quarta-feira, 9 de outubro de 2013
É o Fim
O elenco de É o Fim é composto por um grupo de atores que têm talento para a comédia. E além de levarem jeito para a coisa, eles também são amigos na vida real, sendo que alguns deles frequentemente aparecem estrelando filmes juntos (Superbad: É Hoje e Segurando as Pontas são exemplos disso). Sendo assim, é curioso ver todos eles se unindo para realizar uma produção que é uma mistura de comédia e filme-catástrofe, na qual eles aparecem interpretando a “si mesmos” (uso as aspas porque ainda assim se tratam de personagens) e chamam vários outros nomes conhecidos para fazer participações especiais. Isso acaba resultando em uma brincadeira em que vemos uma hipótese de como esses atores famosos agiriam caso o Apocalipse realmente acontecesse, o que rende belas risadas.
Escrito e dirigido por aquele que pode ser considerado um dos líderes da trupe, Seth Rogen, e por seu parceiro habitual Evan Goldberg (ambos estreantes na direção de longas-metragens), É o Fim mostra Rogen recebendo a visita de seu amigo Jay Baruchel, que há algum tempo não vinha para Los Angeles. Mesmo contra a vontade de Baruchel, os dois acabam indo parar em uma grande festa na casa de James Franco, onde também encontram figuras como Jonah Hill, Craig Robinson, Michael Cera, Emma Watson, entre outros. No entanto, quando tudo aparenta estar tranquilo, o fim do mundo começa, deixando todos em pânico absoluto diante do caos.
O que se segue é um prato cheio para que os atores possam mostrar a ótima química que têm em cena, além de ser uma ótima oportunidade para que eles brinquem com a imagem que estabeleceram para si mesmos ao longo dos anos. Um exemplo divertido disso é Michael Cera, ator conhecido por seu jeito meio tímido e nerd, mas que aqui surge cheirando cocaína e dando tapa na bunda de Rihanna. E as referências que eles fazem aos próprios filmes não só são engraçadas, como também surgem organicamente na história e não soam gratuitas, como quando vemos os objetos guardados por James Franco em sua casa, ou quando Danny McBride diz que Seth Rogen está tendo uma atuação melhor do que aquelas que ele mostrou em seus últimos filmes, como Besouro Verde (e não deixa de ser curioso ver a humildade de Rogen ao incluir esta piada no filme, admitindo que sua empreitada como super-herói realmente não deu certo).
Além disso, as situações criadas pelo roteiro de Rogen e Goldberg (ou pela própria improvisação do elenco, algo que com certeza ocorreu em algumas cenas) funcionam muito bem na maioria das vezes, explorando com eficiência o pânico sentido pelos personagens, como o pequeno mal-entendido envolvendo Emma Watson (que termina numa fala genial de Danny McBride) ou o momento em que todos resolvem confessar algumas coisas ruins que fizeram. E apesar de as referências religiosas incluídas no roteiro parecerem bobas inicialmente (como o fato de apenas as pessoas boas serem salvas do Apocalipse), ao longo do filme elas vão rendendo momentos divertidos, sendo o principal deles envolvendo James Franco no terceiro ato.
Claro que nem tudo dá certo em É o Fim. Às vezes o filme investe em piadas que não tem muita graça, como quando James Franco se irrita ao descobrir o que fizeram com uma de suas revistas masculinas (uma cena que ainda por cima é bem longa) ou quando Jonah Hill é pego de maneira indevida por um monstro. Pra completar, o pequeno conflito entre Seth Rogen e Jay Baruchel não é muito interessante, o que é uma pena quando consideramos que os dois são os protagonistas da história. Mas esses são problemas pequenos quando vemos o filme como um todo.
Tendo nas participações especiais de outros astros alguns de seus elementos mais hilários e contando com um elenco que não teme se expor ao ridículo quando necessário (um detalhe que contribui muito para a eficácia de boa parte das piadas que o filme tenta fazer), É o Fim se revela uma brincadeira interessante de Seth Rogen e seus amigos. Assistindo ao filme, fica claro que todos os envolvidos no projeto devem ter se divertido no decorrer das filmagens, e é bom ver que ao mesmo tempo eles conseguem fazer o público se divertir junto com eles.
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