Como sempre falo, não sou fã de Velozes & Furiosos, sendo esta uma
franquia bastante irregular mesmo depois de ter mudado sua fórmula nos últimos
anos. Sim, alguns de seus filmes conseguem divertir moderadamente, como é o
caso do quinto exemplar, ambientado no Brasil. Mas é uma série que a qualquer
momento pode representar um entretenimento desastroso, como foi em seu segundo
filme (o pior de todos). Dito isso, se Velozes
& Furiosos 6 foi uma aventura no máximo medíocre, a franquia volta a divertir
neste sétimo capítulo, que lamentavelmente chega aos cinemas sob a sombra da
morte precoce de Paul Walker, tentando então fazer jus a um de seus grandes
astros naquele que é o último trabalho dele. E claro que aqui “fazer jus” significa
colocar no filme tudo o que a franquia passou a oferecer recentemente, mas numa
escala mais grandiosa.
Escrito pelo mesmo Chris Morgan
que está na posição de roteirista da série desde o terceiro filme, Velozes & Furiosos 7 pega o gancho do
final do capítulo anterior, que mostrou que o vilão Owen Shaw (Luke Evans) tem
um irmão mais velho, Deckard (Jason Statham), que ao ver o caçula numa cama de
hospital jura vingança a Dom Toretto (Vin Diesel), Brian O’Conner (Walker) e
companhia. Eles, por sua vez, estão em paz pela primeira vez em muito tempo,
tendo finalmente voltado para casa. Mas depois que Deckard elimina Han (Sung
Kang) em Tóquio e deixa o agente Hobbs (Dwayne Johnson) fora de combate, Dom
junta forças com o oficial do governo Sr. Ninguém (Kurt Russell), levando sua
equipe a missões que podem ajudá-los a localizar Shaw, que fica em seu encalço
constantemente.
Como é de costume na série, Velozes & Furiosos 7 tem um fiapo
de história, de forma que se o roteiro se concentrasse apenas na trama
principal envolvendo Deckard Shaw, o filme não teria uma duração das mais
longas. Sendo assim, Chris Morgan insere subtramas pouco interessantes e até clichês
que quase fazem o filme perder o foco, enrolando a história, trazendo personagens
que não fariam muita falta caso fossem cortados (como o terrorista vivido por
Djimon Hounson) e deixando o filme bem inchado. É uma jogada do roteiro que soa
bastante forçada, tendo como objetivo claro aumentar a escala do projeto e
servir como desculpa para as várias cenas de ação que ocorrem durante a
projeção. Na verdade, o fato de o filme se dar ao luxo de trazer nomes conhecidos
por seu lado badass, como Ronda
Rousey e Tony Jaa, apenas para lutarem em cena é prova de que os realizadores
não ligam para nada a não ser às pancadarias e perseguições que vemos na tela.
Em meio a isso, o diretor James
Wan se vê tendo que deixar de lado os traços que o tornaram conhecido em filmes
de terror (é ele o responsável por Jogos
Mortais e pelo ótimo Invocação do
Mal), abraçando o estilo e o absurdo da série sem medo algum. Dessa forma, como
já vimos em outros exemplares de Velozes
& Furiosos, constantemente vemos os personagens realizarem peripécias
inimagináveis, desafiando as leis da física (como quando eles saltam de um
avião com os carros) e se revelando figuras sobre-humanas, ideia com a qual o
cineasta até brinca pela maneira como Hobbs quebra um gesso em uma das cenas
mais engraçadas do filme. Claro que em determinados momentos Wan falha ao não
conseguir deixar a ação compreensível, e o tiroteio que ocorre no fim do segundo
ato beira o desastre nesse sentido, mas seu trabalho é eficiente na maior parte
do tempo, com a ação mostrando-se apropriadamente eletrizante e até divertida.
Enquanto isso, se Vin Diesel,
Paul Walker, Michelle Rodriguez, Tyrese Gibson (que novamente é um péssimo
alívio cômico) e Ludacris não chegam a tornar seus personagens muito cativantes
quando vistos individualmente, isso muda um pouco quando os vemos como uma
unidade familiar. Por esse lado, a dinâmica entre todos é interessante por mostrar
o quanto eles se importam uns com os outros. Já Dwayne Johnson vira quase um
figurante de luxo que tem seus músculos mais uma vez explorados sempre que
possível, ao passo que Jason Statham faz o que faz melhor: usa sua persona de
cara durão e carrancudo ao encarnar Deckard Shaw, com a única diferença de ele
ser o vilão da história. E Kurt Russell se destaca por claramente se divertir
no papel do Sr. Ninguém, personagem que parece ter saído direto da franquia Missão Impossível.
Velozes & Furiosos 7 pode não fazer nada de diferente dentro da
franquia, trazendo mais do mesmo e seguindo à risca a fórmula que foi
estabelecida para esses filmes. Mas mesmo assim funciona melhor do que boa
parte dos exemplares dessa série que parece não saber a hora de pisar no freio.
Obs.: A homenagem a Paul Walker no
final ficou bacana.
Nota:
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