quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Bravura Indômita

Há alguns dias atrás, assisti aos extras do DVD de Onde os Fracos Não Têm Vez e uma parte da entrevista com a atriz Kelly Mcdonald me chamou a atenção. Ela disse: “Este é um filme dos Irmãos Coen. Eles já viraram um gênero em si”. Concordo plenamente com ela. Os filmes dos Coen são diferentes de quaisquer outras produções, e este é outro motivo de eu ser um grande fã deles (algo que já declarei em um texto do mês passado). Bravura Indômita é mais um filme que se encaixa perfeitamente nesta classificação.
Refilmagem do clássico que deu o Oscar de Melhor Ator para o grande John Wayne em 1970 (filme que não assisti, assim como os Coen), Bravura Indômita conta a história de Mattie Ross, menina de quatorze anos que busca vingar a morte do pai assassinado por Tom Chaney. Para ajudá-la, Mattie contrata Rooster Cogburn, um federal que bebe demais. Os dois ainda contam com o auxílio de LaBoeuf, um policial texano que está atrás de Chaney há muito tempo.
O fato de a protagonista ser uma garota de quatorze anos fez de Bravura Indômita o filme mais leve da rica filmografia dos Irmãos Coen. Aliás, não só a protagonista, mas a trilha sonora também contribuiu muito para isso, dando um aspecto tranquilo ao filme.
Joel e Ethan Coen começam Bravura Indômita com uma de suas marcas registradas: a narração em off. Nela, Mattie Ross diz uma frase: “Você paga por tudo que faz neste mundo, de um jeito ou de outro”. Esta frase é uma peça central do roteiro dos Coen, estabelecendo uma regra e ditando o ritmo da história.
A edição rápida de Roderick Jaynes (também conhecido como Joel e Ethan Coen) é primorosa, nunca deixando o filme parar. No momento em que uma cena termina, outra começa imediatamente. E a fotografia de Roger Deakins é excelente, dando um tom especial ao filme principalmente nas cenas que ocorrem à noite, que contam com uma iluminação muito boa.
Mas Bravura Indômita não seria “um filme dos Irmãos Coen” se não tivesse o humor típico das produções deles, ainda que em menor escala. As discussões entre Cogburn, Mattie e LaBoeuf têm algumas tiradas engraçadas. A cena em que Cogburn está depondo no tribunal também tem momentos engraçados. Mas o filme faz rir quando ocorrem algumas pausas, decorrentes das reações dos personagens.
Os Coen também acertam, mais uma vez, no elenco. Jeff Bridges, que volta a trabalhar com os irmãos cineastas depois do hilário O Grande Lebowsky, tem mais uma ótima atuação para acrescentar em sua coleção e Rooster Cogburn é mais um grande personagem em sua carreira, que inclui Bad Blake (de Coração Louco) e Jeffrey "The Dude" Lebowsky (de O Grande Lebowsky). Sua voz arrastada e seu jeito atrapalhado entregam a bebedeira de Rooster Cogburn e também fazem dele um personagem sério e divertido ao mesmo tempo.
Outro grande ator que se saí muito bem é Matt Damon. Desde sua primeira cena ele mostra que LaBoeuf é um policial que gosta de ser respeitado. Josh Brolin tem poucas cenas, mas consegue fazer de Tom Chaney um personagem ameaçador.
Mas é Hailee Steinfeld quem rouba a cena. Ela mostra que Mattie Ross é forte e corajosa, o que deixa os outros personagens de boca aberta (acho que nem eram os personagens, mas os atores ficando surpresos com o talento da atriz). A estrela dela nunca se apaga, nem mesmo quando aparece em cena discutindo com Jeff Bridges. Certamente, é uma atriz em que devemos ficar de olho.
Envolvente, bem dirigido e roteirizado, Bravura Indômita mostra que Joel e Ethan Coen acertaram de novo.
Cotação:

2 comentários:

Clenio disse...

Ótimo filme, mas considerando que é dirigido pelos irmãos Coen eu achei um tanto quadradinho...
Mesmo assim é um excelente exemplar do gênero que merece todos os elogios que vem recebendo, a bilheteria enorme que vem arrecadando e até as dez indicações ao Oscar.

Abraço
Clênio
www.lennysmind.blogspot.com
www.clenio-umfilmepordia.blogspot.com

Pedro Vinícius disse...

De fato, Hailee Steinfeld arrebentou!
O estúdio, inclusive, preferiu indicá-la como coadjuvante para que a menina tivesse changes reais de ser premiada.
Bem ressaltado: as pausas decorrentes das reações são mesmo muito cômicas.
Parabéns!

Pedro,
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