Um Amor de Vizinha e O Homem
Mais Procurado são duas das principais estreias dessa semana nos cinemas.
São filmes diferentes um do outro em todos os sentidos possíveis. Deixo aqui meus
comentários sobre eles.
Um Amor de Vizinha traz três grandes nomes: Rob Reiner como
diretor, Michael Douglas e Diane Keaton como protagonistas. No entanto, essa é
uma daquelas produções em que é triste ver artistas tão bons entre seus
envolvidos. Trata-se de um filme clichê, cujo plot já vimos várias vezes em outras obras.
Escrito por Mark Andrus, Um Amor de Vizinha nos apresenta a Oren
Little (Douglas), homem que ainda não superou a morte da esposa, descontando sua
mágoa nas pessoas ao seu redor, inclusive em sua vizinha, Leah (Keaton). É
quando seu filho Kyle (Austin Lysy), com quem não tem uma boa relação, avisa que
será preso e pede para que ele cuide da pequena Sarah (Sterling Jerins), a neta
que nem sabia que existia. Sem paciência, Oren pega a tarefa contra sua
vontade, mas com a ajuda de Leah acaba redescobrindo seu lado mais afetuoso
e...
Bem, todos já devem saber como é
o restante da história, considerando que ela segue à risca a cartilha do “protagonista
rabugento (pra não dizer babaca) que vai se tornando uma pessoa melhor”, algo dirigido
de maneira nada inspirada por Rob Reiner. Aliás, aqui Reiner nem parece ser o diretor
que uma vez realizou grandes filmes como Isso
é Spinal Tap, Conta Comigo e Harry & Sally. Dessa forma, Um Amor de Vizinha acaba tentando se
sustentar no carisma de Michael Douglas e Diane Keaton, mas a verdade é que
isso ainda se revela muito pouco para salvar o projeto.
Bobo e até esquemático em
determinados momentos, Um Amor de
Vizinha é um filme sem imaginação alguma, do tipo que é esquecido pouco
depois de os créditos começarem a subir.
Esse ano vem assustando com as
perdas que o Cinema vem sofrendo. Uma das mais sentidas foi a de Philip Seymour
Hoffman, não só porque ele era imensamente talentoso, mas também por ter partido
muito cedo, aos 46 anos. Neste O Homem
Mais Procurado, temos a chance de acompanhar o último trabalho completo de
Hoffman, e é uma atuação que confirma ainda mais que ele era um dos melhores
atores de sua geração, e é bacana ver que o filme em si merece um desempenho
como esse.
Escrito por Andrew Bovell,
baseado no livro de John le Carré, O
Homem Mais Procurado acompanha o trabalho do agente alemão Günther Bachmann
(Hoffman), que ao lado de sua equipe e do pessoal da CIA passa a seguir os
passos de Issa Karpov (Grigoriy Dobrygin), que acaba de chegar ilegalmente em Hamburgo.
Sendo Issa filho de um
terrorista, todos ficam na dúvida se ele veio até a cidade para realizar um
ataque ou para viver em paz. As suspeitas aumentam quando ele pede ajuda para a
advogada Annabel Richter (Rahcel McAdams), tendo como objetivo pegar o dinheiro
sujo de seu pai e que está guardado no banco de Thomas Brue (Willem Dafoe).
Assim tem início um filme instigante e que mostra confiar
na inteligência do publico, com o roteiro nunca parando sua trama complexa pra explica-la.
Em meio a isso, o diretor Anton Corbijn (o mesmo de Control e Um Homem
Misterioso) surpreende ao trazer um tom um tanto melancólico para a
narrativa, detalhe que ajuda a dar um grande peso ao que está acontecendo, além
criar uma atmosfera envolvente ao apostar na tensão entre os personagens.
Personagens estes que se revelam muito inteligentes e que
são interpretados com grande eficiência pelo elenco, desde Grigoriy
Dobrygin como Issa até
Willem Dafoe como Thomas Brue, passando por Rachel McAdams como Annabel e Robin
Wright como a agente da CIA Martha Sullivan. Mas o filme é mesmo de Philip
Seymour Hoffman, que em uma atuação extremamente sensível faz de Günther um
homem exausto, solitário e em constante estresse, aspectos que não o impedem de
ser competente e humano em seu trabalho.
Tudo isso faz O
Homem Mais Procurado se estabelecer como um filme de espionagem muito acima
da média. Um dos grandes destaques do ano, sem dúvida.
Um comentário:
Este último trabalho de Hoffman tem uma ótima premissa.
Vou conferir.
Abraço
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