domingo, 23 de outubro de 2011

Atividade Paranormal 3

Atividade Paranormal foi uma das grandes surpresas entre os filmes que estrearam nos cinemas em 2009 (originalmente, é uma produção de 2007). Com um orçamento baixíssimo, o filme é incrivelmente tenso, tem uma história envolvente e interessante, e ainda conta com momentos assustadores. Como todo sucesso inesperado de bilheteria, Atividade Paranormal vira agora uma franquia. Mas, como de costume, as continuações não conseguem ser tão boas quanto o original. Se Atividade Paranormal 2 é um bom filme, e nada mais do que isso, Atividade Paranormal 3 fica quase no mesmo nível, sendo um pouco inferior.
Escrito por Christopher B. Landon, baseado nos personagens criados por Oren Peli, Atividade Paranormal 3 volta um pouco mais no tempo com relação aos outros filmes. Dessa vez, nós vemos como foi a infância de Katie e Kristi (as duas assombradas) e vemos que o fantasma (ou seja lá o que for) já estava presente em suas vidas nessa época. O padrasto delas, Dennis, coloca câmeras em alguns pontos da casa depois de ter gravado um terremoto e algo estranho ter aparecido no vídeo.
Dirigido pela dupla Henry Joost e Ariel Schulman, Atividade Paranormal 3 inicia com Katie e Kristi adultas encontrando uma caixa de fitas com imagens da época em que elas eram crianças. Essa parte serve apenas para mostrar de onde virão as imagens que veremos a seguir. É uma cena estranha, já que o modo como os personagem interagem uns com os outros dá a entender que eles vão olhar o que tem dentro das fitas, o que deixaria eles de boca aberta. A partir daí, entramos direto para a infância das meninas, em 1988.
Os diretores conseguem mostrar imediatamente que as meninas tinham uma vida tranquila com a mãe, Julie, e o padrasto, o que já indica que eles são uma família comum. Joost e Schulman estabelecem isso com agilidade, sendo que não demora muito para que o fantasma comece a perturbar a paz da família, e em nenhum momento isso soa abrupto.
A dupla ainda consegue com talento causar o que já é esperado de um filme de Atividade Paranormal: sustos. A maioria deles surge naturalmente e graças à tensão que os diretores conseguem colocar nas cenas (algo que pecou um pouco no segundo filme). Um dos principais modos que os diretores encontram para deixar o público com os olhos grudados na tela (ou tapados) é girar uma das câmeras de um lado para o outro. Desse modo, quando a câmera vai para o lado esquerdo, no momento em que ela começar a voltar já tememos ver algo no lado direito.
Se a direção é boa (apesar de falhar em algo que discutirei mais adiante), o mesmo não pode ser dito sobre o roteiro, que desenvolve uma história pouco interessante (e se o filme é envolvente, isso é graças à direção). Como foi visto em Atividade Paranormal 2, a avó de Katie e Kristi fez um pacto com o diabo, e o custo seria o primeiro primogênito da família (que veio a ser Hunter, o bebê do segundo filme). Porém, isso nunca é desenvolvido nesta terceira parte (ou seria primeira?), deixando tudo muito subentendido.
Aliás, muitas coisas ficam subentendidas. Se o que o fantasma queria era o primeiro filho homem, porque ficar incomodando os personagens agora? Por que não esperar o garoto nascer, como aconteceu em Atividade Paranormal 2? E o que aconteceu com as meninas entre os eventos do terceiro e do segundo filme? (Se você não viu o filme ainda e não quer saber nada sobre a história, sugiro que pule para o próximo parágrafo) Mas a grande pergunta que surge não é sobre algo subentendido, e sim pelo conteúdo das fitas que estão sendo mostradas. Se as fitas são uma lembrança da infância assustadora das meninas e ainda mostram a mãe e o padrasto delas sendo mortos pela avó e seu grupo de bruxos, então porque guardá-las?
Outro ponto que prejudica o filme é o modo como termina. Não estou falando sobre o final da história, e sim sobre uma parte bem simples que não existia no primeiro filme e que, por isso, dava um toque especial para ele: os créditos finais. Quando Atividade Paranormal terminava, ficava uma magia interessante, como se o que havíamos acabado de assistir tivesse acontecido de verdade, e os letreiros que diziam o que aconteceu com os personagens contribuía ainda mais para isso. Atividade Paranormal 3 não tem nenhum pouco dessa magia pelo fato de os diretores colocarem os créditos finais, tirando muito do impacto que o filme poderia ter. Este erro também prejudicou o segundo filme.
Com um elenco desconhecido que consegue convencer como pessoas comuns, importante para que um filme no estilo “found footage” como este funcione, Atividade Paranormal 3 funciona dentro do que se propõe a fazer. Prende a atenção e causa sustos interessantes, apesar de não ser um exemplar memorável do gênero de terror como foi o primeiro filme da série.
Cotação:

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