terça-feira, 20 de novembro de 2012
A Saga Crepúsculo: Amanhecer - Parte 2
Em seus quatro primeiros filmes, a “saga” Crepúsculo nunca conseguiu ser algo realmente interessante. Tendo em seu centro um triângulo amoroso bobo entre personagens insossos, era difícil se deixar envolver pelas histórias, o que também acontece nos livros, que de tão problemáticos faziam pensar que era impossível que um filme satisfatório pudesse sair dali. Mas agora tudo isso finalmente chega ao fim em Amanhecer – Parte 2, último capítulo da série e que tem a sorte de não contar com algumas das coisas que enfraqueciam os filmes anteriores, tendo até uma trama um pouco mais interessante, o que resulta no melhor exemplar da franquia, ainda que isso não signifique muita coisa.
Escrito por Melissa Rosenberg, Amanhecer – Parte 2 começa onde a primeira parte terminou, com Bella (Kristen Stewart) já transformada em vampira por seu amado Edward (Robert Pattinson). Preparada para a nova vida que irá levar, a garota também conhece sua filha Renesmee (Mackenzie Foy), além de ficar sabendo que Jacob (Taylor Lautner, que agora levou quinze minutos para tirar a camisa, uma mudança considerável se comparada aos trinta segundos do filme anterior) teve um imprinting na criança, tornando-se extremamente ligado a ela. Quando tudo finalmente parece se encontrar em paz para Bella e sua família, a vampira Irina (Maggie Grace) denúncia todos eles aos Volturi, com o pensamento de que Renesmee é uma Criança Imortal, um ser que pode colocar em risco o segredo da existência dos vampiros. Cabe aos Cullen tentar convencer Aro (Michael Sheen, em uma atuação divertida) e sua trupe do contrário, chamando vários outros clãs vampirescos para ajudá-los.
Em primeiro lugar, vale ressaltar que Amanhecer – Parte 2 melhora consideravelmente um quesito que era bastante falho nos filmes anteriores: a Bella Swan vampira é muito mais interessante do que a Bella Swan humana, ainda que Kristen Stewart continue mostrando um pouco de seus maneirismos, como as pequenas pausas que realiza durante as falas. Apesar de ter sido transformada a pouco tempo, a garota age como se fosse uma vampira há décadas, e chega a ser engraçada a cena em que os Cullen tentam ensiná-la a se comportar como uma pessoa comum.
Ainda assim, apesar de Jacob ter saído do triângulo amoroso, o romance entre Bella e Edward continua sendo bastante desinteressante, fazendo com que a história perca muito de sua força sempre que o roteiro sai da trama principal para focar os dois pombinhos. Sendo assim, cenas mais íntimas do casal e que deveriam soar importantes (como a cena de sexo depois de eles ganham uma casa) acabam sendo alguns dos momentos mais aborrecidos do filme. Sem falar que os diálogos entre eles às vezes são involuntariamente risíveis (logo em sua primeira cena, Edward solta um "Temos a mesma temperatura agora”), ou então insistem em martelar o quanto os dois se amam, como se ouvir isso constantemente ao longo da série já não fosse o bastante.
A roteirista Melissa Rosenberg mostra ter resumido o que podia da obra original (na qual boa parte era uma grande encheção de linguiça feita por Stephanie Meyer). Só que em vários momentos Rosenberg parece ter simplesmente pegado as principais partes do livro, mas esquecido de costurá-las uma na outra de alguma maneira, o que transforma a narrativa em algo bastante episódico. Por exemplo, se em uma cena vemos os personagens preocupados com a rapidez com a qual Renesmee cresce, na seguinte ela já é vista por Irina sem que uma continuidade entre as duas cenas ficasse bem clara, e isso é o tipo de coisa que compromete bastante a fluidez da história.
Quando se concentra nos preparativos para o encontro entre os protagonistas e os Volturi, Amanhecer – Parte 2 chama atenção por apresentar os vampiros que os Cullen têm como amigos, sendo que cada um deles têm um poder diferente. A cena em que todos se reúnem e contam suas experiências em grandes guerras é curiosa, já que talvez ali haja histórias bem mais interessantes do que toda série Crepúsculo (de qualquer forma, espero que isso não sirva como desculpa para que novos filmes sejam feitos).
O diretor Bill Condon faz o que pode com o que tem em mãos. Se por um lado ele consegue deixar claro o quanto os sentidos de Bella ficaram aguçados em sua vida como vampira, fazendo zooms em diversas coisas, por outro ele não impede que o uso do greenscreen não fique perceptível em alguns momentos, como nas cenas em que Bella e Edward aparecem correndo lado a lado. Aliás, o modo como o diretor utiliza os efeitos visuais para ajudar na concepção da versão bebê de Renesmee é assustadora, já que ele acaba criando uma criança estranha demais (particularmente, não consegui manter muito contato visual com a figura). Mas pelo menos o diretor consegue dar um tom de urgência a história, o que acaba sendo bastante adequado.
O que nos traz, finalmente, a cena que leva boa parte dos créditos do porquê de Amanhecer – Parte 2 ser um pouco melhor que os filmes anteriores da série: a grande batalha entre os Cullen e os Volturi. Aqui, Melissa Rosenberg mostra que teve mais liberdade com relação ao livro, no qual Stephanie Meyer deixou de incluir qualquer luta entre o bem e o mal. Chocante por mostrar diversos personagens importantes morrendo, a batalha é imprevisível do início ao fim, e Bill Condon coloca um grande nível de tensão que faz com que a cena prenda a atenção, ainda que às vezes ele abuse dos cortes rápidos que deixam a ação um pouco incompreensível. Dito isso, chega a ser lamentável que ao final da batalha, Rosenberg tenha que voltar às raízes sem graça do material original.
Ao final da história, o sorriso no meu rosto era mais por causa do fim da série (pelo menos espero que tenha sido o final) do que propriamente pela diversão que o filme proporcionou. Amanhecer – Parte 2 pode até não ser ruim como os outros capítulos, mas infelizmente ter que assistir quatro filmes fracos para chegar a algo satisfatório é um exercício que requer muita força de vontade.
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