo todo forçar o riso ao invés de arrancá-lo naturalmente, em apostas que acabam se revelando estupidas e irritantes na maior parte do tempo, seja nas trapalhadas dos personagens ou nos breves números musicais (aquele que traz os guardas pelados é constrangedor). E por o filme não funcionar nesse sentido, os realizadores não conseguem impedi-lo de cair no tédio.

Algo comum em prequels é que desde o início o público já sabe o que acontecerá no final da história, obrigando-os a serem mais criativos na jornada até o ponto onde os filmes anteriores começaram. Em Minions isso é um desastre. Assim como os dois Meu Malvado Favorito, esta é uma animação que prefere se agarrar a desculpa de que, por ser voltada ao público infantil, pode apostar em quaisquer bobagens, porque crianças riem de qualquer coisa. Talvez isso seja verdade (e sejamos bem enfáticos no “talvez”), mas um pouco de inteligência não faria mal a ninguém.

Nota:

Um comentário:

Carol disse...

Pegou pesado Thomás, hahah. Eu ri um monte no filme.