300: A Ascensão do Império é um exemplo
de algo que surge com bastante frequência no cinema: uma sequência
desnecessária para um grande sucesso de bilheteria e que tenta arrecadar mais
alguns milhões de dólares em cima disso. Na verdade, “sequência” nem chega a
ser o nome certo para descrever o filme, já que sua história se passa não só
depois dos eventos de 300, mas também antes e durante estes. O resultado é um
filme que apesar de ter alguns bons momentos, fica muito longe de seu eficiente
antecessor.
Com Noam Murro assumindo o cargo
de diretor no lugar de Zack Snyder, que ao lado de Kurt Johnstad ficou responsável
pelo roteiro, 300: A Ascensão do Império mostra que depois de o rei persa Darius
(Igal Naor) ter sido morto por Temístocles (Sullivan Stapleton), líder dos
exércitos atenienses, seu filho Xerxes (Rodrigo Santoro) se tornou um deus-rei
e declarou guerra aos gregos. Depois de derrotar o pequeno
exército espartano liderado pelo rei Leônidas, Xerxes parte para cumprir seu objetivo de dominar a Grécia. Nisso,
Temístocles tenta unir forças com outros exércitos, como os
espartanos e a rainha Gorgo (Lena Headey), para combater os homens de Xerxes, liderados por Artemísia (Eva Green).
O que vemos nessa continuação é
basicamente a mesma coisa que aparecia no filme anterior, desde o visual até os
truques estilísticos, algo que já era esperado. No entanto, se esses elementos
tornavam o longa de Zack Snyder algo bonito de se acompanhar e até traziam
impacto a determinadas cenas, nessa continuação eles são jogados na tela
displicente e excessivamente por Noam Murro, principalmente o famoso
slow motion, o que torna o filme muito desinteressante. Já nas cenas de
batalha, Murro investe em um verdadeiro banho de sangue, com um corte de espada
resultando num grande jorro vermelho e membros sendo decepados (tudo em câmera
lenta, assim como no primeiro filme), mas esse quesito é conduzido de forma tão
burocrática pelo diretor que não demora muito até as sequências ficarem entediantes, o que é uma pena considerando que elas poderiam render algo bacana por se passarem no mar na maior parte do tempo.
Para piorar, se antes tínhamos a grande
presença do rei Leônidas como protagonista, agora temos que nos contentar com Temístocles,
interpretado sem um pingo de carisma por Sullivan Stapleton, que tenta várias
vezes trazer para seu personagem a mesma imponência que Gerard Butler tinha no
primeiro filme, falhando miseravelmente. E por mais curioso que seja ver um lado
diferente dos conflitos vistos anteriormente, a verdade é que acompanhar
a visão de Temístocles e seus companheiros acaba não sendo o melhor jeito de explorar
essa ideia. Sendo assim, cabe a bela Eva Green (uma deusa grega por si só) praticamente
tomar o filme para si, encarnando a vilania de Artemisia com energia e
transformando-a em uma mulher forte, além de protagonizar boas cenas ao lado de
Rodrigo Santoro, que dessa vez ganha um pouco mais de espaço para desenvolver
Xerxes (mas só um pouco mesmo). Aliás, por o roteiro mostrar as origens de ambos os vilões, estes acabam
se tornando as figuras mais interessantes do filme, fazendo com que seja ainda mais
decepcionante o fato de a história ficar bastante centralizada em Temístocles.
300: A Ascensão do Império infelizmente
tem poucas coisas que o façam um filme que prenda a atenção, sendo esquecido pouco depois de as luzes da sala do cinema serem acesas. Espero que isso
melhore caso um terceiro capítulo seja desenvolvido, o que certamente acontecerá caso
este aqui seja um sucesso.
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