Uma Noite no
Museu é uma
franquia que basicamente tenta se sustentar em sua premissa curiosa e em seus
efeitos visuais. No entanto, se isso funcionou razoavelmente bem no primeiro
filme, que serviu como um passatempo aceitável e ainda tinha a seu favor um ar
de novidade, o mesmo não pode ser dito sobre sua continuação, que pouco fez
graça. Compreensivelmente, a série foi meio que esquecida com o passar do
tempo, mas mesmo assim alguém acha que ela ainda pode render uns trocados. É o
que nos traz a este Uma Noite no Museu
3: O Segredo da Tumba, já que em termos de qualidade esse novo exemplar não
melhora em nada a situação da franquia.
Escrito por David Guion e Michael Handelman, a partir do
argumento que eles conceberam com Mark Friedman, Uma Noite no Museu 3 traz Larry Daley (Ben
Stiller) dessa vez se deparando com uma espécie de corrosão na placa de Ahkmenrah
(Rami Malek), que dá vida a todas as figuras de cera do Museu de História
Natural. Como consequência, eles agem de maneira estranha ou simplesmente voltam
ao seu estado original. Para resolver o problema, Larry e seu filho, Nick
(Skyler Gisondo), acompanhados pelo Presidente Rooselvelt (o saudoso Robin
Williams), Jedediah (Owen Wilson), Octavius (Steve Coogan) e outros amigos, vão
até o Museu Britânico em Londres visitar Merenkahre e Shepseheret (Ben Kingsley
e Anjali Jay, respectivamente), os pais de Ahkmenrah, na esperança de que eles
saibam o que está acontecendo. Mas a tarefa se revela mais complicada do que o esperado
quando as exposições locais mostram não estar acostumadas a ganhar vida.
Apesar de levar seu universo até
a Europa, Uma Noite no Museu 3 não
chega a seguir a regra de que a cada novo filme a escala da produção deve
aumentar um pouco mais, e a história até que explora pouca coisa com sua
premissa. Não há aqui a tonelada de personagens novos que apareceram no segundo
filme, com o roteiro se limitando a um Sir Lancelot (Dan Stevens) que acredita
ser real, lembrando o velho complexo de Buzz Lightyear, além de inserir perigos
como um esqueleto de triceratops e uma estátua de Xiangliu. No entanto, esses
poucos elementos não chegam a empolgar ou ter graça, considerando que tudo fica
à mercê de uma história desinteressante, enrolada e previsível, conduzida sem criatividade
alguma por Shawn Levy, que perde tempo até mesmo com uma subtrama conflituosa
batida de pai e filho entre Larry e Nick. Levy, inclusive, prova sua falta de imaginação
na condução da narrativa ao repetir uma gag
que já havia usado nos dois longas anteriores, brincando com a pequenez de
Jedediah e Octavius ao cortar para um calmo plano geral enquanto eles estão passando
por uma situação “grandiosa”.
Não que Uma Noite no Museu 3 não cause risadas. O modo como Jedediah e
Octavius (de novo eles) fazem comentários no YouTube rende a cena mais
divertida do filme, sem falar que ainda temos uma participação especial no
mínimo curiosa de um certo ator famoso. Mas momentos como esses são poucos ao
longo da projeção, ficando até um tanto apagados diante das bobagens que
acompanhamos na maior parte do tempo. E isso é uma pena, principalmente, porque
o elenco é repleto de atores conhecidos por seu talento para a comédia e que
certamente poderiam ser melhor aproveitados, desde Ben Stiller até Robin
Williams, passando por Owen Wilson, Steve Coogan, Ricky Gervais e até Rebel Wilson,
que aparece interpretando a guarda noturna do Museu Britânico.
“O fim chegará”, diz certo
personagem logo no início do filme. Considerando o desperdício de talento e pouca
diversão vistos neste terceiro capítulo, é melhor que o fim realmente tenha
chegado para a série Uma Noite no Museu.
Até porque o suco já foi espremido por completo e aqui começam a aproveitar (sem
sucesso) os bagaços.
Nota:
Um comentário:
Concordo contigo em alguns aspectos... algumas gags sao repetidas e alguns diálogos matação de tempo também. Gostei de como puxaram o enredo pra construir um terceiro filme e a novidade está na animação do planetário (o 2 tinha os quadros, por exemplo).
A cena de luta dentro do quadro é extremamente boa, mas claro que a traminha agua com açúcar de pai e filho foi zzzz...
Quanto ao filme perder o pique, eu discordo, pois acho que a facilidade em que o Larry tem em lidar com as coisas no segundo filme fazem com que ele seja mais dinâmico que o anterior. O segundo ainda é o melhor da trilogia na minha opinião.
Mas ó: parabéns pela crítica. Apesar de não concordarmos em alguns aspectos, teus textos são muito bons, sempre.
Postar um comentário