quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Os Pinguins de Madagascar

Surgindo ocasionalmente nos filmes de Madagascar (que não chegam a ser grandes coisas), Capitão, Kowalski, Rico e Recruta, também conhecidos como Os Pinguins de Madagascar, conseguiam causar o riso com seu lado espião, sendo um pouco mais inteligentes que Alex, Marty e as outras figuras que apareciam na franquia. Dito isso, é compreensível a vontade das mentes por trás da série de realizar uma animação que seja centrada nesses personagens, principalmente se considerarmos que eles já protagonizam um seriado de sucesso na TV. Mas este spin-off acaba indicando que, ao menos no cinema, o quarteto funcionava melhor no formato conta-gotas.

Escrito por Michael Colton em parceria com John Aboud e Brandon Sawyer, Os Pinguins de Madagascar coloca os personagens-título (dublados por Tom McGrath, Chris Miller, Conrad Vernon e Christopher Knights) enfrentando o Dr. Octavius Brine (John Malkovich), que na verdade trata-se do polvo Dave, um velho conhecido que quer se vingar por eles terem sido o centro das atenções no zoológico onde ficaram expostos, fazendo com que ele ficasse completamente ofuscado no local. No entanto, o grupo de espionagem Vento do Norte, liderada pelo lobo Secreto (Benedict Cumberbatch), também está no encalço do vilão, fazendo com que eles juntem forças com Capitão e os outros para evitar que Dave use uma máquina para transformar vários animais em monstros.

Se os protagonistas foram responsáveis por boas risadas ao longo dos três Madagascar, isso vinha, em parte, do contraste que se criava entre o jeito anárquico deles e a ingenuidade dos outros personagens. Mas esse é um elemento que os diretores Eric Darnell e Simon J. Smith praticamente não resgatam neste novo filme, já que o protagonismo dos Pinguins faz com que a produção assuma sem pudores o gênero espionagem e busque desenvolver uma trama em volta dessa fórmula. É claro que isso rende algumas risadas (como na cena em que o grupo passa despercebido pelos guardas do Fort Knox), mas infelizmente cansa rapidamente, detalhe que inclusive prejudica um pouco dois momentos particularmente inspirados: a perseguição em Veneza e o plano-sequência que segue os personagens por alguns aviões.

Enquanto isso, o roteiro desenvolve uma história insossa e com uma série de subtramas tolas, superficiais e até previsíveis, seja aquela do romance inusitado entre Kowalski e a coruja Eva (Annet Mahendru), que parece servir só para ocupar espaço desnecessariamente no filme, ou a outra envolvendo a birra que se cria entre Capitão e Secreto graças ao senso de liderança dos dois. Dessa forma, Os Pinguins de Madagascar se vê tendo que se sustentar no carisma do quarteto principal, o que até torna algumas coisas simpáticas, como o arco dramático clichê percorrido pelo adorável Recruta. Mas isso não chega a ser o bastante para deixar o filme como um todo mais eficiente.

Por serem as figuras mais cativantes que Madagascar apresentou, os Pinguins mereciam um filme bacana, até por que eles têm um bom potencial para diversão. Uma pena que isso não tenha acontecido aqui, onde acabamos tendo um trabalho tão bobo quanto àqueles da franquia que o originou.

Obs.: Há uma cena durante os créditos finais.

Nota:


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