Shane Black, de certa forma,
fecha com este Dois Caras Legais uma
trilogia interessante em sua filmografia. Tendo roteirizado Máquina Mortífera no início de sua
carreira e comandado Beijos e Tiros
(que também roteirizou), dois grandes filmes que já se colocavam no subgênero buddy cop ao trazer uma dupla de protagonistas
com personalidades distintas se unindo em uma investigação, Black volta a
apostar nesse tipo de premissa neste seu novo trabalho, que usa a Los Angeles
da década de 1970 como pano de fundo. E mais uma vez o diretor concebe uma obra
admirável, que diverte tanto pela comicidade que surge em meio à história
quanto pela dinâmica entre seus protagonistas.
Dois Caras Legais coloca Ryan Gosling e Russell Crowe como Holland
March e Jackson Healey, respectivamente. O primeiro é um detetive particular contratado
para investigar a morte da atriz pornô Misty Mountains (Murielle Telio), já que
a tia dela (Lois Smith) a teria visto viva. Isso acaba levando March até a
jovem Amelia (Margaret Qualey), que o faz bater de frente com Healey,
contratado pela garota para espantar/espancar qualquer um que a ameace. Mas ao tomar
conhecimento dos perigos enfrentados por ela, Healey concentra seus esforços em
encontra-la e descobrir em que situação ela teria se metido, juntando forças
com March e até com a filha dele, Holly (Angourie Rice), que teima em ajudá-los.
Dois Caras Legais talvez pudesse ser bem lugar-comum, mas o modo
como Shane Black executa as ideias que tem em mãos é muito cativante, criando
uma narrativa que mistura o charme dos filmes noir com o ar retrô da década de 1970, que é admiravelmente
recriada pelo design de produção e pelos figurinos, regendo até mesmo o estilo
dos créditos iniciais e da trilha de David Buckley e John Ottman. São aspectos
que trabalham a favor de uma trama que o roteiro (escrito por Black em parceria
com Anthony Bagarozzi) desenvolve inteligentemente e de maneira muito bem
estruturada, sendo que até o mais insignificante dos detalhes (como um protesto
com pessoas se fingindo de mortas) mostra sua importância no decorrer da
narrativa.
Com isso, Shane Black já consegue
fazer com que o espectador fique envolvido na história e instigado com os rumos
que ela pode tomar, mas é admirável como ele ainda consegue trazer humor à narrativa,
sendo que em boa parte do tempo isso ocorre a partir de desgraças, algo que acaba
funcionando sem ignorar a seriedade dos perigos enfrentados por Healey e March.
Tais perigos tomam a tela principalmente nas cenas de ação, que Black conduz
com intensidade e tendo plena noção da mise-en-scène que desenvolve, criando
sequências envolventes e que mantêm o público entretido em meio às situações
apresentadas pela trama.
Mas muito do sucesso de Dois Caras Legais se deve mesmo ao fato
de o filme ter grandes atores como Russell Crowe e Ryan Gosling no centro da
narrativa, com ambos tendo uma fantástica dinâmica em cena e estabelecendo com
talento as diferenças entre Healey e March, de forma que a diversão que eles causam
vem muito do contraste de suas personalidades. Se Crowe faz de Healey um
sujeito mais sério e violento, exibindo sempre uma postura firme e segura, Gosling
encarna March como alguém que parece não levar a sério o que ocorre ao seu
redor e que, às vezes, beira a hiperatividade. O momento em que eles usam um
elevador serve até para sintetizar suas personalidades, trazendo Healey quase
estático enquanto March fica inquieto. No entanto, vale dizer que, por melhor
que seja a dupla central, a excelente Angourie Rice rouba a cena
surpreendentemente interpretando Holly, tornando-a uma garota que por vezes se
revela mais madura que o próprio pai e que mostra ter um faro natural para o
trabalho de detetive, além de ser o centro moral do filme, fazendo florescer o
lado humano dos protagonistas.
Ágil e divertido, Dois Caras Legais é um entretenimento notável,
que sabe seguir por caminhos interessantes a fim de trazer certo frescor a sua
premissa. E considerando que o filme deixa as portas abertas para uma
continuação, talvez esta não tenha sido a última vez que vimos Holland March e
Jackson Healey.
Nota:
Um comentário:
Esta é uma das series mais divertidas, ri muito. O filme é excelente para ver com toda a família por que o roteiro é fácil de entender e de se divertir, cheia de cenas que me encheram de gargalhadas e que me divertiram de tarde, porém considero que é um filme feito só para jovens. O filme superou as minhas expectativas, o ritmo da historia nos captura a todo o momento. Mais meu ator favorito e Ryan Gosling, como ator se compromete muito com o personagem, é uma das suas melhores atuações. Sem dúvida do filmes de Ryan Gosling tem o êxito, porque tem muitos fãs que como eu se sentem atraídos por cada estréia cinematográfica que tem o seu nome exibição. É incrível que qualquer coisa fica bem nele. Recomendo sua filmografia.
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