quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Um Amor de Vizinha / O Homem Mais Procurado

Um Amor de Vizinha e O Homem Mais Procurado são duas das principais estreias dessa semana nos cinemas. São filmes diferentes um do outro em todos os sentidos possíveis. Deixo aqui meus comentários sobre eles.

Um Amor de Vizinha (And So it Goes, 2014), de Rob Reiner:

Um Amor de Vizinha traz três grandes nomes: Rob Reiner como diretor, Michael Douglas e Diane Keaton como protagonistas. No entanto, essa é uma daquelas produções em que é triste ver artistas tão bons entre seus envolvidos. Trata-se de um filme clichê, cujo plot já vimos várias vezes em outras obras.

Escrito por Mark Andrus, Um Amor de Vizinha nos apresenta a Oren Little (Douglas), homem que ainda não superou a morte da esposa, descontando sua mágoa nas pessoas ao seu redor, inclusive em sua vizinha, Leah (Keaton). É quando seu filho Kyle (Austin Lysy), com quem não tem uma boa relação, avisa que será preso e pede para que ele cuide da pequena Sarah (Sterling Jerins), a neta que nem sabia que existia. Sem paciência, Oren pega a tarefa contra sua vontade, mas com a ajuda de Leah acaba redescobrindo seu lado mais afetuoso e...

Bem, todos já devem saber como é o restante da história, considerando que ela segue à risca a cartilha do “protagonista rabugento (pra não dizer babaca) que vai se tornando uma pessoa melhor”, algo dirigido de maneira nada inspirada por Rob Reiner. Aliás, aqui Reiner nem parece ser o diretor que uma vez realizou grandes filmes como Isso é Spinal Tap, Conta Comigo e Harry & Sally. Dessa forma, Um Amor de Vizinha acaba tentando se sustentar no carisma de Michael Douglas e Diane Keaton, mas a verdade é que isso ainda se revela muito pouco para salvar o projeto.

Bobo e até esquemático em determinados momentos, Um Amor de Vizinha é um filme sem imaginação alguma, do tipo que é esquecido pouco depois de os créditos começarem a subir.

O Homem Mais Procurado (A Most Wanted Man, 2014), de Anton Corbijn:

Esse ano vem assustando com as perdas que o Cinema vem sofrendo. Uma das mais sentidas foi a de Philip Seymour Hoffman, não só porque ele era imensamente talentoso, mas também por ter partido muito cedo, aos 46 anos. Neste O Homem Mais Procurado, temos a chance de acompanhar o último trabalho completo de Hoffman, e é uma atuação que confirma ainda mais que ele era um dos melhores atores de sua geração, e é bacana ver que o filme em si merece um desempenho como esse.

Escrito por Andrew Bovell, baseado no livro de John le Carré, O Homem Mais Procurado acompanha o trabalho do agente alemão Günther Bachmann (Hoffman), que ao lado de sua equipe e do pessoal da CIA passa a seguir os passos de Issa Karpov (Grigoriy Dobrygin), que acaba de chegar ilegalmente em Hamburgo. Sendo Issa filho de um terrorista, todos ficam na dúvida se ele veio até a cidade para realizar um ataque ou para viver em paz. As suspeitas aumentam quando ele pede ajuda para a advogada Annabel Richter (Rahcel McAdams), tendo como objetivo pegar o dinheiro sujo de seu pai e que está guardado no banco de Thomas Brue (Willem Dafoe).

Assim tem início um filme instigante e que mostra confiar na inteligência do publico, com o roteiro nunca parando sua trama complexa pra explica-la. Em meio a isso, o diretor Anton Corbijn (o mesmo de Control e Um Homem Misterioso) surpreende ao trazer um tom um tanto melancólico para a narrativa, detalhe que ajuda a dar um grande peso ao que está acontecendo, além criar uma atmosfera envolvente ao apostar na tensão entre os personagens.

Personagens estes que se revelam muito inteligentes e que são interpretados com grande eficiência pelo elenco, desde Grigoriy Dobrygin como Issa até Willem Dafoe como Thomas Brue, passando por Rachel McAdams como Annabel e Robin Wright como a agente da CIA Martha Sullivan. Mas o filme é mesmo de Philip Seymour Hoffman, que em uma atuação extremamente sensível faz de Günther um homem exausto, solitário e em constante estresse, aspectos que não o impedem de ser competente e humano em seu trabalho.

Tudo isso faz O Homem Mais Procurado se estabelecer como um filme de espionagem muito acima da média. Um dos grandes destaques do ano, sem dúvida.

Um comentário:

Hugo disse...

Este último trabalho de Hoffman tem uma ótima premissa.

Vou conferir.


Abraço