terça-feira, 18 de junho de 2013

Antes da Meia-Noite

Antes do Amanhecer e sua continuação, Antes do Pôr-do-Sol, estão entre os melhores filmes da década de 1990 e 2000, respectivamente. Enquanto o primeiro mostrou dois jovens, Jesse (Ethan Hawke) e Celine (Julie Delpy), trocando ideias, se apaixonando e aproveitando todo o tempo que tinham antes de encarar uma triste despedida, o segundo os colocou lado a lado novamente nove anos depois, trazendo-os conversando um pouco mais e relembrando o dia que passaram juntos, o que trouxe de volta emoções que eles até então procuravam evitar. São romances um tanto raros de se ver no cinema, e que têm em seu centro duas figuras absolutamente fascinantes, que fazem o espectador ter prazer em acompanha-las. Dessa vez, em Antes da Meia-Noite, mais nove anos se passam e vemos em que fase da vida Jesse e Celine estão, respondendo o final de Antes do Pôr-do-Sol, que havia sido deixado em aberto.
Escrito pelo diretor Richard Linklater e pelos protagonistas Ethan Hawke e Julie Delpy (o trio já havia sido responsável pelo roteiro do filme anterior), Antes da Meia-Noite traz Jesse e Celine vivendo juntos, com suas duas filhas gêmeas. No entanto, nem tudo é tranquilo na vida deles, considerando que Jesse está morando em Paris com Celine, mas quer arranjar um jeito de ficar mais perto de seu filho adolescente, Hank (Seamus Davey-Fitzpatrick), que mora com a mãe em Chicago. Isso acaba causando discussões entre o casal enquanto eles tentam aproveitar um tempo em família na Grécia, onde se encontram com alguns amigos.
Assim como ocorria nos capítulos anteriores, Richard Linklater investe bastante em planos longos durante o filme, como na cena em que Jesse e Celine conversam no carro ou quando eles caminham pelas ruas gregas. Na verdade, Antes da Meia-Noite chega a ter cenas que duram cerca de vinte minutos na tela, como quando os personagens jantam na casa de seus amigos. E o interessante nesse modo como Linklater conduz a história é que além de fazer o que surge na tela soar muito real, ainda conta com a ajuda de um roteiro repleto de diálogos ágeis e inteligentes (alguns deles até deixam claro o que ocorreu com os protagonistas nos últimos nove anos, e fazem isso sem serem expositivos), o que torna tudo incrivelmente envolvente. Sem falar que Jesse e Celine continuam sendo os grandes personagens que vimos em Antes do Amanhecer, protagonizando momentos românticos, divertidos e tristes, e a maravilhosa química entre Ethan Hawke e Julie Delpy permanece intacta.
Algo curioso desde o início de Antes da Meia-Noite é o fato de os protagonistas terem ficado separados no intervalo entre o primeiro e segundo filmes, mas juntos no intervalo entre o segundo e este terceiro. Ver como a vida deles se encontra agora é uma das melhores coisas do filme, já que pela primeira vez eles aparecem como um verdadeiro casal (se conhecendo muito bem e se sentindo bastante confortáveis um com o outro), e não como dois jovens apaixonados que acabaram ficando separados por obstáculos durante anos, impedidos de viver seu amor. E por nos mostrar os personagens assim, Antes da Meia-Noite faz o público ficar mais íntimo deles do que anteriormente, e é admirável como Linklater, Hawke e Delpy conhecem todos os detalhes de Jesse e Celine, sendo que a única diferença que se nota neles em cada novo filme é o fato de ambos estarem mais amadurecidos.
Mas o que é muito interessante em Antes da Meia-Noite é ver esses personagens tendo de enfrentar certas inseguranças (como quando Celine pergunta para Jesse “Se nos encontrássemos hoje no trem, você ainda falaria comigo? Me convidaria para sair do trem com você?”) e problemas quanto ao relacionamento. No filme, tudo isso culmina em uma grande discussão em um quarto de hotel, que de tão intensa acaba fazendo Antes da Meia-Noite ser o mais pesado da trilogia. Aliás, essa cena põe à prova o medo que havia caso os personagens realmente ficassem juntos, já que antes eles tinham se encontrado duas vezes e se dado muito bem, mas não tinha como saber se isso continuaria assim caso eles tivessem um relacionamento maior. Dessa forma, o filme consegue mostrar que por mais que as pessoas sejam almas gêmeas, elas ainda assim irão se deparar com momentos não muito bons, um pouco graças ao desgaste que o próprio tempo acaba trazendo à relação. Consequentemente, isso contribui para que os protagonistas fiquem ainda mais próximos do público.
Quando Antes do Amanhecer foi lançado, não sei se alguém chegou a pensar que a história dos personagens pudesse render outros filmes, mas o cuidado na hora de desenvolver todos eles é simplesmente sensacional. Antes da Meia-Noite não apenas fecha satisfatoriamente uma trilogia, como ainda consegue a façanha de manter o nível de genialidade que envolve a linda história de Jesse e Celine.
Cotação:

2 comentários:

renatocinema disse...

Um filme construído com carinho, atenção e emoção.

Adoro os dois primeiros.

O terceiro vou assistir nas férias.

Curti seu site.

abs

Thomás R. Boeira disse...

Que bom que curtiu o blog, Renato. Fico feliz. :)
Espero que goste deste terceiro filme.

Abraço