sábado, 22 de abril de 2023

Ghosted: Sem Resposta

Chris Evans e Ana de Armas são intérpretes que acho muito carismáticos. Não é à toa que ambos se tornaram bastante populares nos últimos anos. No entanto, há filmes onde infelizmente não importa o quão carismáticos os astros sejam, já que o material é tão pouco inspirado que nem mesmo eles são capazes de salvar. Exemplo disso é este Ghosted, novo longa produzido pela Apple para seu serviço de streaming e que já é o terceiro filme estrelado por Evans e de Armas (depois do excelente Entre Facas e Segredos e do fraco Agente Oculto).

Escrito por Rhett Reese e Paul Wernick em parceria com Chris McKenna e Erik Sommers, Ghosted traz sua dupla de protagonistas interpretando Cole e Sadie. Ele é um cara legal e inocente que trabalha ajudando seus pais na fazenda da família. Já ela é uma agente da CIA. Logo ao se conhecerem eles têm o melhor encontro romântico possível, mas claro que Sadie não conta a verdade sobre seu trabalho. E depois de um breve período sem ter qualquer tipo de retorno e desconfiando que foi deixado no vácuo (ou “ghosted”), o rapaz resolve ir atrás da amada, a ponto de atravessar o oceano até Londres para fazer uma surpresa (como qualquer ser humano normal faz depois de um único encontro, certo?). É onde ele descobre a real profissão de Sadie, que está no meio de uma missão em que precisa recuperar uma poderosa arma biológica. E Cole é arrastado para dentro da situação.

E então passamos a acompanhar uma comédia romântica de ação que parece não fazer nenhum esforço para driblar os clichês desses gêneros, com os protagonistas durante grande parte do tempo sendo o clássico “casal que se odeia, mas ama” em meio a missão para salvar o mundo de uma arma perigosa, que está nas mãos de um vilão unidimensional (e que Adrien Brody encarna como uma caricatura ambulante). Talvez clichês como esses não incomodassem tanto caso houvessem pontos interessantes que equilibrassem um pouco a narrativa. Mas a verdade é que Ghosted não tem nada de muito valoroso durante suas quase duas horas de duração. Chris Evans e Ana de Armas, por exemplo, se veem interpretando personagens aborrecidos e que chegam a irritar, um com sua falta de noção devido a carência e a outra com a dificuldade de se conectar com outras pessoas (outro clichê mais do que batido), detalhes que fazem as brigas entre eles serem dignas de revirar os olhos tamanha chatice.

Dessa forma, o diretor Dexter Fletcher (que havia se saído bem no adorável Voando Alto e na cinebiografia Rocketman) não consegue impedir que a narrativa se desenrole de maneira formuláica e previsível. Além disso, as cenas de ação se revelam muito burocráticas, o que talvez denote a inexperiência do cineasta com o gênero, vindo a culminar em um terceiro ato que se esforça até demais para ser grandioso, mas que acaba sendo apenas uma bagunça. O “melhor” momento nesse quesito talvez seja a primeira sequência de ação do filme, onde vemos uma longa perseguição envolvendo um ônibus, mas mesmo esta não empolga ou tem alguma graça.

Trazendo ainda rostos conhecidos do público em participações especiais que servem só para distrair o espectador, já que pouco ou nada contribuem para qualquer outra coisa na narrativa, Ghosted é um filme besta no pior sentido da palavra. Um trabalho pobre que só desperdiça seus simpáticos protagonistas.

Nota:



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