quarta-feira, 8 de abril de 2015

O Imperador

Quando se vê Nicolas Cage e Hayden Christensen no mesmo filme, logo de cara os piores pensamentos passam pela cabeça. Afinal, de um lado temos um ator reconhecidamente talentoso, mas que vem afundando a carreira cada vez mais graças a sua entrega à canastrice e às porcarias que decide estrelar. Do outro, há um rapaz cuja carreira até começou bem, mas desandou quando se mostrou aborrecido e inexpressivo ao interpretar um dos principais personagens de Star Wars, e nada do que fez depois foi muito interessante (nem mesmo Jumper, 2008, seu maior sucesso de bilheteria desde então). E, infelizmente, os pensamentos ruins se confirmam ao longo deste O Imperador.

Escrito por James Dormer, O Imperador se passa no século XII e tem início em uma batalha das Cruzadas no Oriente Médio. Ali somos apresentados a Jacob (Christensen) e Gallain (Cage), guerreiros cujas ideias com relação aos confrontos entram em conflito. Três anos depois, o imperador chinês é assassinado por seu filho mais velho, Shing (Andy On), que deseja assumir o poder a qualquer custo, colocando a culpa do crime em seu irmão, o jovem príncipe Zhao (Bill Su Jiahang) e herdeiro do trono por direito. Com a acusação, este terá que fugir, ao lado da irmã, Lian (Liu Yifei), para garantir sua sobrevivência. É então que encontram em Jacob uma chance de escaparem, ainda que ele não tenha muita vontade de ajudá-los inicialmente, mudando de ideia ao ver neles uma oportunidade para se redimir por seu passado.
Herói relutante em busca de redenção: check! Vilão querendo ser imperador: check! Príncipe foragido e que tenta provar sua inocência: check! Só por sua base, percebe-se que o roteiro de O Imperador se apoia em clichês atrás de clichês para compor sua história, e à medida que esta se desenvolve outros elementos batidos vão surgindo, como um pequeno romance entre Jacob e Lian. Assim, o filme mostra ser uma obra genérica, que segue uma fórmula clara e, por isso, se torna previsível, sendo que nem chega a ter algum esforço por parte dos envolvidos no projeto para tentar surpreender, como se estivessem artisticamente no piloto automático.
Comandado pelo coordenador de dublês Nick Powell em sua estreia como diretor, O Imperadortraz sequências de ação que nada empolgam e ainda se mostram visualmente confusas. Esse aspecto do filme, aliás, se torna mais problemático quando levamos em conta o fato dele não conseguir criar algum envolvimento entre o público e os personagens, de forma que pouco interessa o que acontecerá com eles. E Powell, por algum motivo, acha que inserir constantemente planos inclinados e esporadicamente uma câmera lenta deixará as cenas cativantes, enquanto que isso serve mais para chamar atenção para ele próprio do que qualquer outra coisa. Talvez o momento que mais se destaque seja quando vemos Gallain treinar um pequeno Jacob enquanto este treina o jovem Zhao, mas mesmo isso é conduzido de modo desajeitado.
Hayden Christensen (em seu primeiro trabalho depois de quatro anos longe das telas) assume o papel de Jacob com sua habitual falta de carisma, além de não encarnar convincentemente alguns problemas do personagem, como seu vício em ópio. Já Nicolas Cage, que fica sumido durante quase toda a primeira hora de filme, aparece não só com um sotaque britânico curioso como Gallain, mas também elevando seus maneirismos a máxima potência, o que soa forçado demais e viram motivo de risos, ainda que involuntários (as cenas em que o personagem fica bêbado são o ápice do exagero).
O Imperador tenta ser um épico mesmo não tendo propriedade suficiente para tanto. No fim, é uma daquelas produções irrelevantes que provavelmente seria lançada direto no mercado de home video. Isso caso não fosse estrelada por dois atores que, de um jeito ou de outro, ainda detém certa popularidade.
Nota:

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