terça-feira, 28 de dezembro de 2010

O Concerto

Poucas vezes, neste ano, vi um roteiro, uma direção e um elenco combinarem tão bem. No caso deste O Concerto, filme que representa a França no Globo de Ouro 2011, estas três funções não só combinam como também conseguem enganar os espectadores.
A história do filme é muito simples. Andrey Filipov (Aleksey Guskov, em grande atuação) era um maestro da orquestra de Bolshoi que teve seu concerto interrompido porque havia contratado músicos judeus. Agora, 30 anos depois, ele trabalha como faxineiro no Bolshoi. Ao ver um fax que convida a orquestra do teatro para tocar em Paris, Andrey engana o patrão e chama seus velhos amigos para ir à Cidade Luz fazer o concerto.
O roteiro, escrito pelo diretor Radu Mihaileanu ao lado de Matthew Robbins e Allan-Michel Blanc, é espetacular. Em pouco tempo, o protagonista já está muito bem desenvolvido, uma façanha que achei incrível. O humor funciona muito bem, sempre divertindo o público. Mas o grande êxito é o fato de conseguir plantar uma ideia na cabeça dos espectadores para então enganá-lo no final, em uma reviravolta muito bem executada pelo diretor.
O filme é cheio de momentos interessantes. Um deles é quando Andrey começa a “recrutar” seus amigos para tocar na orquestra. Como eles foram obrigados a seguir outros rumos na vida, é bom ver o que cada um deles se tornou. Isso é importante para que nós possamos entender o que eles sentem ao receber uma nova oportunidade. E o filme fica mágico toda vez que tais personagens tocam um instrumento, porque o resultado é pura beleza para os ouvidos.
A trilha sonora do filme é excelente e fundamental na cena em que Andrey está jantando com Anne-Marie Jacquet (a bela Mélanie Laurent, de Bastardos Inglórios), famosa solista que ele convida para tocar no concerto. Ao invés de investir em uma trilha sonora triste para mudar o tom da conversa, Mihaileanu simplesmente interrompe a música. Isso faz com que a cena tenha um impacto muito maior.
A montagem do filme é muito boa, principalmente no final do filme. Ao mesmo tempo em que a orquestra está tocando depois de tantos anos, flashbacks do antigo concerto são inseridos, deixando o filme muito mais emocionante.
O Concerto é sensível e muito divertido. Assim como a apresentação da orquestra no final, o filme é uma beleza tanto para os olhos quanto para os ouvidos.
Cotação:

Nenhum comentário: