quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Kick-Ass 2

Kick-Ass: Quebrando Tudo se revelou como um dos grandes filmes de 2010, divertindo com seus personagens e o universo da história, se mantendo o mais fiel possível ao material original (o que inclui a violência gráfica). Como quase todo sucesso, o projeto agora ganha uma continuação pelas mãos de Jeff Wadlow, responsável por Wolf Creek e pelo mediano Quebrando Regras (o diretor anterior, Matthew Vaughn, dessa vez ficou a cargo da produção). Mas apesar de ter uma série de problemas, Kick-Ass 2 mesmo assim não chega a ser uma decepção.
Escrito pelo próprio Jeff Wadlow, baseado novamente nos quadrinhos de Mark Millar e John Romita Jr., Kick-Ass 2 mostra que Dave Lizewski (Aaron Taylor-Johnson) inspirou várias outras pessoas comuns a se tornarem super-heróis quando colocou Kick-Ass no mapa. Enquanto a grande Hit-Girl, Mindy Macready (Chloë Grace Moretz), se vê forçada a tentar levar uma vida normal a pedido de seu guardião, Marcus (Morris Chestnut), Dave não consegue se afastar de seus deveres como combatente do crime, se juntando a Justiça Eterna, equipe de heróis liderada pelo Coronel Estrelas (Jim Carrey). É quando Chris D’Amico (Christopher Mintz-Plasse) deixa sua identidade de Red MIst para trás e se torna Motherfucker, planejando uma vingança contra Kick-Ass pelo que este fez a seu pai e juntando uma equipe de supervilões que pode colocar o herói e as pessoas que ele ama em perigo.
Kick-Ass 2 tem ao longo da história elementos que não são tão interessantes quanto poderiam ser. A subtrama envolvendo Mindy e um grupo de patricinhas, por exemplo, é curiosa inicialmente pelo fato de a personalidade da garota não condizer com absolutamente nada do que ela acaba enfrentando, mas depois de um tempo isso se torna um tanto previsível. Além disso, Jeff Wadlow em alguns momentos não sabe se quer fazer humor ou algo um pouco mais sério, o que faz com que o tom do filme fique um tanto inconsistente. Para completar, a metalinguagem que já havia sido incluída no primeiro filme volta a dar as caras aqui, mas de um jeito não muito criativo, como quando alguns diálogos são traduzidos por balões de quadrinhos ou quando os personagens falam constantemente que “Isso não é uma história em quadrinhos”.
Não que Kick-Ass 2 não consiga divertir. Tirando alguns momentos over demais (aquele que inclui vômitos e diarreias é o mais óbvio), boa parte das sacadas do roteiro de Wadlow funciona, como o detalhe de Mindy ter um pote onde coloca um dólar para cada palavrão que diz, ou a piada que o Coronel Estrelas faz com o Homem-Inseto (Robert Emms), um herói homossexual que não usa máscara porque isso seria como ainda estar “no armário” (um detalhe bacana do personagem). Aliás, todos os membros da Justiça Eterna esbanjam simpatia, o que é essencial para que nos importemos com eles, e até por isso chega a ser uma pena que seu desenvolvimento praticamente se limite aos motivos para eles terem se tornado super-heróis.
Enquanto isso, as cenas de ação são bem realizadas por Wadlow, que conduz tudo com energia ao mesmo tempo em que deixa claro para o espectador o que ocorre na tela. Isso vai desde as cenas de luta até sequências maiores, como a batalha final. Mas o grande destaque desse quesito do filme é a cena que traz Mindy combatendo capangas em uma van (ainda que a heroína dê sorte de os vilões terem uma mira terrível).
No entanto, se o filme prende a atenção, isso se deve aos ótimos personagens, que são muito bem interpretados pelo elenco. Aaron Taylor-Johnson volta a fazer de Dave um herói carismático e vulnerável, mesmo que neste filme ele surja mais forte e experiente do que antes. Já Chloë Grace Moretz retorna ao papel de Mindy Macready com competência, trazendo força à garota e deixando claro mais uma vez que ela pode encarar de igual pra igual figuras muito maiores do que ela. E se Christopher Mintz-Plasse encarna Chris D’Amico como um vilão ingênuo, mas não menos eficiente, Jim Carrey traz uma ótima presença em cena para o Coronel Estrelas, divertindo com a excentricidade do sujeito.
Kick-Ass 2 fica longe de ser tão bom quanto o primeiro filme, mas ainda assim rende um bom entretenimento e prova o carisma de seus personagens. No fim, isso acaba sendo o bastante.
Obs.: Há uma cena após os créditos finais.
Cotação:

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