A cultuada franquia Planeta dos
Macacos ficou um bom tempo no limbo depois de seu quinto filme, A Batalha do
Planeta dos Macacos, de 1973. Tim Burton até tentou dar vida nova a série em seu
remake, mas como todos sabem isso não foi muito bem sucedido. Mas ela voltou a
ganhar atenção com Planeta dos Macacos: A Origem, prequel eficiente que deu uma boa repaginada naquele universo e de
quebra nos reapresentou a um de seus personagens mais interessantes: César,
vivido agora por Andy Serkis através do performance
capture. É então que a franquia chega a seu oitavo filme, Planeta dos
Macacos: O Confronto, que se revela um de seus melhores ao lado do primeiro e
terceiro exemplares.
Escrito por Mark Bomback em
parceria com Rick Jaffa e Amanda Silver (dupla que roteirizou o filme anterior),
Planeta dos Macacos: O Confronto se passa cerca de dez anos após o vírus
ALZ-113 ter dizimado grande parte da população mundial. Nisso, César forma uma comunidade
com outros macacos na floresta, buscando viver em paz longe dos humanos, que por
sua vez tentam sobreviver com recursos limitados em San Francisco. Quando o
grupo liderado por Dreyfus (Gary Oldman) e Malcolm (Jason Clarke) localiza uma
usina hidrelétrica exatamente onde os macacos se estabeleceram, César permite
que os humanos voltem a fazer as máquinas funcionarem para dar energia para a
cidade, querendo evitar um conflito desnecessário que custaria vidas. Mas figuras
como Koba (Toby Kebbel) não pensam da mesma forma que ele, fazendo com que a
paz não dure muito tempo.
Usando os primeiros minutos para deixar
clara a divisão da sociedade entre macacos e humanos, o roteiro é hábil ao
mostrar o grande líder que César se tornou e como os símios são seres primitivos,
mas em constante evolução, criando até o lema de “Macacos não matam macacos”
(os fãs da série ficarão felizes de ver isso de volta). Enquanto isso, o
contrário ocorre com os humanos, que estão em uma situação cada vez mais escassa.
Sendo assim, o design de produção acerta tanto na simplicidade da comunidade formada
por César quanto no visual pós-apocalíptico da San Francisco habitada pelos
humanos.
O diretor Matt Reeves
(o mesmo dos ótimos Cloverfield: Monstro e Deixe-Me Entrar) usa a inimizade
existente entre as duas raças para criar um belo nível de tensão em volta das
relações entre elas. Por mais que humanos e macacos tentem não criar confusão
uns com os outros, qualquer tipo de ameaça pode colocar tudo a perder, detalhe
que traz certa imprevisibilidade a história. Além disso, Reeves impõe um tom de
urgência que ecoa durante a maior parte do filme, chegando ao ápice na batalha
que ocorre no terceiro ato e que é conduzida com uma segurança invejável. Tudo
isso é embalado pela trilha por vezes épica, por vezes melancólica de Michael
Giacchino, que pontualmente insere acordes que remetem a música dos primeiros
filmes da série, um toque particularmente inspirado do compositor.
No entanto, é mesmo com seu
subtexto político e social que o filme prende a atenção, usando a luta entre as
raças como uma alegoria envolvendo conflitos ainda bastante atuais no mundo. Da
mesma forma, o rancor que impede boa parte dos macacos e dos humanos de verem
bondade uns nos outros faz uma alusão clara ao preconceito, sendo que o filme consegue
fazer com que compreendamos as visões hostis de ambos os lados, mesmo que estas
sejam precipitadas. Nesse sentido, é interessante ver que César é o personagem cuja
visão de mundo é a mais completa. Enquanto seus companheiros foram cobaias em laboratórios
comandados por humanos que, no momento, os veem como a causa de sua quase
extinção, ele foi criado por um homem com o afeto que qualquer um deveria
receber, conhecendo o lado bom das pessoas que aqui é representado por Malcolm
e sua família.
César que volta a ser interpretado
por Andy Serkis com a mesma genialidade vista no filme anterior. Ao longo da
história, basta um olhar ou um gesto do ator para que o protagonista passe uma
onda de emoções complexas e muito humanas, em uma atuação extremamente sensível.
Aliás, Matt Reeves acerta no modo como mostra a autoridade do personagem,
filmando-o através de ângulos baixos que, somados a presença de Serkis, o tornam mais
imponente. E se Toby Kebbel encarna com propriedade o rancor que move Koba, Jason
Clarke faz de Malcolm um dos personagens humanos mais fortes da franquia, ao
passo que Gary Oldman se destaca mesmo com pouco tempo de tela, tendo um
momento particularmente tocante quando Dreyfus vê as fotos de sua família.
Envolvente do início ao fim e contando com um trabalho de efeitos visuais digno de prêmios, Planeta dos Macacos: O Confronto prova que a franquia ressuscitou com fôlego de sobra. E é realmente um prazer vê-la recuperar a força que tinha antigamente.
Envolvente do início ao fim e contando com um trabalho de efeitos visuais digno de prêmios, Planeta dos Macacos: O Confronto prova que a franquia ressuscitou com fôlego de sobra. E é realmente um prazer vê-la recuperar a força que tinha antigamente.
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