terça-feira, 3 de setembro de 2013

Truque de Mestre


Trazendo um grupo de mágicos famosos que cometem roubos milionários durante seus shows, Truque de Mestre é um heist movie cuja ideia é no mínimo curiosa. Ela inclusive pode ter se originado através de uma simples curiosidade: como seria uma mistura de Onze Homens e Um Segredo com O Grande Truque? O resultado disso é um filme que diverte dentro do possível ao longo de suas duas horas de duração, mas que fica longe da qualidade das obras que parecem tê-lo influenciado.


Escrito por Ed Solomon em parceria com Boaz Yakin e Edward Ricourt, e com argumento assinado por estes dois últimos, Truque de Mestre nos apresenta a Daniel Atlas (Jesse Eisenberg), Merritt McKinney (Woody Harrelson), Henley Reeves (Isla Fisher) e Jack Wilder (Dave Franco), mágicos independentes que são reunidos por um ser misterioso, formando o grupo chamado de Os Quatro Cavaleiros. Depois de um ano juntos, eles realizam um de seus maiores truques: roubam um banco de Paris durante um show em Las Vegas e dão o dinheiro para a plateia. Isso acaba colocando em seu encalço o agente do FBI Dylan Rhodes (Mark Ruffalo) e sua nova parceira da Interpol, Alma Dray (Mélanie Laurent), dupla que ainda ganha uma ajuda de Thaddeus Bradley (Morgan Freeman), ex-mágico que agora busca apenas desvendar segredos por trás de truques de mágica.
Contando com um ágil trabalho de montagem por parte da dupla Robert Leighton e Vincent Tabaillon, Truque de Mestre consegue manter o público envolvido em sua trama durante a maior parte do tempo. O diretor Louis Leterrier (responsável por filmes como o bom O Incrível Hulk e o fraco Fúria de Titãs) se mostra seguro na condução das cenas de ação, mantendo elas sempre compreensíveis mesmo com o ritmo frenético da narrativa. Exemplo disso é a sequência em que Jack luta e foge de agentes do FBI, que representa um dos melhores momentos do filme. Aliás, só em um projeto como esse (ou talvez em um capítulo da franquia X-Men) veremos um personagem se defender usando um baralho de cartas, algo que faz parte da diversão (na verdade, as habilidades do quarteto principal rendem cenas bem divertidas).
No entanto, isso não apaga uma série de problemas que se vê ao longo do filme, sendo que boa parte deles surge em decorrência do fato de Truque de Mestre se preocupar demais em querer surpreender o espectador. Sendo assim, o roteiro inclui certas reviravoltas (algumas até previsíveis) sem pensar no impacto que elas terão na história, o que pode ser visto no momento em que a identidade do cérebro por trás das operações dos Quatro Cavaleiros é revelada, prejudicando a trama como um todo ao fazer com que várias coisas vistas até então se tornem ilógicas. Além disso, o filme não escapa de ter alguns elementos óbvios, como o relacionamento entre os agentes Rhodes e Dray, que conta com um desenvolvimento formuláico. E é uma pena que o roteiro sinta a necessidade de explicar passo a passo como que determinadas mágicas são realizadas, o que em alguns casos parece subestimar a inteligência do público.
Mesmo assim, Truque de Mestre ainda consegue chamar a atenção, devendo muito disso ao elenco. Jesse Eisenberg (cada vez mais especialista em seu método “fala rápida” de atuação), Woody Harrelson, Isla Fisher e Dave Franco trazem algum charme para personagens que certamente seriam desinteressantes nas mãos de intérpretes menos carismáticos, tendo ainda uma boa dinâmica em cena, ao passo que Mark Ruffalo e Mélanie Laurent fazem de Rhodes e Dray figuras determinadas. Mas vale dizer que é um sacrilégio ver atores fantásticos como Michael Caine e Morgan Freeman em papeis coadjuvantes que não têm muito o que fazer ao longo da história. Freeman até tem mais espaço no filme, mas Thaddeus Bradley não é um personagem bem desenvolvido pelo roteiro, servindo quase que exclusivamente para explicar os vários truques que vemos na tela, enquanto que Caine surge apagado e no piloto automático como o milionário Arthur Tressler, que é deixado de lado a partir de determinado momento.
Por mais que entretenha, Truque de Mestre talvez fosse um pouco melhor caso não pensasse ser mais inteligente do que realmente é. Resta esperar que sua já confirmada continuação consiga divertir sem cometer os mesmos erros vistos aqui.
Obs.: Há uma cena durante os créditos finais.
Cotação:

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