terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Tron: O Legado

Em 2010, o cinema dos anos 80 foi resgatado para dar origem a novos filmes. Exemplos disso são os remakes A Hora do Pesadelo e Karate Kid, o retorno de Gordon Gekko em Wall Street 2 e a reunião de Sylvester Stallone com outros atores brutamontes em um filme de ação típico daquela época. Agora, é hora de revisitar o mundo virtual de Tron: Uma Odisséia Eletrônica, de 1982, neste Tron: O Legado.
A história desta continuação começa 20 anos atrás, quando Kevin Flynn simplesmente desaparece, deixando seu filho Sam como herdeiro da empresa ENCOM. Pulamos para os dias de hoje e vemos Sam estragar os planos da empresa para tentar manter o legado de seu pai. Ele é visitado por Alan Bradley, que diz ter recebido uma mensagem vinda do escritório de Flynn, no antigo fliperama. Ao chegar no local, Sam acaba sendo levado para dentro da Grade, que agora é comandada de forma ditatorial por Clu, o programa que seu pai criou. Na Grade, Sam finalmente reencontra Flynn, e faz de tudo para tirá-lo de lá.
O roteiro, escrito por Edward Kitsis e Adam Horowitz e baseado na história bolada ao lado de Brian Klugman e Lee Sternthal, é esperto ao não colocar alguma espécie de birra na relação de Kevin e Sam (algo que seria muito clichê). O reencontro dos dois não é tão emocionante, mas é por causa da inevitável surpresa que ambos sentem ao se reverem. Os roteiristas ainda tentam investir um pouco no humor, mas falham miseravelmente. Há apenas um momento engraçado no filme todo, quando Flynn faz um comentário sobre o wi-fi, revelando ser um homem que poderia ter realizado muitas coisas se não fosse por seu súbito desaparecimento.
Se formos comparar o primeiro Tron com esta continuação, vemos o quanto a tecnologia de efeitos visuais evoluiu nos últimos 30 anos. Se no filme original os jogos tinham um formato muito mais simples, em O Legado eles são muito mais realistas. Aliás, não são apenas os jogos, mas a Grade em si está muito mais verossímil, não sendo um monte de quadrados como antigamente.
Os efeitos visuais são, na verdade, o maior atrativo de Tron: O Legado. São simplesmente espetaculares, a ponto de eu ter ficado de boca aberta toda vez que uma moto de luz se formava na tela. No entanto, a tecnologia usada para rejuvenescer Jeff Bridges falha toda vez que Clu aparece sob uma luz mais clara. E é uma pena que em certos momentos a história seja deixada um pouco de lado para dar espaço ao show de efeitos visuais que o diretor Joseph Kosinski coloca no filme. Mas o importante é que ela nunca é esquecida.
Não é só com os efeitos visuais que o filme empolga. As cenas de ação também são caprichadas, sendo que grande parte delas se passa nos jogos desafiadores que Sam precisa enfrentar. E a bela trilha sonora composta pelo Daft Punk combina muito bem com as situações em que os personagens se encontram.
Os figurinos e os cenários de Tron: O Legado deixam a tela brilhante, no sentido literal da palavra. As roupas que Kevin Flynn usa ao longo de toda projeção refletem o que exatamente ele se tornou: uma espécie de deus da Grade. O lugar onde ele passou todos os seus dias desde que desapareceu é como se fosse o seu reino, de tão brilhante e calmo.
Aliás, se acabei de dizer que Flynn parece um deus, percebe-se que os personagens de Jeff Bridges nesta sequência podem até ser os mesmos que ele interpretou no filme anterior, mas estão muito diferentes. Antes, Flynn era um cara inteligentíssimo que se gabava por saber disso. Em Tron: O Legado, ele é um personagem trágico que faria qualquer coisa para passar mais um dia com seu filho. Quanto a Clu, ele era apenas o programa que ajudava Flynn a invadir os arquivos da ENCOM. Agora, ele passa a ser um ditador da Grade, destruindo tudo o que considera imperfeito (neste caso seriam os ISOs, programas que não foram criados por usuários) e desejando dominar muito mais do que o mundo virtual. Jeff Bridges está muito bem neste “novo” trabalho duplo.
Garrett Hedlund se mostra bastante contido em sua atuação. Ele exagera apenas quando começa a atirar em várias naves de luz e solta um grito completamente desnecessário. Já sua companheira de cena, a bela Olivia Wilde, se sai muito bem interpretando Quorra, o programa que ajuda Sam ao longo do filme.
Tron: O Legado é um filme fiel ao seu antecessor, mas mais importante que isso é o fato de ser ainda melhor em todos os sentidos, conseguindo entreter o seu público do início ao fim.
Cotação:

5 comentários:

Jack Ford Coppola disse...

Olá Thomás,
Concordo com você em tudo sobre o Tron,acchei um filme divertido,bonito e a sua trilha sonora me fez cogitar a idéia de colocar neon em meu quarto.

Sobre a quantidade de remakes feitos esse ano É ALGO bastante preocupante e é o reflexo da crise de criatividade dos roteiristas que o cinema vem enfrentando.

http://filmessempipoca.blogspot.com/2010/12/especial-review-tronneonlegacyevolution.html

Unknown disse...

Oieee, meu nome é Savana eu conheci seus pais num churrasco que teve na escola. Teu pai me deu o cartão do seu blog, achei muito legal, parabéns e boa sorte na faculdade de cinema ;)

Jack Ford Coppola disse...

Thomás,você vai fazer um top 5 dos melhores e dos piores filmes lançados em 2010?

Thomás R. Boeira disse...

Vou sim, Jack. Vou postar depois do dia 31.

Pedro Vinícius disse...

Thomás,
Achei interessante você ressaltar esse aspecto de Deus que o Flynn assume. Pensei no mesmo, mas não havia considerado a roupa.
De fato, o rosto de CLU e do Kevin jovem incomodam. Em alguns momentos, parecem uma animação.
No geral, achei o filme satisfatório.
Abraço!