quarta-feira, 19 de dezembro de 2012
O Impossível
O tsunami que atingiu as áreas próximas do Oceano Índico em 2004 resultou em uma das maiores catástrofes da década passada, deixando centenas de milhares de mortos. A Tailândia foi um dos países que mais sofreram com a tragédia. Depois de Clint Eastwood ter colocado uma história envolvendo esse triste acontecimento em Além da Vida (a cena do tsunami representa o melhor momento desse filme), boa parte da equipe do ótimo O Orfanato realiza agora uma produção que se concentra na tragédia em si, centrando sua história em uma família que tenta lidar com toda aquela situação. Mesmo que logo no início dê ênfase ao detalhe de ser baseado em uma história real (como se isso fosse tornar tudo mais relevante), O Impossível é um filme eficiente e bastante tenso, mostrando da maneira mais arrebatadora possível os resultados daquele desastre e como os personagens tentam sobreviver ali.
Escrito por Sergio G. Sánchez, O Impossível segue a família Bennett, formada por Maria (Naomi Watts), Henry (Ewan McGregor) e os filhos deles, Lucas (Tom Holland), Thomas (Samuel Joslin) e Simon (Oaklee Pendergast), que aproveitam as férias para passar o Natal na Tailândia. Mas a felicidade deles é interrompida pelo tsunami que consumiu o local e os separou. Enquanto Maria e Lucas são socorridos e vão para um hospital, Henry e as outras crianças se refugiam em um abrigo, e todos tentam se reencontrar em meio ao caos.
Estabelecendo muito bem a dinâmica familiar dos Bennett em seus primeiros minutos, o diretor espanhol Juan Antonio Bayona consegue fazer com que nos importemos com os destinos daquelas pessoas, o que acaba sendo fundamental para o restante da projeção. É interessante notar que o cineasta mostra o quanto aquelas pessoas estão felizes por estarem naquele belíssimo lugar, mas ao fundo ele utiliza uma música bastante melancólica, o que faz total sentido considerando que aquela alegria seria abalada dali algumas horas. Além disso, antes de o tsunami acontecer, volta e meia Bayona inclui o efeito sonoro de ondas, o que faz com que a tragédia esteja presente na vida dos Bennett desde o momento em que eles colocam os pés no país.
O que nos faz chegar à cena do grande desastre, que em nada deixa a desejar comparada ao já citado momento de Além da Vida, sendo até mais realista. Impactante e desesperadora, a sequência ressalta muito bem o sentimento de impotência daquele momento. Aliás, as cenas embaixo d’água que mostram os personagens batendo em vários obstáculos representam algumas das partes mais angustiantes do filme. E os ferimentos que eles inevitavelmente acabam sofrendo são usados pelo diretor como um meio inesperado para criar tensão, já que a dor que eles sentem é inimaginável, principalmente Maria e seu enorme corte na perna, focado em um plano de detalhe chocante.
Ao longo do filme, o roteiro muda várias vezes com relação a que personagem focar, com o objetivo de manter o espectador a par do que está acontecendo com todos os membros da família Bennett, e até consegue ser bem sucedido nesse quesito. A primeira metade do filme se dedica a Maria e Lucas, e depois Henry, Simon e Thomas também passam a ganhar atenção. O problema nisso é que o filme perde um pouco de ritmo quando passa a dar espaço a todos os personagens, já que enquanto Maria e Lucas sofrem até chegar ao hospital, os outros três parecem estar muito mais seguros, o que faz a história perder um pouco seu tom de urgência.
Em vários momentos, O Impossível mostra estar em busca de fazer o público chorar. Por ter personagens interessantes vivendo uma situação triste e caótica, o filme chega a cumprir esse objetivo com relativo sucesso. É comovente acompanhar Lucas ajudando várias pessoas a encontrarem seus familiares, ou ver Maria ter um pouco de sua dor (física e emocional) aliviada pelo carinho de uma criança que ela acabara de conhecer. No entanto, há cenas no terceiro ato que Juan Antonio Bayona parece fazer de tudo para arrancar lágrimas do espectador, usando até mesmo uma música feliz para torna-las mais emocionantes. E esse tipo de decisão do diretor acaba tendo o efeito oposto, tirando muito do impacto que elas poderiam ter, além de deixar o filme cair um pouco no melodrama, o que é lamentável.
Mas O Impossível certamente não iria muito longe caso não contasse com as atuações inspiradas de seu elenco, principalmente o trio Naomi Watts, Ewan McGregor e Tom Holland. Se Watts consegue transmitir muito bem o desgaste e o sofrimento de Maria, McGregor traz grande força a Henry, além de protagonizar uma cena particularmente tocante quando o personagem consegue contatar um conhecido pelo celular. Já o jovem Holland surpreende ao fazer de Lucas um garoto corajoso, que chega a guiar a mãe quando esta não sabe mais o que fazer.
Envolvente praticamente do início ao fim e com personagens muito humanos, O Impossível é uma grata surpresa nesse final de ano, fazendo um belo retrato do que foi aquele trágico evento. Pra completar, ainda prova que um filme catástrofe não precisa ser um grande blockbuster para chamar a atenção.
Cotação:
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
As críticas são boas, a história chama a atenção, assim como o elenco.
Vou conferir.
Abraço
Eu achei o filme muito bonito...
Naomi estava excelente no papel de Maria...
Postar um comentário