quinta-feira, 11 de junho de 2015

Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros

“Essa gente nunca aprende”, diz um personagem em determinado momento deste Jurassic World, quarto filme da série Jurassic Park, que volta às telonas depois de quase 15 anos. Considerando o caos mostrado no belíssimo original e em suas pouco memoráveis continuações, a fala não deixa de ser uma referência à própria franquia, sendo no mínimo estranho chegarmos a mais um exemplar e vermos que alguém ainda achou que seria uma boa ideia fazer um parque de dinossauros. Mas, claro, se não houvesse isso provavelmente não teríamos uma franquia, e ainda que seja outra continuação que não se equipare ao primeiro filme (o que nem deve ser esperado), Jurassic World ao menos traz aquela correria divertidamente tensa que marcou a série em maior ou menor grau.

Escrito por Rick Jaffa e Amanda Silver (responsáveis por dar nova vida a série Planeta dos Macacos) em parceria com Derek Connolly e o diretor Colin Trevorrow (do ótimo Sem Segurança Nenhuma), Jurassic World mostra que o parque está aberto na Ilha Nublar e funcionando perfeitamente, recebendo milhares de visitantes todos os dias. Mesmo assim, uma queda de público faz os responsáveis pelo lugar mandarem criar um dinossauro híbrido, o Indominus rex, que se revela maior, mais inteligente e, consequentemente, mais atrativo do que os dinossauros comuns. Mas quando o animal foge, deixando um rastro de destruição por onde passa, o pânico começa e toda a equipe por trás do parque tenta detê-lo. Em meio a isso, a chefe de operações Claire Dearing (Bryce Dallas Howard) tem a ajuda do domador Owen Grady (Chris Pratt) para tentar achar seus sobrinhos, Gray (Ty Simpkins) e Zach (Nick Robinson), que se perderam diante dos ataques do dinossauro.

Tem-se início então uma história que segue à risca a fórmula Jurassic Park, trazendo a mesma coisa que víamos nos filmes anteriores, com a diferença de que dessa vez o roteiro inclui toques de crítica a instituições como o Sea World e a maneira como são tratados os animais em cativeiro, como se estes fossem meras atrações e não merecessem maiores cuidados, revelando a desumanidade existente nos bastidores. É um lado interessante da história, de forma que é uma pena que o filme não se concentre mais nisso, concedendo espaço para as subtramas previsíveis de seus personagens humanos unidimensionais, que são obrigados a proferir diálogos dolorosamente expositivos como “Ela não os devorou. Está matando por esporte”. Por sorte, o carisma do elenco (em especial Chris Pratt e Bryce Dallas Howard) compensa um pouco esse detalhe e impede que a narrativa fique aborrecida ao se afastar dos dinossauros.

Dinossauros estes que são maravilhosamente bem concebidos pela equipe de efeitos visuais e, mesmo aparentemente domados, têm um instinto predatório que os torna perigosos, o que em parte é responsável pela tensão envolta da trama, como na cena em que um funcionário cai na jaula dos velocirapitors. Com relação a este aspecto, aliás, Colin Trevorrow faz um trabalho eficiente ao construir a atmosfera do filme sem esquecer de entreter, também merecendo créditos por dar vida àquele universo de maneira muito convincente com a ajuda do design de produção de Ed Verreaux. Além disso, é bacana ver o respeito que o diretor tem pelo filme original, inserindo naturalmente algumas referências a ele, como na cena que, ao som da trilha icônica de John Williams, traz o encantamento dos personagens ao entrarem no parque.

Assim como os dois capítulos anteriores, Jurassic World vira uma bobagem ocasionalmente, como ao inserir rasamente uma camada política e bélica envolvendo os dinossauros. Mas é uma produção que funciona suficientemente bem na maior parte do tempo, representando uma experiência nostálgica por tratar de um universo que se tornou querido para o público nas últimas duas décadas.


Nota:


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