Apesar de ainda ser capaz de escolher bons projetos de vez em quando (Joe e a animação Os Croods, ambos de 2013, são os mais recentes), na maioria das vezes em que Nicolas Cage
aparece encabeçando um novo filme boa parte das pessoas começa a tremer
de medo. Isso porque é bem possível que o ator esteja envolvido em uma
bomba, que servirá apenas para colocar suas contas (que não são poucas,
até onde se sabe) em dia. Fúria entra nessa linha, mas a
verdade é que o longa tem alguns elementos interessantes que o ajudam se
tornar minimamente suportável.
Escrito por Jim Agnew e Sean Keller, Fúria nos apresenta a Paul Maguire (Cage), homem que vive tranquilamente com sua bela esposa Vanessa (Rachel Nichols) e sua filha adolescente Caitlin (Aubrey Peeples), tendo largado sua vida de crimes com a máfia há muito tempo para se tornar um empresário de sucesso. Mas quando Caitlin é sequestrada, ele resolve ignorar os trabalhos da polícia liderada por Peter St. John (Danny Glover) e se junta a seus antigos colegas Kane e Danny (Max Ryan e Michael McGrady, respectivamente). A partir desse momento passa a fazer de tudo para descobrir onde está a garota e quem a pegou, nem que para isso tenha que dar início a uma guerra entre os gângsteres locais.
Com uma história dessas, fica claro que Fúria segue uma série de convenções e clichês, e se levarmos em conta que estamos falando de Nicolas Cage, vale ressaltar que o astro estrelou o péssimo O Resgate, que também o trazia como um pai criminoso em busca da filha sequestrada. No entanto, mesmo genérico, este novo trabalho ainda consegue ser um pouco mais interessante pela forma quase irracional com a qual Paul passa a agir, o que traz consequências exorbitantes e o faz deixar um rastro de sangue por onde passa, alcançando pessoas que podem não ter nada a ver com o que aconteceu com Caitlin. E a atuação de Cage é eficiente na maior parte do tempo, mesmo quando encarna a raiva do personagem ora de um jeito contido, ora mais explosivo (fãs do ator provavelmente gostarão de vê-lo dar seus conhecidos gritos em cenas pontuais).
Mas se por esse lado Fúria prende a atenção, por outro o diretor Paco Cabezas conduz a ação investindo em uma mise en scène desinteressante, seja nas cenas de luta ou nas de tiroteios e perseguições. Com relação a este último tópico, aliás, há uma sequência em que o protagonista corre atrás de um suspeito onde o realizador opta por fazer a câmera tremer excessivamente, o que mais atrapalha a compreensão a respeito do que está acontecendo do que propriamente ajuda a criar alguma tensão. Apesar de não se sair muito bem nesses quesitos, Cabezas merece créditos por conduzir satisfatoriamente o terceiro ato, que se revela a melhor parte da trama ao oferecer uma conclusão simples e ainda assim coerente, considerando os conflitos construídos até ali.
Fúria não chega a ser particularmente bom. Mas assistindo ao filme e comparando-o com outras produções que Nicolas Cage tem estrelado nos últimos tempos, é fácil chegar à conclusão de que poderia ter sido muito pior (torturante como O Resgate, talvez?). No fim, de um jeito ou de outro, saímos no lucro.
Nota:
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